São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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TOSTÃO

Análise do fato consumado

Algumas pessoas reclamaram que, mesmo com as vitórias da seleção, muitos comentaristas, como eu, continuam criticando o time brasileiro.
Critiquei e elogiei. Apontei os erros e os acertos. Em qualquer atividade, os vencedores e os perdedores têm virtudes e defeitos.
Ouço leitores criticarem os analistas por eles não terem previsto uma final entre Brasil e Alemanha. Não faço previsões -às vezes arrisco por brincadeira. Faço análise.
Nenhum torcedor alemão acreditaria em sua modesta equipe na final da Copa do Mundo. Várias vezes disse também que, se Ronaldo e Rivaldo estivessem em forma, o Brasil seria um dos favoritos ao título -só estaria abaixo da França e da Argentina. Antes da Copa, essas duas seleções eram as melhores.
Vivemos hoje a cultura do espetáculo. Endeusam a notícia para vendê-la. A opinião e o jornalismo ficam em segundo plano. Se o Brasil ganhar, todos serão geniais. Se perder, muitos dos que estão hoje eufóricos dirão que tudo o que os jogadores e o técnico fizeram foi ruim, como aconteceu em 1998.
Não vou mudar os meus conceitos por causa de uma única partida, mesmo decisiva. A não ser que aconteça algo extraordinário. Não serei também purista nem teimoso. Se Ronaldo e Rivaldo não atuarem bem e a seleção for derrotada -o que é pouco provável-, os dois continuarão na minha relação dos grandes jogadores da história do futebol brasileiro e mundial. Ronaldinho também mostrou seu enorme talento e deverá ser o craque do Brasil na Copa do Mundo de 2006.
Se o Brasil perder, não deixarei de reconhecer as virtudes do Felipão. Ele evoluiu nas convocações e na escalação, investiu na recuperação do Ronaldo, incentivou bastante o Rivaldo, teve comando, motivou todos os jogadores e mudou o esquema tático -na maioria das partidas, a seleção jogou com dois zagueiros, como todos queriam.
Se o Brasil ganhar, os erros do técnico não irão desaparecer. Felipão perdeu muito tempo com convocações e escalações equivocadas.
Escalou mal o time na primeira fase, com apenas Gilberto Silva e Juninho no meio-de-campo. Ironizou as críticas -até mesmo as construtivas-, apesar de ter feito várias coisas que pedimos, como a substituição do Juninho pelo Kleberson e a passagem do Edmilson para o meio-de-campo. E deixou de escalar o Ricardinho.
As virtudes do treinador foram maiores do que os defeitos. Antes do Mundial, disse que, se o técnico estivesse no comando desde o início da preparação, o time estaria num momento bem melhor. Hoje, não tenho dúvidas disso.
Torcerei bastante pela conquista do título. Mas como analista.
Não serei o ufanista da vitória nem o crítico do fato consumado.

Massagem japonesa
Todo quarto de hotel japonês tem uma lanterna (por causa dos terremotos), um quimono e um chinelo com desenho japonês, chá e serviço de massagem -nada mais do que massagens.

tostão.folha@uol.com.br



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