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TOSTÃO
Análise do fato consumado
Algumas pessoas reclamaram que, mesmo
com as vitórias da seleção, muitos comentaristas,
como eu, continuam criticando o time brasileiro.
Critiquei e elogiei. Apontei
os erros e os acertos. Em qualquer atividade, os vencedores
e os perdedores têm virtudes e
defeitos.
Ouço leitores criticarem os
analistas por eles não terem
previsto uma final entre Brasil
e Alemanha. Não faço previsões -às vezes arrisco por
brincadeira. Faço análise.
Nenhum torcedor alemão
acreditaria em sua modesta
equipe na final da Copa do
Mundo. Várias vezes disse
também que, se Ronaldo e Rivaldo estivessem em forma, o
Brasil seria um dos favoritos
ao título -só estaria abaixo
da França e da Argentina. Antes da Copa, essas duas seleções eram as melhores.
Vivemos hoje a cultura do
espetáculo. Endeusam a notícia para vendê-la. A opinião e
o jornalismo ficam em segundo plano. Se o Brasil ganhar,
todos serão geniais. Se perder,
muitos dos que estão hoje eufóricos dirão que tudo o que os
jogadores e o técnico fizeram
foi ruim, como aconteceu em
1998.
Não vou mudar os meus
conceitos por causa de uma
única partida, mesmo decisiva. A não ser que aconteça algo extraordinário. Não serei
também purista nem teimoso.
Se Ronaldo e Rivaldo não
atuarem bem e a seleção for
derrotada -o que é pouco
provável-, os dois continuarão na minha relação dos
grandes jogadores da história
do futebol brasileiro e mundial. Ronaldinho também
mostrou seu enorme talento e
deverá ser o craque do Brasil
na Copa do Mundo de 2006.
Se o Brasil perder, não deixarei de reconhecer as virtudes do Felipão. Ele evoluiu nas
convocações e na escalação,
investiu na recuperação do
Ronaldo, incentivou bastante
o Rivaldo, teve comando, motivou todos os jogadores e mudou o esquema tático -na
maioria das partidas, a seleção jogou com dois zagueiros,
como todos queriam.
Se o Brasil ganhar, os erros
do técnico não irão desaparecer. Felipão perdeu muito
tempo com convocações e escalações equivocadas.
Escalou mal o time na primeira fase, com apenas Gilberto Silva e Juninho no meio-de-campo. Ironizou as críticas
-até mesmo as construtivas-, apesar de ter feito várias coisas que pedimos, como
a substituição do Juninho pelo
Kleberson e a passagem do
Edmilson para o meio-de-campo. E deixou de escalar o
Ricardinho.
As virtudes do treinador foram maiores do que os defeitos. Antes do Mundial, disse
que, se o técnico estivesse no
comando desde o início da
preparação, o time estaria
num momento bem melhor.
Hoje, não tenho dúvidas disso.
Torcerei bastante pela conquista do título. Mas como
analista.
Não serei o ufanista da vitória nem o crítico do fato consumado.
Massagem japonesa
Todo quarto de hotel japonês
tem uma lanterna (por causa
dos terremotos), um quimono
e um chinelo com desenho japonês, chá e serviço de massagem -nada mais do que massagens.
tostão.folha@uol.com.br
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