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No Brinco de Ouro, Guarani x São Paulo é a primeira partida da elite a ser regida por um trio de mulheres
Arbitragem passa batom para apitar em Campinas
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Futebol é coisa para homem.
Menos em Campinas, que hoje
verá a estréia de um trio feminino
de arbitragem no comando de um
jogo da Série A do Brasileiro.
Sílvia Regina Oliveira Carvalho,
39, Ana Paula de Oliveira, 24, e
Aline Lambert, 26, vão ditar as regras da partida Guarani x São
Paulo. Por ironia do acaso, no estádio Brinco de Ouro da Princesa.
Será a primeira vez de Sílvia e
Aline em Nacionais. Ana Paula,
que ficou conhecida depois de se
destacar nas finais do Paulista-03,
já havia sido escalada neste Brasileiro. Juntas, as três, que são filiadas à Federação Paulista, só apitaram jogos amistosos. O último, na
"festa" promovida por Michael
Schumacher, na Vila Belmiro, antes do GP Brasil de F-1.
A iniciativa de montar um trio
feminino para figurar no sorteio
da CBF foi de Armando Marques,
presidente da Comissão de Arbitragem. O dirigente não fez alarde
em relação à novidade. Espera
que elas virem notícia pelas "qualidades morais, técnicas e físicas
que têm, não pelo fato de serem
mulheres". Mas não escondeu temer por eventuais reações.
"Não tem essa de homem ou
mulher. O problema da mulher
no futebol brasileiro passou e
continua passando pelo preconceito e pela discriminação. Nós
somos eternamente machistas",
declarou Marques, que, apesar
disso, informou estar preparando
um trio feminino também para figurar nos sorteios da Série B.
Sílvia, Ana Paula e Aline desdenham o preconceito. Receberam a
notícia da convocação para o jogo
com entusiasmo e esperam não
frustrar os espectadores, que vão
julgar o trabalho delas ao vivo e a
cores. Duas redes de TV, com tira-teima e tudo mais, mostram a
partida ao vivo para São Paulo.
Para ajudar, além da concentração no jogo, "em primeiro lugar",
elas não dispensam a nécessaire:
batom, esmalte, brinco, perfume
e espelho. "Não faço nada demais.
Uso esmalte, jóia, perfume e retoco a maquiagem, bem suave, no
intervalo. Como se estivesse indo
para o banco", diz Aline, cuja atividade principal é a de bancária.
"Faço a unha e arrumo o cabelo.
Como qualquer mulher. Mas, em
campo, não é isso que está em jogo. Há 20 anos, quando me formei na escola da árbitros, existia
preconceito. Hoje não. Sinto-me
privilegiada", afirma Sílvia, uma
das quatro brasileiras que ostentam o escudo da Fifa no uniforme.
Por causa da beleza, Ana Paula
já foi tentada a desvirtuar-se da
carreira no futebol. Depois de se
destacar no Paulista, foi convidada para posar nua por duas revistas masculinas. Declinou dos convites porque prefere aparecer com
a bandeira na mão. Quer chegar a
uma Copa do Mundo.
Colaborou Sérgio Rangel,
da Sucursal do Rio
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