São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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FUTEBOL

Tchecos, cariocas e são-paulinos

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

O que está havendo com alguns jogadores do São Paulo?! Ah, ficamos abalados com a desclassificação da Libertadores... Meus caros, futebol é isso -num dia se ganha e no outro se perde. É natural que a derrota provoque tristeza, como a vitória gera euforia, mas o caso do São Paulo está passando dos limites. Não dá para um monte de marmanjos ficar assim tão fragilizado diante de uma desclassificação.
Nessas horas alguém tem que assumir o controle, bater palmas e animar o time. Não adianta olhar para trás. É bola para a frente. Quanto à torcida, é normal que cobre e exija vitórias. Mas os torcedores do São Paulo estão se comportando como criancinhas mimadas. Depois da lamentável ofensiva contra Kaká, agora querem detonar o Luis Fabiano... Que esperteza!
Deveriam, sim, cobrar da diretoria que cubra as deficiências do time, que vão aumentar com a saída de alguns jogadores, a começar pelo próprio Luis Fabiano.
 
A República Tcheca é a sensação da Eurocopa. O país, que tem uma população equivalente à do município de São Paulo (10,5 milhões), produziu uma boa seleção de futebol, a de melhor desempenho, até aqui, depois da Copa do Mundo. No time, tem gente que joga em equipes de primeira linha na Itália, na Alemanha e na Inglaterra. O craque é Pavel Nedved, que atua na meia da Juventus e foi um dos destaques da Copa dos Campeões de 2002/03.
Baros, o melhor na vitória contra a Dinamarca, joga no Liverpool e foi uma das estrelas do campeonato sub-21 da Europa, em 2002, quando seu país chegou à final e perdeu para a França. E não se pode esquecer de Poborsky.
A República Tcheca foi a primeira de seu grupo nas eliminatórias. Empatou com a Holanda, em Roterdã, e ganhou em casa por 3 a 1. É o único time 100% da competição. A Grécia vai ser um adversário duro, mas a tendência é os tchecos chegarem à final.
Contra quem? Torcerei para Portugal. Como me disse certa vez o sociólogo Gilberto Vasconcellos, gostar de Portugal é um luxo. Não é para qualquer um. A Holanda é simpática, mas esse time já mostrou que, apertado, confessa.
Agora me diz uma coisa: por que alguns cronistas cariocas estão fazendo tanta gracinha com a Eurocopa? Rodrigo Bueno listou em sua coluna de domingo uma série de manifestações negativas de jornalistas do Rio em relação ao torneio. Até meu caro rubro-negro Ruy Castro, querendo dar uma de Nelson Rodrigues, disse preferir qualquer Madureira x Bonsucesso... Fala sério!
O futebol que se joga hoje no Brasil e, em particular no Rio, não autoriza essas tiradas, que acabam se revelando simplesmente provincianas. Ok que a seleção brasileira é a melhor do mundo, mas mesmo o futebol que ela vem mostrando nas eliminatórias não sustenta a soberba. Mas cessa tudo, porque ontem, enfim, Fernando Calazans, que desprezara a competição, reconheceu os talentos tchecos!

Cadê Timão?
É inacreditável o que está acontecendo com o Corinthians. O time foi destruído e não há sinais de que as coisas irão melhorar de verdade. Dá para evitar o rebaixamento, mas isso é muito pouco. O time só empata e perde. O que a diretoria vai fazer? Rezar ou contratar?

Cadê Mengão?
A situação do Flamengo é outra lástima, só amenizada pela chance de ganhar a Copa do Brasil -o que seria muito mais difícil se o torneio fosse disputado pelos melhores times do país, como seria correto. No Brasileiro, o Flamengo vai cavando seu rebaixamento.

Cadê solução?
A situação de Flamengo e Corinthians é mais um sinal da falência do futebol brasileiro.

E-mail mag@folhasp.com.br

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