São Paulo, domingo, 29 de julho de 2001

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FUTEBOL

Corinthians enfrenta o Independiente sem o jogador, que será "julgado" por uma sindicância

Marcelinho já está fora dos planos

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem Marcelinho. É assim que daqui para a frente o técnico Wanderley Luxemburgo terá que escalar o Corinthians.
E é assim que hoje, às 11h, o time do Parque São Jorge enfrenta o Independiente (Argentina), no Pacaembu, pela Copa Mercosul.
A determinação é da diretoria do clube, que suspendeu o jogador anteontem, mas está respaldada nos apoios do treinador, do elenco e da cúpula do HMTF -parceiro americano do clube.
Amanhã, com a participação do presidente Alberto Dualib, do vice-presidente Antonio Roque Citadini, do manager Wanderley Luxemburgo, dos advogados do clube e de Marcelinho, começa uma sindicância formal que vai apurar a suposta ligação que o meia-atacante teria feito para relatar uma agressão a Ricardinho.
Segundo o diretor da TV Bandeirantes Aquiles Franzoti, Marcelinho lhe telefonou para contar ser Ricardinho o dedo-duro do grupo e que, por isso, o meia teria sido alvo de agressões de Batata, Paulo Nunes, Rogério e Scheidt.
Mas o que agrava o caso de Marcelinho não é o fato de ele ter feito uma ligação, mas várias, segundo apuração prévia dos dirigentes corintianos. Além disso, o meia-atacante foi punido há dez dias por ter dado declarações consideradas "impróprias" pela diretoria.
"O Marcelinho falou demais sobre a história de reforços. Também foi extremamente irresponsável ao criticar a diretoria no caso de sua suspensão [ele não atuou contra o Colo Colo, quinta passada, no Chile, por ter sido expulso na última partida do Corinthians na Mercosul-2000". Ele deveria saber da burrada que fez no ano passado. Agora tem mais esse problema", disse Citadini, que negou que, por ser ídolo da torcida, Marcelinho será perdoado.
"O Corinthians não abafa nada. Não vamos passar a mão na cabeça de ninguém. Para ficar no Corinthians, um jogador tem que ter disciplina e solidariedade. Nenhum jogador será privilegiado. Jogador tem que ser profissional para tudo, não só na hora de receber salário e assinar contrato de imagem", completou o dirigente.
Por isso tudo, a situação do jogador é bastante delicada.
Além de ter perdido apoio dentro da diretoria do clube -Dualib, que sempre foi seu "cabo eleitoral", não deve suportar a pressão e, como no caso da suspensão prévia, deverá acatar o voto da maioria- , o jogador não tem clima entre os próprios companheiros de equipe.
Até dos treinamentos com os demais o jogador está afastado.
A esperada acareação entre ele e Ricardinho -para esclarecer a situação, como prometeu Marcelinho- está praticamente descartada: Ricardinho já declarou ter apenas uma relação profissional com Marcelinho, o que afasta a possibilidade de os dois se encontrarem fora do clube.
Na chegada ao Brasil anteontem, Ricardinho se negou a comentar a suspensão temporária de Marcelinho.
Falou apenas do "bom momento" do Corinthians.
"Foi uma ótima estréia. Minha preocupação é só com o Corinthians", disse Ricardinho, sobre a vitória por 2 a 0 no Chile.
Marcelinho tem alguns trunfos: contrato até 2003, o fato de o Corinthians não ter opção para a meia-direita, a identificação dele com o clube e o início dos campeonatos -a Mercosul, por exemplo, já encerrou as inscrições. O jogador, entretanto, terá que provar que isso tudo pode bancar a sua permanência no clube, o que não será fácil.
"Nenhum jogador é maior do que o Corinthians", sentenciou Citadini.



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