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FUTEBOL
Especialistas em direito esportivo esperam pelo fim das disputas de liminares para iniciar uma nova fase no setor
Tapetão tira advogados da bola da inércia
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o ano passado, o futebol
brasileiro não consegue se livrar
dos tribunais. Se em 2000 foi o Gama, que travou verdadeira batalha jurídica para conseguir vaga
na divisão de elite do Nacional,
em 2001 é a vez do Remo.
Muito trabalho para os advogados, mas não o tipo de serviço que
os principais escritórios de advocacia esperavam quando decidiram investir em direito esportivo.
""Do jeito que estão as coisas, as
pessoas podem achar que o direito esportivo se restringe a ações
trabalhistas e liminares de clubes
para tentar vaga num campeonato", comentou Gustavo Oliveira,
vice-presidente do recém-criado
Instituto Brasileiro de Direito
Desportivo (IBDD).
Mas a idéia não era -e "não é",
como faz questão de frisar o advogado- essa. "Quando se fala em
direito esportivo, fala-se em algo
muito mais abrangente, que vai
desde a assessoria jurídica para
fundos de investimentos interessados em aplicar em clubes até o
mercado de capitais ou o direito
de uso de imagem e licenciamento de produtos."
É o que também afirma Fábio
Diniz, do escritório dos advogados José Luiz Pires de Oliveira
Dias e Gilberto Cipullo, que presta
serviços para o Etti, time de Jundiaí comprado pela Parmalat.
"O problema é que o futebol no
Brasil vive um momento parecido
com o da internet. Houve uma
grande onda de investimentos, as
pessoas achavam que iam fazer
dinheiro da noite para o dia, e
agora estamos no refluxo."
Para Diniz, no entanto, a tendência é de melhora nos próximos anos. "Trata-se de um investimento a longo prazo, como vem
fazendo a Parmalat, primeiro
com o Palmeiras [entre 1992 e
2000" e agora com o Etti."
A curto prazo, porém, a situação é delicada. Com a CPI que investiga o futebol no Senado, as
denúncias de irregularidades na
administração dos clubes, das federações e da própria Confederação Brasileira de Futebol e a indefinição sobre o calendário do esporte, os grupos de investimento
começaram a sumir.
Não é à toa que dos 28 -ou
29- times que devem disputar o
Brasileiro, apenas Corinthians e
Cruzeiro continuam atrelados a
um deles -o HMTF, fundo norte-americano com sede no Texas.
Mas se a confusão que toma
conta do futebol fecha, nem que
seja temporariamente, as portas
para alguns, abre-as para outros,
caso dos até há pouco desconhecidos Paulo Goyaz, Mário Drummond e Gislaine Nunes.
O primeiro foi o maior responsável pela defesa do Gama no ano
passado, quando o time travou
uma batalha judicial contra a CBF
para ser incluído na primeira divisão, e hoje atua contra a participação do Remo na elite.
Já Drummond tornou-se o defensor do time paraense, responsável pela estratégia jurídica que
tenta levá-lo à Série A.
Gislaine, por sua vez, advogada
do Sindicato dos Atletas Profissionais de SP, virou a defensora
dos jogadores que buscam na Justiça se libertar dos clubes a que estão vinculados.
(JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO e MAÉRCIO SANTAMARINA)
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