São Paulo, domingo, 29 de julho de 2001

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FUTEBOL

Especialistas em direito esportivo esperam pelo fim das disputas de liminares para iniciar uma nova fase no setor

Tapetão tira advogados da bola da inércia

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o ano passado, o futebol brasileiro não consegue se livrar dos tribunais. Se em 2000 foi o Gama, que travou verdadeira batalha jurídica para conseguir vaga na divisão de elite do Nacional, em 2001 é a vez do Remo.
Muito trabalho para os advogados, mas não o tipo de serviço que os principais escritórios de advocacia esperavam quando decidiram investir em direito esportivo.
""Do jeito que estão as coisas, as pessoas podem achar que o direito esportivo se restringe a ações trabalhistas e liminares de clubes para tentar vaga num campeonato", comentou Gustavo Oliveira, vice-presidente do recém-criado Instituto Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD).
Mas a idéia não era -e "não é", como faz questão de frisar o advogado- essa. "Quando se fala em direito esportivo, fala-se em algo muito mais abrangente, que vai desde a assessoria jurídica para fundos de investimentos interessados em aplicar em clubes até o mercado de capitais ou o direito de uso de imagem e licenciamento de produtos."
É o que também afirma Fábio Diniz, do escritório dos advogados José Luiz Pires de Oliveira Dias e Gilberto Cipullo, que presta serviços para o Etti, time de Jundiaí comprado pela Parmalat.
"O problema é que o futebol no Brasil vive um momento parecido com o da internet. Houve uma grande onda de investimentos, as pessoas achavam que iam fazer dinheiro da noite para o dia, e agora estamos no refluxo."
Para Diniz, no entanto, a tendência é de melhora nos próximos anos. "Trata-se de um investimento a longo prazo, como vem fazendo a Parmalat, primeiro com o Palmeiras [entre 1992 e 2000" e agora com o Etti."
A curto prazo, porém, a situação é delicada. Com a CPI que investiga o futebol no Senado, as denúncias de irregularidades na administração dos clubes, das federações e da própria Confederação Brasileira de Futebol e a indefinição sobre o calendário do esporte, os grupos de investimento começaram a sumir.
Não é à toa que dos 28 -ou 29- times que devem disputar o Brasileiro, apenas Corinthians e Cruzeiro continuam atrelados a um deles -o HMTF, fundo norte-americano com sede no Texas.
Mas se a confusão que toma conta do futebol fecha, nem que seja temporariamente, as portas para alguns, abre-as para outros, caso dos até há pouco desconhecidos Paulo Goyaz, Mário Drummond e Gislaine Nunes.
O primeiro foi o maior responsável pela defesa do Gama no ano passado, quando o time travou uma batalha judicial contra a CBF para ser incluído na primeira divisão, e hoje atua contra a participação do Remo na elite.
Já Drummond tornou-se o defensor do time paraense, responsável pela estratégia jurídica que tenta levá-lo à Série A.
Gislaine, por sua vez, advogada do Sindicato dos Atletas Profissionais de SP, virou a defensora dos jogadores que buscam na Justiça se libertar dos clubes a que estão vinculados. (JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO e MAÉRCIO SANTAMARINA)



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