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FUTEBOL
Explicações para o inexplicável
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O que dizer após uma derrota
da seleção brasileira, mesmo
que ruim, para Honduras?
Durante a semana, as explicações para o momento trágico por
que passa o futebol brasileiro tomaram conta da imprensa nacional e da internacional. Quase todas as explicações, é verdade, tiveram algum efeito, em maior ou
menor grau, no fiasco épico do
Brasil. Mesmo assim o que ocorreu em Manizales continua sem
explicação, pois é inexplicável.
Não há um calendário decente
no futebol do país. Perfeito, mas,
a grosso modo, isso é uma coisa
que nunca existiu aqui mesmo.
Há muito escândalo envolvendo dirigentes, denúncias de corrupção nas entidades que dirigem
o esporte nacional. Certo, mas é
algo que infelizmente vem acompanhando o futebol brasileiro (a
diferença é que agora temos CPI).
Os técnicos do país não são tão
bem preparados taticamente nem
se preocupam muito com a forma
que jogam os adversários. Com
raras exceções, isso está correto,
mas nos quase cem anos de futebol no Brasil sempre foi assim.
Os jogadores ficam muito ligados no dinheiro. Verdade, mas
desde a década de 30 o profissionalismo está associado ao futebol
(apesar das cifras bem menores).
Honduras, assim como uma série de outros países, está com o futebol mais desenvolvido. Justo,
mas nem Honduras nem dezenas
de seleções ascendentes têm nível
para ganhar do Brasil (ainda).
Há uma crise técnica no futebol
brasileiro, uma vez que não existem mais tantos jogadores bons
como antigamente. De fato a safra não é nada boa, mas o Brasil
já entrou em campo com equipes
medianas e venceu sem problemas seleções do terceiro escalão.
A televisão e a imprensa, de
uma forma geral, atrapalham a
equipe. Sem dúvida nenhuma um
contato atribulado com a mídia
pode resultar em transtornos para um time, mas os profissionais
ligados à seleção estão bastante
acostumados com a situação.
Há uma pressão, seja de patrocinadores, seja de torcedores, seja
de quem for, sobre a seleção brasileira. Certamente tem, especialmente quando o rival é desqualificado, mas isso não nivela dois times de forças tão diferentes.
Poderia lembrar aqui mais
uma dúzia de explicações para o
drama que vive o futebol nacional, mas nada vai explicar a eliminação da seleção brasileira da
Copa América na Colômbia.
A derrota do Brasil para Honduras foi uma surpresa que o futebol não via fazia tempo. Parte
da imprensa estrangeira ridicularizou a seleção tetracampeã mundial. Outra parte decretou o fim
do futebol brasileiro. A imprensa
nacional fez as duas coisas.
Agora, a possibilidade de não ir
à Copa pela primeira vez na história é real. Para o especialista ou
para o torcedor sem informação,
para o brasileiro ou para o mundo todo, é óbvio que um time que
perde para Honduras é sério candidato a não ir para o Mundial.
O planeta está em estado de
alerta. Ricardo Teixeira, Scolari,
Nike, AmBev, atletas, imprensa,
torcida, Fifa, Sul-Americana...
A situação é crítica, mas o futebol é uma área em que o inexplicável encontra bastante espaço.
O limite entre o inferno e o céu,
entre bola na trave e gol no ângulo, é mínimo. Faltam só 12 jogos
para o penta do Brasil (Chile e
Venezuela, em casa, são dois desses). Alguém apostaria todo seu
dinheiro que a seleção brasileira
não será campeã da Copa-2002?
Panamá
Para quem gosta de história ou para quem precisa desesperadamente de um efeito motivador para a seleção, fica registrado que o
Panamá já ajudou a levantar o futebol brasileiro no seu momento
mais triste. O único confronto entre brasileiros e panamenhos
aconteceu em abril de 1952, nos Jogos Pan-Americanos. O Brasil ficou quase dois anos sem jogar após a derrota na final da Copa de
50 para o Uruguai. No terceiro jogo da curta história do Pan-Americano, torneio que foi a única experiência de fusão entre a Sul-Americana e a Concacaf, a seleção, com Djalma Santos, Nilton
Santos e Didi, goleou por 5 a 0 o Panamá e arrancou para o título.
Europa
Os campeonatos europeus começaram para valer neste fim de semana com a abertura do Alemão e do Francês. Na próxima semana, após seguidas colunas sobre o futebol na América, tratarei dos
já tradicionais palpites (e desculpas) no início da temporada.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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