São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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FUTEBOL

Clubes voltarão a receber pela venda de atletas se apoiarem a medida

Governo acena com taxa de transferência para ter MP

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

Para transformar em lei no Congresso a medida provisória 39, a "MP da Moralização", o governo estuda a criação de uma taxa de transferência a ser recebida por clubes que negociarem jogadores com menos de 23 anos de idade.
É mais uma iniciativa do Ministério do Esporte no sentido de minimizar as perdas que os clubes alegam ter tido com o fim do passe, em março do ano passado.
A idéia do governo é instituir nas transações uma taxa a ser paga pela equipe que comprar um atleta, desde que ele seja formado no clube que o esteja vendendo. Os valores, de acordo com o ministério, serão diferentes para times do Brasil e do exterior.
Só darão direito à taxa de transferência jogadores revelados no clube e que tenham permanecido na equipe por pelo menos três anos. Após cinco anos do jogador do clube, a agremiação perderá o direito à indenização.
As taxas serão atreladas à idade dos jogadores. "Quanto mais novo, mais caro, especialmente para o exterior. A idéia é desestimular a ida de jovens para fora", afirmou José Luiz Portella, secretário-executivo do Ministério do Esporte.
O passe foi extinto pelo governo, por meio de uma MP, em março do ano passado. Ele permitia aos clubes controle total sobre o direito dos jogadores de trabalhar em uma ou outra equipe.
Os clubes, por sua vez, alegam que tiveram sua crise financeira agravada sem o dinheiro que ganhavam na venda dos atletas. Só de INSS e FGTS eles devem aproximadamente R$ 350 milhões.
Outra medida do ministério para ressarcir os clubes pelo fim do passe é, como a Folha antecipou ontem, o abatimento da dívida deles para com o governo conforme sejam comprovados gastos na formação de atletas. Além disso, serão fornecidas linhas de financiamento do BNDES.
O conjunto de medidas é chamado de "Proer da bola" por alguns dirigentes, em alusão ao programa de recuperação do sistema financeiro desencadeado em 1995. O governo, porém, repele o "apelido". "A intenção não é anistiar. É apenas ajudar o setor a se transformar, o que irá atrair novos investimentos. Além disso, vamos atrelar os pagamentos à receita dos times", disse Portella.
Mas, para que a ajuda governamental saia, a MP 39 precisa ser votada e aprovada pelo Congresso entre o final de agosto e o início de setembro. "Nós achamos que a estrutura do futebol, como está, não dá para ser recauchutada. Temos que construir tudo de novo, e o pilar central é a medida provisória", afirmou Portella.
Pelo menos 47 emendas de parlamentares já foram apresentadas à MP no Congresso. Se o assunto não for votado até o início de setembro, ele passará a trancar a pauta da Câmara.
Hoje, os clubes se reúnem em São Paulo para discutir o assunto.


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