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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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FUTEBOL

Arbitragem eletrônica

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Quando o zagueiro André Luiz recebeu o passe de Ricardo Oliveira para marcar o gol de empate do Santos, na partida de sábado contra o Vasco, ficou a dúvida: estaria à frente da linha da defesa, portanto, em impedimento? Na hora era difícil dizer.
Depois de ver a repetição do lance em "slow motion", o comentarista José Roberto Wright, da Globo, intuiu que havia irregularidade. Logo depois, o "tira-teima" decretou: André Luiz estaria 32 cm à frente do último zagueiro do Santos, ou seja, impedido. "O gol foi ilegal", sentenciou, então, Wright, tendo o cuidado de ressalvar que o auxiliar -o velho e bom bandeirinha- não poderia ser crucificado, uma vez que não julgava lances com auxílio de imagens em "slow motion", nem com seguidos replays, muito menos com "tira-teima".
Convenhamos que 32 cm, diante das dimensões de um campo de futebol e com a jogada em movimento, é praticamente nada. De mais a mais, a recomendação da Fifa nos casos de dúvida é decidir a favor do ataque. Portanto, sem "slow motion" e sem "tira-teima", o lance foi legal.
Tudo isso me fez lembrar da velha polêmica sobre o uso de meios eletrônicos para auxiliar a arbitragem em decisões difíceis. Houve uma época em que a medida me parecia óbvia, só não sendo implantada por conta do conservadorismo do "board" da Fifa.
A TV, ainda assim, passou a ser usada cada vez mais como auxiliar da Justiça esportiva, ajudando a dirimir dúvidas em casos de agressões ou de lances passíveis de punição a posteriori. Temos tido seguidos exemplos disso aqui mesmo no Brasil.
Outra coisa é a idéia de usar a TV durante a partida para diminuir a margem de erro dos juízes. Como dizia, sempre fui favorável. Pensando um pouco mais, porém, percebo que a arbitragem eletrônica poderia gerar muitos transtornos. Não é possível que se interrompa um jogo a cada lance polêmico para que alguém consulte o VT ou o "tira-teima" ou o que for. Seria preciso estabelecer critérios. Os próprios árbitros decidiriam quando interromper a partida ou a equipe que se sentisse prejudicada poderia solicitar a interrupção? Quantas paralisações seriam admissíveis?
Uma possibilidade seria restringir as consultas somente a situações de gol. No caso do lance do Santos, o árbitro poderia, antes de validar o tento, dar uma olhada no "tira-teima" -que precisaria estar acima de qualquer suspeita. Também em pênaltis, talvez valesse a pena recorrer a uma imagem gravada.
Seria estranho, porém, se esses recursos só fossem aplicados em alguns jogos. Ao adotá-los, deveriam cobrir, pelo menos, todas as partidas do mesmo torneio.
Creio que o ideal seria testar a coisa previamente para implantar em Copas do Mundo. Além de torneios ricos, são jogados em sistema eliminatório. Nesse caso, um erro pode representar a eliminação de uma seleção, como vimos na Ásia, sem chance de recuperação.
É um caso a pensar.

Oswaldo contra Rojas
Ao escrever aqui que Oswaldo de Oliveira não poderia ser considerado pior treinador do que Roberto Rojas, recebi e-mails de dois leitores contestando a minha opinião. São dois são-paulinos que parecem guardar um certo rancor do ex-treinador do clube. Um deles sugeriu que eu não considerava Oswaldo pior do que Rojas porque ele nunca havia treinado o time de minha simpatia. Bem, agora ele está fazendo isso. O Flamengo, que aprendi a admirar na minha infância carioca, está sob comando do técnico execrado por parte dos são-paulinos. A julgar pela partida de domingo, ainda não deu para achar ruim. O jogo esteve bem mais para o Tricolor, mas, no final, o Flamengo empatou. E o Oswaldo pulou de alegria. Ponto para ele.

E-mail mag@folhasp.com.br


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