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FUTEBOL
Arbitragem eletrônica
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Quando o zagueiro André
Luiz recebeu o passe de Ricardo Oliveira para marcar o gol
de empate do Santos, na partida
de sábado contra o Vasco, ficou a
dúvida: estaria à frente da linha
da defesa, portanto, em impedimento? Na hora era difícil dizer.
Depois de ver a repetição do
lance em "slow motion", o comentarista José Roberto Wright,
da Globo, intuiu que havia irregularidade. Logo depois, o "tira-teima" decretou: André Luiz estaria 32 cm à frente do último zagueiro do Santos, ou seja, impedido. "O gol foi ilegal", sentenciou,
então, Wright, tendo o cuidado
de ressalvar que o auxiliar -o
velho e bom bandeirinha- não
poderia ser crucificado, uma vez
que não julgava lances com auxílio de imagens em "slow motion",
nem com seguidos replays, muito
menos com "tira-teima".
Convenhamos que 32 cm, diante das dimensões de um campo de
futebol e com a jogada em movimento, é praticamente nada. De
mais a mais, a recomendação da
Fifa nos casos de dúvida é decidir
a favor do ataque. Portanto, sem
"slow motion" e sem "tira-teima",
o lance foi legal.
Tudo isso me fez lembrar da velha polêmica sobre o uso de meios
eletrônicos para auxiliar a arbitragem em decisões difíceis. Houve uma época em que a medida
me parecia óbvia, só não sendo
implantada por conta do conservadorismo do "board" da Fifa.
A TV, ainda assim, passou a ser
usada cada vez mais como auxiliar da Justiça esportiva, ajudando a dirimir dúvidas em casos de
agressões ou de lances passíveis de
punição a posteriori. Temos tido
seguidos exemplos disso aqui
mesmo no Brasil.
Outra coisa é a idéia de usar a
TV durante a partida para diminuir a margem de erro dos juízes.
Como dizia, sempre fui favorável.
Pensando um pouco mais, porém,
percebo que a arbitragem eletrônica poderia gerar muitos transtornos. Não é possível que se interrompa um jogo a cada lance
polêmico para que alguém consulte o VT ou o "tira-teima" ou o
que for. Seria preciso estabelecer
critérios. Os próprios árbitros decidiriam quando interromper a
partida ou a equipe que se sentisse prejudicada poderia solicitar a
interrupção? Quantas paralisações seriam admissíveis?
Uma possibilidade seria restringir as consultas somente a situações de gol. No caso do lance do
Santos, o árbitro poderia, antes
de validar o tento, dar uma olhada no "tira-teima" -que precisaria estar acima de qualquer suspeita. Também em pênaltis, talvez valesse a pena recorrer a uma
imagem gravada.
Seria estranho, porém, se esses
recursos só fossem aplicados em
alguns jogos. Ao adotá-los, deveriam cobrir, pelo menos, todas as
partidas do mesmo torneio.
Creio que o ideal seria testar a
coisa previamente para implantar em Copas do Mundo. Além de
torneios ricos, são jogados em sistema eliminatório. Nesse caso,
um erro pode representar a eliminação de uma seleção, como vimos na Ásia, sem chance de recuperação.
É um caso a pensar.
Oswaldo contra Rojas
Ao escrever aqui que Oswaldo
de Oliveira não poderia ser
considerado pior treinador do
que Roberto Rojas, recebi e-mails de dois leitores contestando a minha opinião. São
dois são-paulinos que parecem
guardar um certo rancor do ex-treinador do clube. Um deles
sugeriu que eu não considerava
Oswaldo pior do que Rojas porque ele nunca havia treinado o
time de minha simpatia. Bem,
agora ele está fazendo isso. O
Flamengo, que aprendi a admirar na minha infância carioca,
está sob comando do técnico
execrado por parte dos são-paulinos. A julgar pela partida
de domingo, ainda não deu para achar ruim. O jogo esteve
bem mais para o Tricolor, mas,
no final, o Flamengo empatou.
E o Oswaldo pulou de alegria.
Ponto para ele.
E-mail mag@folhasp.com.br
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