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VÔLEI
Técnico pede demissão após obter o pior resultado do país no Grand Prix e diz que sai para livrar jogadoras das pressões
"Nuvem negra" faz Motta deixar a seleção
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O sétimo lugar no Grand Prix de
vôlei, a pior colocação do Brasil
na história, foi a gota d'água para
Marco Aurélio Motta, 42. Ontem,
o técnico pediu demissão do comando da seleção feminina.
Segundo o treinador, o afastamento foi a forma encontrada por
ele para amenizar a pressão recebida por suas jogadoras.
"Na hora da decisão, uma nuvem negra volta e bate a insegurança nelas. Alguma coisa precisava ser feita", disse Motta.
"Minha saída é em respeito.
Saio com o coração partido, mas
eu não podia deixar prevalecerem
minhas convicções pessoais",
completou ele à Folha.
Motta afirmou que tomou a decisão após a derrota por 3 a 0 para
a Coréia do Sul, que deixou o time
pela primeira vez fora da fase final
do GP, na Itália. A seleção vinha
de uma vitória por 3 a 1 sobre a
China, seu maior adversário.
Ontem, à tarde ele informou ao
presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary da Graça, que
deixaria o cargo.
"Eu via no rosto das meninas
que havia algo errado. Na hora da
decisão, o medo de errar, de fracassar estava pesando. Íamos voltar e de novo explicar que o grupo
está crescendo, mas os resultados
não vêm. Não dava mais?", disse.
"Tenho certeza de que o próximo técnico poderá trabalhar melhor. Ele não terá metade dos problemas que eu tive", completou.
O treinador permaneceu no comando da seleção por dois anos e
meio, na vaga de Bernardinho, e
esteve envolvido em uma das
maiores crises da história.
As críticas ao seu trabalho aconteceram dentro e fora da quadra.
No último episódio, o treinador
da seleção masculina, Bernardinho, e sua mulher, a levantadora
Fernanda Venturini, fizeram duras declarações contra ele na TV.
A crise atingira o auge no ano
passado. Após a quinta colocação
na Volley Masters, na Suíça, Érika, Walewska, Raquel e Fofão pediram dispensa alegando problemas de relacionamento com o
treinador. Virna afirmou que enfrentava problemas pessoais e
também deixou o time.
Sem as titulares e com uma base
juvenil, Motta amargou o sétimo
lugar no Mundial da Alemanha.
Neste ano, com a interferência
da CBV, Raquel e Virna voltaram
à equipe. Motta também ganhou
um novo auxiliar, o vice-campeão
da Superliga, Antônio Rizola. Entretanto, mesmo com a "paz selada", a seleção brasileira não conseguiu engrenar em quadra.
"Pelo menos agora eu posso me
pôr à disposição para, em público,
esclarecer tudo o que aconteceu.
Quero que as jogadoras ou quem
fez declarações contra mim exponha os fatos", afirmou Motta.
Antes embarcar para o Brasil,
anteontem, o treinador disse ao
grupo, em tom de despedida, que
estava triste com o fato de eles terem feito um bom trabalho, mas
não obterem resultados.
"Não achei que ele fosse sair, foi
uma decisão unilateral. Mas, pelo
que aprendi a conhecê-lo, acho
que fez isso para evitar outra polêmica", afirmou Rizola.
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