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São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2003

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VÔLEI

Técnico pede demissão após obter o pior resultado do país no Grand Prix e diz que sai para livrar jogadoras das pressões

"Nuvem negra" faz Motta deixar a seleção

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O sétimo lugar no Grand Prix de vôlei, a pior colocação do Brasil na história, foi a gota d'água para Marco Aurélio Motta, 42. Ontem, o técnico pediu demissão do comando da seleção feminina.
Segundo o treinador, o afastamento foi a forma encontrada por ele para amenizar a pressão recebida por suas jogadoras.
"Na hora da decisão, uma nuvem negra volta e bate a insegurança nelas. Alguma coisa precisava ser feita", disse Motta.
"Minha saída é em respeito. Saio com o coração partido, mas eu não podia deixar prevalecerem minhas convicções pessoais", completou ele à Folha.
Motta afirmou que tomou a decisão após a derrota por 3 a 0 para a Coréia do Sul, que deixou o time pela primeira vez fora da fase final do GP, na Itália. A seleção vinha de uma vitória por 3 a 1 sobre a China, seu maior adversário.
Ontem, à tarde ele informou ao presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary da Graça, que deixaria o cargo.
"Eu via no rosto das meninas que havia algo errado. Na hora da decisão, o medo de errar, de fracassar estava pesando. Íamos voltar e de novo explicar que o grupo está crescendo, mas os resultados não vêm. Não dava mais?", disse.
"Tenho certeza de que o próximo técnico poderá trabalhar melhor. Ele não terá metade dos problemas que eu tive", completou.
O treinador permaneceu no comando da seleção por dois anos e meio, na vaga de Bernardinho, e esteve envolvido em uma das maiores crises da história.
As críticas ao seu trabalho aconteceram dentro e fora da quadra.
No último episódio, o treinador da seleção masculina, Bernardinho, e sua mulher, a levantadora Fernanda Venturini, fizeram duras declarações contra ele na TV.
A crise atingira o auge no ano passado. Após a quinta colocação na Volley Masters, na Suíça, Érika, Walewska, Raquel e Fofão pediram dispensa alegando problemas de relacionamento com o treinador. Virna afirmou que enfrentava problemas pessoais e também deixou o time.
Sem as titulares e com uma base juvenil, Motta amargou o sétimo lugar no Mundial da Alemanha.
Neste ano, com a interferência da CBV, Raquel e Virna voltaram à equipe. Motta também ganhou um novo auxiliar, o vice-campeão da Superliga, Antônio Rizola. Entretanto, mesmo com a "paz selada", a seleção brasileira não conseguiu engrenar em quadra.
"Pelo menos agora eu posso me pôr à disposição para, em público, esclarecer tudo o que aconteceu. Quero que as jogadoras ou quem fez declarações contra mim exponha os fatos", afirmou Motta.
Antes embarcar para o Brasil, anteontem, o treinador disse ao grupo, em tom de despedida, que estava triste com o fato de eles terem feito um bom trabalho, mas não obterem resultados.
"Não achei que ele fosse sair, foi uma decisão unilateral. Mas, pelo que aprendi a conhecê-lo, acho que fez isso para evitar outra polêmica", afirmou Rizola.


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