São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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TÊNIS
O 8º do mundo

THALES DE MENEZES
Gustavo Kuerten deu mais um passo para conseguir a tranquilidade necessária para construir sua carreira no circuito profissional. O bendito "segundo título" veio no saibro alemão e deve jogar mais uma pá de terra no caixão da pergunta idiota que não quer calar: "Kuerten é só fogo de palha?".
Não, repito mais uma vez, ele não é. Mas ainda será necessário um caminhão de terra para enterrar o ceticismo de parte da torcida e da imprensa.
Ganhando um torneio aqui ou ali, Kuerten pode permanecer no circuito tempo suficiente para que essas pessoas que não entendem patavina de tênis aprendam alguma coisa e parem de falar asneiras.
Que Kuerten tem muito a melhorar, não há dúvidas. A irregularidade continua braba. Outro técnico no lugar de Larri Passos (ou ao lado dele) poderia ampliar o repertório do brasileiro na quadra. No entanto, são problemas pontuais, que não devem atrapalhar o reconhecimento das condições técnicas de Kuerten.
Fazendo uma comparação ideal dos tenistas, imaginando cada um deles jogando o máximo, em plenas condições físicas, Gustavo Kuerten é o oitavo melhor tenista do mundo.
Duvidou? Lá vai, pela ordem: Pete Sampras, Marcelo Ríos, Andre Agassi, Boris Becker, Thomas Muster, Patrick Rafter e Carlos Moyá. Eles formam um "G-7", que Kuerten, tecnicamente, ainda não alcança.
Mas vale lembrar que três deles já estão flertando com a aposentadoria (Agassi, Muster e Becker) e Kuerten tem muitos anos de circuito pela frente.
Ranking é circunstância. A competitividade é grande, contusões e estresse nunca são levados em conta, bons novatos surgem a cada semana...
O que fica é a excelência do tênis. Um dia desses, Kuerten poderá estar na 70ª posição do ranking, mas, se jogar em Paris ou Stuttgart, o público sabe que verá um grande campeão.

Tolices e asneiras
Locução esportiva é dose. Fica difícil aturar tantos erros de informação e as bobagens explícitas. Os jogos de Gustavo Kuerten em Stuttgart, nas emissoras de assinatura e na TV aberta, foram um suplício. Comentaristas inventando teorias técnicas estapafúrdias como "Guga não deve deixar o adversário bater na corrida, tem que fazer ele bater parado" e locutores afirmando que Miroslav Mecir foi finalista de Wimbledon são uma praga.

E mais bobagens
Ainda sobre a incipiente imprensa de tênis no Brasil. Gente, o esporte é, reconhecidamente, de difícil compreensão para o leigo. Se já é complicado fazer as pessoas tomarem contato com o tênis, só fica pior inventar termos como "contradireita" (o que é isso?) ou "semimatch point" (bobagem usada no domingo para definir o placar de 30-15 para Kuerten no game decisivo do jogo). Vamos simplificar.



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