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A falta de transparência da CBF
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Coisa de louca, sô!, diria o
mineiro. Então, Zagallo se reúne com Ricardo Teixeira por
duas horas e sai por uma porta
dizendo que continua técnico.
Por outra, sai Teixeira e anuncia que Zagallo está fora. Tá
fora ou tá dentro, afinal?
Está no limbo, como tudo
que diz respeito à CBF e ao futebol brasileiro. Nada é claro,
transparente, compreensível,
racional. Nada é devidamente
programado sob o império do
bom senso, no mínimo. Tanto
que o próprio presidente da
CBF sai por aí dizendo que o
novo técnico não terá de se dedicar exclusivamente à seleção. Pode ser técnico de um
clube e tocar a seleção, ao sabor dos interesses sei lá quais.
Ora, se houve um avanço nas
últimas duas décadas, foi exatamente a da criação do técnico exclusivo da seleção, teoricamente alguém infenso a
pressões e paixões na hora da
escolha do time ideal.
Mais que isso: o responsável
pela seleção tem de estar livre
para percorrer esse imenso
Brasil, observando ao vivo a
performance dos possíveis convocados, bater papo com técnicos, preparadores físicos, enfim, manter-se inteirado de
cada passo de seus futuros discípulos. Mais que isso: viajar
mundo afora, colhendo aqui e
ali informações sobre esse futebol que é mais ou menos como
a nuvem do político -você
olha, está de um jeito; olha de
novo, mudou.
Além do mais, é fundamental que tenhamos uma comissão técnica montada sob o rigor da competência, não o
vai-da-valsa das intimidades.
E, por fim, que haja plena
transparência. Que o público
possa ser informado com clareza de tudo o que ocorre na
seleção. A propósito, o que
aconteceu na França foi um
absurdo. Fecharam as portas
do time de tal forma que só o
que de lá escapou foi um monte de mentiras e negaceios.
E o pior: do lado de cá da cerca, nenhuma voz de protesto.
Onde estavam sindicatos de
jornalistas e associações de
cronistas esportivos, que não
se insurgiram contra aquela
humilhante forma de impedir
que tivéssemos acesso à informação?
Foi-se Aymoré Moreira, talvez o mais criativo técnico
brasileiro de todos os tempos.
Zezé, seu irmão, construiu
uma legenda, sobretudo pela
firmeza com que defendia suas
teses e disciplinava sua tropa,
mas Aymoré, ao contrário, era
fluido e inventivo. Por isso,
talvez, não esteja recebendo
agora as homenagens devidas.
Basta dizer que, lá pelos idos
de 60, voltando de uma excursão desastrosa à Europa com a
seleção, Aymoré anunciou a
fórmula adequada para acabar com o líbero europeu, uma
praga que nos comia pela raiz.
Sua sugestão, de tão simples,
foi encarada como uma anedota: era só botar o centroavante nosso marcando o líbero
deles. Se o bicho está marcado,
não está líbero de nada.
Aymoré, porém, apesar de ter
sido o treinador que mais vezes dirigiu a seleção brasileira,
jamais conseguiu ganhar um
título aulista, embora tivesse
assumido várias vezes São
Paulo, Palmeiras, Corinthians,
Lusa e Santos. Aliás, foi ele
quem, em 54, montou aquele
timaço santista que precedeu a
Pelé, bicampeão em 55 e 56.
Mas, aí, ele já estava pregando
em outras paragens.
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas-feiras
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