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AÇÃO
Um brinde aos rivais
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Há quase dez anos, publiquei aqui neste espaço, sob o
título "Briga de irmãos", uma coluna a respeito da saudável rivalidade entre os colegas Fabio
Gouveia e Teco Padaratz no Circuito Mundial de surfe.
Apesar do longo hiato de tempo
e de o surfe como esporte e competição ser bastante dinâmico, o assunto continua atual:
"Fabio Gouveia surfa melhor
que Teco Padaratz." "Teco Padaratz aparece mais que Fabio Gouveia." Até 1991, ainda havia quem
levantasse dúvida quanto à primeira afirmação. Quanto à segunda, nunca houve.
Em 1992, apesar da vitória de
Teco no WQS (World Qualifyng
Series), Fabio Gouveia (quinto no
ranking mundial) passou a ser
apontado por todas as autoridades constituídas no universo do
surfe mundial como membro vitalício dos top surfers de verdade,
os melhores do mundo.
Por que Teco aparece mais? É
simples: Padaratz é louro, tem
dentes bem alinhados, cabelos estrategicamente despenteados e lida bem com as palavras. Fabinho
não é feio, só é normal. É baixo
como a maioria dos brasileiros,
pele morena, não sai bem nos retratos e usa o escudo da simplicidade e da brejeirice.
Os dois são contemporâneos e
começaram praticamente juntos.
Dividiam apartamentos de hotéis, malas, alegrias e até patrocinador. Consideravam-se quase
irmãos. Inevitavelmente, isso
acabou mudando.
Mente quem diz que há rivalidade mais aguda, mas é fato que
ambos disputam ferozmente cada
milímetro em pódios, revistas, fãs
e patrocinadores. Chegaram a se
estranhar. Mas o saldo é positivo
e é provável que no futuro Padaratz e Gouveia tomem um cálice
de Bordeaux em um café de Biarritz, vendo as ondas de Grand
Plage e lembrando os tempos em
que um fugia das fãs e o outro
brincava nos pódios da ASP.
À época, eles desbravaram o
Mundial, então dominado por
anglo-saxões, com muita competência; abriram as portas para dezenas de brasileiros que seguiram
suas remadas; venceram etapas
importantes; perderam a vaga na
elite mundial, mas, depois, a recuperaram. E hoje são os brasileiros há mais tempo no tour.
Nos últimos dias os dois foram
destaque na perna francesa do
WQS (a divisão de acesso do
Mundial). Fabinho venceu a primeira das quatro provas de seis
estrelas (nível máximo de pontos
e prêmios) programadas para a
Europa, e repetiu a rotina de ser
carregado nos ombros dos colegas
em Anglet. Na semana seguinte,
seu "irmão" Teco quebrou um
longo jejum de seis anos e venceu
em Lacanau, derrotando três australianos na grande final. Uma
vitória que coroa sua 15ª temporada e o aproxima da classificação para mais uma.
E nesta semana, por muito pouco, não fechamos a perna francesa com três vitórias. Mais uma
vez, Fabinho dominou a final até
os últimos minutos, mas foi superado por Richard Lovett e terminou em segundo em Hossegor.
Na última década e meia de atividade no tour, eles faturaram, só
em prêmios, cerca de meio milhão
de dólares. A amizade amadureceu como vinho das melhores safras e é provável que o cálice de
Bordeaux que previ tenha sido
merecidamente desfrutado pelos
dois, só que, em vez de lembrar o
passado, pensando no vinho do
Porto para o brinde após a etapa
de Portugal nesta semana.
Corridas de aventura
Curta (50 km), porém dura, foi a primeira etapa do EMA Series, no
domingo, entre Santos/Guarujá/São Vicente. A equipe Oskalunga,
de Brasília, venceu a prova em 6h15. A terceira e decisiva etapa do
Reebok Swatch Ecomotion será em Angra dos Reis, neste sábado e
domingo. Uma Mitsubishi L200 espera o vencedor do circuito.
Skate
Rodrigo Menezes venceu a segunda etapa (vertical) do Circuito
Brasileiro disputada em Manaus. Bob Burnquist ficou em segundo. A cidade de Lauro de Freitas (BA) abrigará neste fim de semana
a terceira etapa (street).
Brazilian Rocket
Com esse apelido, Adriano de Souza, o Mineirinho, 15, foi um dos
destaques no East Coast Surfing Championship, disputado nos
EUA, que reuniu cerca de 700 atletas profissionais e amadores.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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