São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AÇÃO

Um brinde aos rivais

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Há quase dez anos, publiquei aqui neste espaço, sob o título "Briga de irmãos", uma coluna a respeito da saudável rivalidade entre os colegas Fabio Gouveia e Teco Padaratz no Circuito Mundial de surfe.
Apesar do longo hiato de tempo e de o surfe como esporte e competição ser bastante dinâmico, o assunto continua atual:
"Fabio Gouveia surfa melhor que Teco Padaratz." "Teco Padaratz aparece mais que Fabio Gouveia." Até 1991, ainda havia quem levantasse dúvida quanto à primeira afirmação. Quanto à segunda, nunca houve.
Em 1992, apesar da vitória de Teco no WQS (World Qualifyng Series), Fabio Gouveia (quinto no ranking mundial) passou a ser apontado por todas as autoridades constituídas no universo do surfe mundial como membro vitalício dos top surfers de verdade, os melhores do mundo.
Por que Teco aparece mais? É simples: Padaratz é louro, tem dentes bem alinhados, cabelos estrategicamente despenteados e lida bem com as palavras. Fabinho não é feio, só é normal. É baixo como a maioria dos brasileiros, pele morena, não sai bem nos retratos e usa o escudo da simplicidade e da brejeirice.
Os dois são contemporâneos e começaram praticamente juntos. Dividiam apartamentos de hotéis, malas, alegrias e até patrocinador. Consideravam-se quase irmãos. Inevitavelmente, isso acabou mudando.
Mente quem diz que há rivalidade mais aguda, mas é fato que ambos disputam ferozmente cada milímetro em pódios, revistas, fãs e patrocinadores. Chegaram a se estranhar. Mas o saldo é positivo e é provável que no futuro Padaratz e Gouveia tomem um cálice de Bordeaux em um café de Biarritz, vendo as ondas de Grand Plage e lembrando os tempos em que um fugia das fãs e o outro brincava nos pódios da ASP.
À época, eles desbravaram o Mundial, então dominado por anglo-saxões, com muita competência; abriram as portas para dezenas de brasileiros que seguiram suas remadas; venceram etapas importantes; perderam a vaga na elite mundial, mas, depois, a recuperaram. E hoje são os brasileiros há mais tempo no tour.
Nos últimos dias os dois foram destaque na perna francesa do WQS (a divisão de acesso do Mundial). Fabinho venceu a primeira das quatro provas de seis estrelas (nível máximo de pontos e prêmios) programadas para a Europa, e repetiu a rotina de ser carregado nos ombros dos colegas em Anglet. Na semana seguinte, seu "irmão" Teco quebrou um longo jejum de seis anos e venceu em Lacanau, derrotando três australianos na grande final. Uma vitória que coroa sua 15ª temporada e o aproxima da classificação para mais uma.
E nesta semana, por muito pouco, não fechamos a perna francesa com três vitórias. Mais uma vez, Fabinho dominou a final até os últimos minutos, mas foi superado por Richard Lovett e terminou em segundo em Hossegor.
Na última década e meia de atividade no tour, eles faturaram, só em prêmios, cerca de meio milhão de dólares. A amizade amadureceu como vinho das melhores safras e é provável que o cálice de Bordeaux que previ tenha sido merecidamente desfrutado pelos dois, só que, em vez de lembrar o passado, pensando no vinho do Porto para o brinde após a etapa de Portugal nesta semana.

Corridas de aventura
Curta (50 km), porém dura, foi a primeira etapa do EMA Series, no domingo, entre Santos/Guarujá/São Vicente. A equipe Oskalunga, de Brasília, venceu a prova em 6h15. A terceira e decisiva etapa do Reebok Swatch Ecomotion será em Angra dos Reis, neste sábado e domingo. Uma Mitsubishi L200 espera o vencedor do circuito.

Skate
Rodrigo Menezes venceu a segunda etapa (vertical) do Circuito Brasileiro disputada em Manaus. Bob Burnquist ficou em segundo. A cidade de Lauro de Freitas (BA) abrigará neste fim de semana a terceira etapa (street).

Brazilian Rocket
Com esse apelido, Adriano de Souza, o Mineirinho, 15, foi um dos destaques no East Coast Surfing Championship, disputado nos EUA, que reuniu cerca de 700 atletas profissionais e amadores.

E-mail sarli@revistatrip.com.br



Texto Anterior: Parreira aponta queda de rendimento
Próximo Texto: Futebol: São Paulo testa "sobreviventes" no meio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.