FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Atrapalhada nas pistas, a Ferrari parece estar atabalhoada também fora delas. Ontem, a escuderia transformou numa bagunça as explicações sobre o acidente de Rubens Barrichello na Hungria.
Pela manhã, a equipe divulgou um comunicado afirmando ter descoberto a "provável causa" da quebra da suspensão traseira esquerda do carro do brasileiro.
A peça explodiu na 20ª volta do GP de domingo, mandando Barrichello para a barreira de pneus.
"Após análise detalhada dos dados disponíveis e das imagens do GP da Hungria, a Ferrari encontrou a provável causa do acidente. Barrichello estava muito próximo do carro à sua frente [Jarno Trul-li] e atingiu duas vezes, com um ângulo de impacto incomum, as zebras da chicane entre as curvas seis e sete", diz a nota oficial.
"O impacto sobrecarregou o braço principal do triângulo superior da suspensão. Na 20ª volta, com a forte freada no fim da reta, a peça quebrou", conclui o time.
Ou seja, a culpa foi do piloto.
À tarde, porém, a Ferrari mudou o discurso. Segundo Luca Colajanni, assessor de imprensa da escuderia, o comunicado foi "mal interpretado no Brasil".
"Rubens não teve responsabilidade pelo que aconteceu", disse.
Por si só, a divulgação do comunicado já causou estranheza.
Não bastasse isso, a explicação também não convenceu. O motivo: em freadas, o peso é transferido para a frente do carro e a pressão sobre a traseira é mínima.
Barrichello só pode falar com autorização da Ferrari. A equipe informou que seria "impossível" conversar com ele ontem.


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