São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Além do primeiro ouro após 52 anos, vitória rende à seleção o primeiro título em 11

Perfeita, Argentina usa Tevez para encerrar duplo jejum

DO ENVIADO A ATENAS

Um toque esperto na bola. E Carlos Tevez deixou de ser estrela para se tornar uma espécie de semideus na Argentina.
Com um gol do atacante do Boca Juniors aos 18min do primeiro tempo, no Estádio Olímpico de Atenas, a Argentina bateu o vizinho Paraguai e encerrou dois jejuns: um de 52 anos, outro de 11.
Desde os Jogos de Helsinque-52, o esporte argentino não conquistava uma medalha de ouro -na ocasião, com Eduardo Guerrero e Tranquilo Capozzo, remadores, no skiff duplo. Ontem ainda o país conquistaria outro ouro, no basquete masculino.
Além disso, desde a Copa América-93, a seleção principal não ganhava nada. "É como o nascimento de um filho", disse Kily González. "Ou até mais. Nunca senti nada parecido na vida."
"Vitórias são sempre importantes. Mas essa é ainda mais para a Argentina. Primeiro, porque é no futebol. Depois, porque é na Olimpíada. Essas duas coisas, vão dar muito alegria ao nosso país", completou Marcelo Bielsa, o técnico, que passou os últimos anos colecionando fracassos e pressionado para obter bons resultados.
A vitória por 1 a 0 encerrou uma campanha perfeita da Argentina. Venceu os sete jogos que disputou, marcou 17 gols e não sofreu nenhum. E Tevez foi o artilheiro da competição, com oito gols.
Mas poderia ter sido melhor. Os erros de finalização impediram os argentinos de golear.
A exceção aconteceu aos 18min, na primeira boa chance que teve. Rosales avançou pela direita e cruzou à meia altura. Ágil, Tevez se antecipou ao goleiro Diego Barreto e desviou para o gol.
O Paraguai então partiu para cima dos argentinos. Resultado: nervosismo dos dois lados e muitas faltas. Em apenas um minuto, do 21º ao 22º, houve cinco faltas.
Aos 30min, os paraguaios explodiram. Gamarra, conhecido no Brasil nos tempos de Corinthians por ser uma zagueiro que comete poucas faltas, deu uma cotovelada no rosto de Tevez e levou cartão amarelo. O atacante do Boca foi novamente atingido aos 36min, dessa vez pelo zagueiro Mansur, com um pontapé.
A Argentina, porém, manteve a calma e voltou a criar chances de gol. E só não ampliou sua vitória porque Lucho Gonzalez chutou para cima, aos 42min, uma bola que Barreto soltou a seus pés.
Os paraguaios, que eliminaram o Brasil na disputa do Pré-Olímpico, voltaram para o segundo tempo menos violentos e mais ofensivos. Logo aos 2min, Torres exigiu excelente defesa de Lux após uma cobrança de falta.
A Argentina reagiu e voltou a dominar o jogo e a perder gols, com Rosales e Lucho Gonzalez.
Do outro lado, o Paraguai, de novo, se enervou. Teve dois jogadores expulsos, Martinez e Figueredo. E teve que se contentar com a prata. Uma façanha local, de qualquer forma: é sua primeira medalha olímpica.(FÁBIO SEIXAS)

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