São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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"Rei da rua" pega vítima clássica

Palmeiras, que tem o seu melhor retrospecto em clássicos estaduais no Nacional, enfrenta o Corinthians, que ainda não venceu seus principais rivais em Brasileiros de pontos corridos

EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS

DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians que pega o Palmeiras jamais venceu clássicos paulistas nos Nacionais de pontos corridos. O Palmeiras que pega o Corinthians tem seu melhor desempenho na história contra rivais do Estado em Brasileiros.
É isso que está em jogo hoje, às 16h, no Morumbi, no segundo duelo entre os dois na edição deste ano. No primeiro, os palmeirenses começaram a construir o invejável retrospecto contra seus principais rivais ao vencerem por 4 a 0. Na seqüência, a equipe destronou os santistas pelo mesmo placar e os são-paulinos por 2 a 1.
Nunca o clube do Parque Antarctica, que comemora 90 anos de existência, havia derrotado os seus três principais rivais em uma mesma edição do torneio.
No Parque São Jorge, quando o assunto é clássico, o céu escurece. Desde o início do Brasileiro-2003, os corintianos não sabem o que é vencer -foram cinco derrotas e dois empates. A última vez que ganhou um clássico foi no Paulista do ano passado ao bater o São Paulo por 3 a 2 na decisão.
Na fase anterior, conseguiu também seu último triunfo contra o adversário desta tarde (4 a 2).
"O futebol não tem passado. Vencemos os três clássicos, mas dentro de campo zera tudo, as coisas são mutáveis. Um resultado muda tudo, e a pressão vem independentemente do que foi feito antes", diz o técnico palmeirense, Estevam Soares, que deixou o time concentrado desde o fim da tarde de sexta-feira.
Ele ainda não estava no clube quando sua atual equipe goleou o rival no primeiro turno, ajudou a derrubar o técnico Oswaldo de Oliveira e afundou ainda mais o adversário, em crise na época.
"O Corinthians hoje vive um outro momento, que eu considero muito bom. Essa história de não ter vencido clássicos não afeta os jogadores. Eles passaram por momentos muito piores quando estavam na zona do rebaixamento e superaram", analisa Soares.
Isso é verdade. Os corintianos, hoje, respiram mais aliviados sob o comando de Tite. Deixaram a zona do rebaixamento e hoje são candidatos a uma vaga na Libertadores. "Temos de ter orgulho disso. Nossa equipe é mais madura agora", acredita Tite, que, a exemplo de Soares, também debuta no Corinthians x Palmeiras.
"Temos de saber que esses jogos [clássicos] têm uma dimensão importante, mas não podemos nos inibir", afirma o corintiano, que elogiou bastante os rivais.
"Toda equipe que chega no patamar do Palmeiras tem como grande virtude a força do conjunto", disse o treinador.
A base da equipe, até o início da rodada vice-líder do torneio, foi montada no ano passado por Jair Picerni. Atualmente, o clube festeja em seu aniversário a política "pé no chão" implantada por seu presidente licenciado Mustafá Contursi após a saída da multinacional Parmalat, em 2000.
Mesmo sem grande investimento no futebol, o clube não pensa em grandes parcerias.
Situação bem diferente do arqui-rival, que sonha com a promessa de dólares de um parceiro estrangeiro que incendiou o clube politicamente. A empresa MSI (Media Sports Investments), candidata a controlar o Corinthians, causa desconfiança entre conselheiros, mas já colocou os pés no clube. Seu executivo, o iraniano Kia Joorabchian, dá palpites sobre o time, jantou com Tite e foi observar o treino da última sexta-feira, no Parque São Jorge, fato que irritou influentes cartolas.
Hoje, ele estará no Morumbi para o clássico. E, amanhã, aparecerá pela primeira vez em público com o presidente corintiano, Alberto Dualib, para a primeira coletiva de imprensa da parceria.


Colaborou Paulo Galdieri, da Reportagem Local

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