São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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POLÍTICA

Conselho Federal afirma que Dietmar Samulski, escolhido pelo COB para ir a Atenas, exerce ilegalmente a profissão

Psicologia olímpica do Brasil é questionada

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O psicólogo Dietmar Samulski, reforço da delegação brasileira em Atenas, não é federado e pratica a profissão ilegalmente, acusa o Conselho Federal de Psicologia.
Além do nome do alemão radicado no Brasil há 14 anos não constar nos registros do CFP, a entidade consultou os conselhos regionais, que tampouco tinham Samulski entre os seus filiados.
Segundo o CFP, o fato de não ter registro não o impede de dar aulas ou realizar pesquisas -é professor na UFMG. Mas a entidade diz que ele não poderia prestar atendimento, pois deixou de apresentar uma série de documentos e informações ao conselho.
""Isso é exercício ilegal da profissão. É como prestar atendimento médico sem estar registrado no Conselho Regional de Medicina", compara Katia Rúbio, 42, conselheira do Conselho Regional de Psicologia-SP e professora do curso de educação física da USP.
Após o retorno de Samulski de Atenas, o CRP-SP o convocará para uma reunião. ""Queremos saber o que está acontecendo. Não queremos ver alguém sem a capacidade necessária atuando. Se for mesmo psicólogo, sugeriremos que se registre", afirma Vanda Junqueira, presidente do CRP-SP.
Já o CFP afirma que o psicólogo está passível de sofrer uma ação na Justiça, mas que isso fica ""por conta do Ministério Público".
O chefe médico do COB, João Granjeiro, alega não entender os questionamentos e a ameaça.
""O doutor [Samulski] é o presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte, ninguém pode questioná-lo. E não foi o COB que o pôs lá. Pode ter havido uma falha burocrática e ele não ter enviado alguns documentos, mas provavelmente o fará ao voltar ao Brasil", justifica Granjeiro. ""Ele não dá consulta aos atletas. Em Atenas ele orienta técnicos e comissões técnicas", completa.
As declarações de Granjeiro, porém, conflitam com informações dadas pelo próprio Samulski.
Antes de embarcar para Atenas, ele chegou a afirmar que o principal alvo de suas ações seriam os novatos, como o nadador Thiago Pereira. Na mesma oportunidade, declarou que teria uma sala na Vila para atender individualmente os atletas, até após as provas, para atenuar os traumas de derrota.
Também, logo após desembarcar em Atenas, disse que o melhor para a ginasta Daiane dos Santos era criar uma blindagem para minimizar os efeitos do ambiente de tensão -esse teria sido o motivo de ela não ter dado entrevistas à imprensa antes da final no solo. E recomendou medidas de emergência como ""relaxamento muscular e técnicas de respiração".
Não é a primeira vez que o CFP questiona as credenciais de um profissional convocado pelo COB para cuidar da cabeça dos atletas -Roberto Shinyashiki, que exerceu a função em Sydney, também esteve em sua linha de fogo. ""Ele [o psiquiatra Shinyashiki, que confirmou não ser psicólogo] usava métodos não-reconhecidos pela ciência, como andar em brasas. Agora, o indicado do COB usa métodos ortodoxos, mas não está apto legalmente", diz Junqueira.

FIM DE FESTA
Os paraolímpicos não terão como escapar dos congestionamentos. O governo grego mudou de idéia e extinguirá na terça as faixas para tráfego exclusivo para credenciados. Pelo plano inicial, as faixas seriam mantidas em setembro durante a Paraolimpíada.

DECEPÇÃO DUPLA
Um dia após perderem o ouro no futebol, as jogadoras da seleção foram torcer pelo basquete contra a Austrália. Viram o time de Janeth perder a chance do ouro. O único consolo é que, como apenas sairão da Grécia na quarta-feira, pela primeira vez desfilarão no encerramento.

ORDEM DOS FATORES
Uma cena simples explica a importância dos cavalos no hipismo. A entrevista oficial dos três medalhistas começou atrasada. Antes de os cavaleiros falarem, um veterinário tomou a palavra para informar a condição de saúde de Royal Kaliber, montado pelo americano Chris Kappler e contundido no desempate com Rodrigo Pessoa.

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