TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A FONTANA

Gil de Ferran tenta conquistar hoje, a partir das 17h30, nas 500 Milhas de Fontana, a última etapa da Indy em 2000, mais do que seu primeiro título na categoria. Ferran corre para dar ao Brasil o primeiro título no automobilismo de ponta desde o tricampeonato de Ayrton Senna, em 1991, na F-1.
Ferran corre também para igualar a marca de Emerson Fittipaldi, único brasileiro a conquistar um título da Indy, em 1989. Além disso, o piloto ainda tentará resgatar o prestígio que a categoria desfrutava há alguns anos no país.
Para isso, basta terminar as 250 voltas da prova desta tarde, em Fontana, na Califórnia (EUA), à frente do mexicano Adrian Fernandez, segundo colocado na classificação geral e seu maior adversário na luta pelo título.
Desde 1991, o Brasil não consegue produzir um campeão em nenhuma das duas categorias mais importantes do automobilismo mundial. Após a morte de Ayrton Senna, em 1994, o país sofreu com a ausência de bons resultados, especialmente na F-1.
O país ficou sem vencer uma prova na categoria até julho deste ano, quando Rubens Barrichello conquistou o GP da Alemanha, em Hockenheim, pela Ferrari.
Após o triunfo de Fittipaldi em 89, o mais próximo que o país esteve de um título da Indy foi com o próprio Ferran, em 1997. Correndo pela Walker, o brasileiro perdeu o campeonato para o italiano Alessandro Zanardi.
Mesmo contando com muitos brasileiros nos últimos anos -só neste ano são nove representantes-, nenhum deles conseguiu igualar o feito de Emerson.
O país, no entanto, parece estar reencontrando, aos poucos, o caminho para as vitórias. O maior número de triunfos de brasileiros em uma única temporada havia sido em 1989, com as cinco vitórias obtidas por Emerson.
Este ano, o país conseguiu superar esta marca. Foram sete vitórias nas 19 corridas disputadas. Hélio de Castro Neves foi quem mais venceu: três corridas. Depois vêm Ferran, com duas, e Roberto Moreno e Cristiano da Matta, cada um com uma conquista.
Para a temporada do ano que vem, dez pilotos do Brasil já estão confirmados. Além da dupla Ferran e Castro Neves, na Penske, Moreno, Da Matta, Christian Fittipaldi, Maurício Gugelmin, Tony Kanaan, Luiz Garcia Júnior, Bruno Junqueira e Max Wilson -estes dois últimos farão sua estréia na Indy- serão os representantes do país.
Além deles, ainda existe a possibilidade de a Mo Nunn, atual equipe de Kanaan, correr com mais um carro em 2001.
Os nomes mais cotados para assumir o possível posto são o italiano Alessandro Zanardi (bicampeão da Indy em 1997 e 1998), o norte-americano Jimmy Vasser, que deixa a Ganassi ao final do ano, mas que ainda não definiu seu futuro para a próxima temporada, e o brasileiro Antonio Pizzonia, que foi campeão do Inglês de F-3 nesta temporada.
Além do grande número de brasileiros no próximo ano, outro fator que pode ajudar a aumentar a popularidade da Indy no país em 2001: a TV Record anunciou na semana passada que adquiriu os direitos de transmissão da categoria para o Brasil pelas próximas duas temporadas.
Diferentemente do SBT, atual detentor dos direitos e que transmite apenas VTs das corridas, a Record diz que, além de transmitir todas as provas do ano, ao vivo, irá promover a categoria.
Para Ferran, esse incentivo é o que falta para a Indy atingir um número maior de pessoas. "Quem gosta de corrida, gosta da nossa categoria. As corridas são emocionantes, sempre bem disputadas. É apenas uma questão de expor isso ao público", disse.
Com a possibilidade de ter um brasileiro como campeão e voltando a ser transmitida pela TV aberta em 2001, a Indy tem sua melhor oportunidade de tentar se firmar de vez no Brasil.