São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2000

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PARAOLIMPÍADA
Fabiana Sugimori ganhou a medalha nos 50 m livre na categoria S11, que reúne os cegos totais
Brasileira conquista ouro histórico na natação para cegos

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY

A brasileira Fabiana Sugimori, 19, conseguiu ontem quebrar um tabu nos Jogos Paraolímpicos de Sydney, que terminam hoje.
A atleta foi a primeira nadadora cega do país a conquistar uma medalha em Paraolimpíadas.
Fabiana conquistou a medalha de ouro nos 50 m livre na categoria S11 (cegos totais).
Além disso, a natação conquistou mais três medalhas ontem: prata com Mauro Brasil nos 50 m livre na categoria S9, bronze com Danilo Glesser na mesma prova, mas na categoria S10, e prata com o revezamento 4 x 50 m medley.
No atletismo, o Brasil também conquistou a prata com André de Andrade, nos 200 m rasos na categoria T13 (cegos parciais).
O Brasil ganhou 11 medalhas na natação (uma de ouro, seis de prata e quatro de bronze).
Nos Jogos Paraolímpicos de Atlanta-96, os nadadores brasileiros conquistaram nove medalhas (uma de ouro, duas de prata e seis de bronze).
Fabiana, que fez o melhor tempo nas eliminatórias, liderou a prova desde o início e marcou 33s51. Seu tempo nas eliminatórias havia sido 34s43.
Logo após a prova, o técnico de Fabiana, Luiz Marcelo Ribeiro da Luz, que fica com uma vara para tocar a atleta quando ela se aproxima da borda, ergueu os braços e comemorou.
Só quando saiu d'água e foi abraçada pelo técnico percebeu que havia conquistado o ouro.
"Depois que a prova acabou, pensei "acho que peguei medalha", mas não achava que seria de ouro", afirmou Fabiana, que começou a treinar em 1993.
Antes de Fabiana nadar, a primeira medalha veio com Mauro Brasil. O nadador, que tem amputação congênita da mão direita, havia batido o recorde mundial na eliminatória, com 27s06.
Na final, porém, o chinês Xiaoming Xiong, que já havia sido ouro nos 100 m livre, melhorou seu tempo e marcou 26s36. Brasil terminou a prova com 27s17.
Nos 100 m livre, Brasil também havia se classificado com o melhor tempo, mas ficou em sexto. Antes de Brasil receber sua medalha, Danilo Glasser, 23, disputou os 50 m livre na categoria S10.
O brasileiro saiu bem e até os 25 metros disputou a ponta. Conquistou a medalha de bronze com 25s89. O ouro foi para o canadense Benoit Huot (25s37), e o sul-africano Hannes Venter (25s51) chegou na segunda colocação.
A última medalha do dia veio com o revezamento 4 x 50 m medley para nadadores cujas classificações somem 20 pontos.
Na natação, a classificação de um atleta varia de 1 a 10. Quanto menor o número de classificação, mais prejudicado é o nadador.
A equipe brasileira, que havia batido o recorde mundial na eliminatória, melhorou o tempo na final, mas não foi o suficiente para superar a Espanha.
Quem abriu a prova para o Brasil foi Francisco Avelino, que terminou sua parte na segunda colocação, atrás da equipe da China.
Adriano Gomes, no peito, assumiu a liderança, que foi mantida por Luis Silva, no borboleta.
O nadador de crawl do Brasil foi Clodoaldo Silva, que liderou até os 25 metros finais, mas não conseguiu conter o avanço do espanhol Sebastian Rodriguez. A equipe completou a prova com 2min41s40 contra 2min39s94 dos espanhóis.
O Brasil terminou a competição com 21 medalhas (seis de ouro, dez de prata e cinco de bronze).


O jornalista Fernando Itokazu viajou a convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro


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