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POLÍTICA
Após fim do Indesp, alterações devem prosseguir
Governo quer aproveitar CPIs do futebol para mudar leis do esporte
SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após ter extinguido o Indesp
(Instituto do Desenvolvimento
do Esporte), o governo federal
quer aproveitar a CPI do Futebol,
instalada no Senado, para intensificar mudanças no esporte.
Os governistas pretendem obter
apoio no Congresso para modificar a legislação e ampliar o percentual de impostos pagos por jogadores e clubes.
As alterações envolvem leis e
dispositivos relacionados à Receita Federal, ao Banco Central e ao
Ministério da Previdência e Assistência Social.
Segundo a assessoria do secretário da Receita Federal, Everardo
Maciel, ele espera que a discussão
na CPI, que investiga supostas irregularidades em transações feitas com jogadores e acusações de
sonegação de impostos, garanta
respaldo para projetos que tramitam no Congresso aumentando o
poder de fiscalização do órgão.
Entre as principais mudanças
previstas nos projetos, de acordo
com a assessoria, está uma maior
autonomia para a Receita quebrar
sigilos bancários em casos de suspeita de sonegação.
As principais causas de sonegação no futebol investigadas pela
Receita são declaração de salários
irreais de jogadores e técnicos e
recolhimento de tributos sobre
venda de atletas por valores abaixo do necessário.
O ministro da Previdência,
Waldeck Ornélas, quer mais. Ele é
contra o privilégio de os clubes
não precisarem recolher 20% da
folha de pagamento para a Previdência e se limitarem a pagar 5%
da receita dos jogos.
Ele quer que as regras para empresas tenham validade também
para clubes, mas não pretende
apresentar um projeto mudando
a legislação. Espera que a comissão o faça. "A CPI é o momento
oportuno e oferece uma chance
ímpar para discutir a questão."
Para o ministro, a vantagem de
um projeto apresentado pela CPI
em relação a um do governo está
no fato de uma proposta da comissão já surgir com maior respaldo entre os parlamentares.
Pelos cálculos do ministério, os
clubes deixam de recolher cerca
de R$ 60 milhões por ano devido
ao privilégio.
Segundo o senador Álvaro Dias
(PSDB-PR), presidente da CPI,
em conversa com técnicos do
Banco Central ficou acertado que
receberá sugestões para a criação
de novos dispositivos legais que
tornem mais eficaz a fiscalização
sobre a entrada de dinheiro no
país com a venda de jogadores para clubes estrangeiros.
"Eles oferecerão subsídios para
que a comissão faça propostas. Os
técnicos estão satisfeitos e acham
que a CPI será uma boa experiência para aperfeiçoar a legislação."
O senador disse ter ficado surpreso ao ser informado pelo BC
de que parte da tributação da venda de jogadores é feita com base
em um decreto de 1920.
Ao contrário de CPIs recentes
que investigaram o governo e enfrentaram resistência do Executivo, a comissão que vasculha o futebol tem contado com a simpatia
do Palácio do Planalto.
Além de Dias, que é do partido
do presidente Fernando Henrique Cardoso, outro principal dirigente da CPI é Geraldo Althoff
(SC), o relator, que é do PFL.
Entre os demais membros da
comissão, um dos mais atuantes é
o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF).
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