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AMIGO DO PEITO
Promessa do vôlei descobre problema em exame de rotina no clube
Danielle, 19, monitora o coração
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A ducha de água fria caiu em
um exame de rotina. Atleta, 19
anos, vida saudável, Danielle
Lins tinha arritmia no coração.
Uma das principais apostas
do técnico José Roberto Guimarães, a levantadora viu seus sonhos desabarem após a melhor
temporada de sua vida e pôs em
estado de alerta a equipe médica
do Osasco, seu clube.
"Quando o exame mostrou
arritmia, não me assustei. Mas,
quando disseram que poderia
parar de jogar, mexeu comigo."
Durante os dois primeiros
meses após o diagnóstico, a jogadora não subia nem escada.
Enquanto isso, passava por uma
série de exames Instituto do Coração, e todos eles davam sempre o mesmo resultado: nada.
Apesar das notícias animadoras, Danielle não conseguiu lidar com a distância da quadra.
Entrou em depressão, emagreceu seis quilos e fazia planos de
"fugir" para jogar no exterior,
onde não saberiam de nada.
"Eu chorava o dia inteiro. As
coisas só mudaram um pouco
quando o pessoal daqui [Osasco] me falou: "Dani, encare isso
como uma torção de joelho".
Deus me deu essas férias forçadas, eu tinha de me acostumar",
diz a jogadora, que teve acompanhamento psicológico.
Depois de dois meses parada,
Danielle começou, aos poucos,
a treinar, sempre monitorada
por um freqüencímetro. Atado
ao peito, o aparelho media seus
batimentos. Até hoje, quatro
meses depois do exame, nada
de anormal foi detectado, apesar das escapulidas da atleta.
"No começo, eu só podia pegar uns pesinhos de um quilo,
era horrível. Eu fiz coisas escondida, joguei vôlei de praia, pulei
de bungee jump. Levei até bronca", diverte-se a levantadora.
Danielle tem feito testes mensais no Incor. O período de monitoramento é de seis meses e,
se os resultados continuarem
como agora, ela deve ser liberada para jogar em janeiro.
"Não sabemos o que causou a
arritmia, mas o coração dela está normal, e os exames têm sido
satisfatórios. Uma explicação
possível é que um dos remédios
que ela tomou para uma gripe
muito forte possa ter provocado
a alteração", explica Laércio
Ricco, médico do Osasco.
Danielle deve voltar ao time
no meio da Superliga e ser a terceira levantadora. Hoje, as opções são Gisele (titular) e Ana
Cristina. No último Nacional,
ela ficou no banco de Fernanda
Venturini nas finais. A atleta ganhou a vaga, principalmente,
por causa da atuação surpreendente na conquista do Paulista-2003, disputado pelo clube com
uma base juvenil.
A pernambucana começou a
jogar vôlei aos 12 anos por pressão dos pais -um colégio no
Recife ofereceu bolsa de estudos
para tê-la na quadra. Na época,
faltava aos treinos para nadar.
Em pouco tempo, Danielle se
destacou, chegou à seleção pernambucana e, sem seguida, à
juvenil -tinha dois anos a menos que as companheiras. Aos
15, foi para São Paulo e iniciou
uma ascensão meteórica.
Agora, aguarda ansiosa o último exame. Para voltar a jogar e
a pular Carnaval em casa.
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