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Amargas ironias do futebol
MATINAS SUZUKI JR.
do Conselho Editorial
Meus amigos, meus inimigos,
o futebol, às vezes, é tecido naquela amarga ironia que carregam as personagens dos chamados "filmes noir" (confira
no ótimo "Los Angeles Cidade
Oculta", em cartaz).
Veja o caso do técnico Wanderley Luxemburgo. Há tempos que ele insiste na idéia da
importância de um time econômico em cartões, sejam
amarelos ou vermelhos.
Luxemburgo vinha demonstrando aos jogadores, baseado
em estatísticas, que o excesso
de cartões prejudica o rendimento de uma equipe no decorrer da competição.
Baseado nessa estatística,
Luxemburgo, aos poucos, foi
conseguindo fazer do Santos
um time disciplinado.
Tanto esforço durante a fase
inicial e, paradoxalmente, em
uma partida na qual o time se
impôs com todos os méritos,
quase tudo despenca ladeira
abaixo, na hora decisiva.
É mais fácil para o Santos
cair na tentação da idéia segundo a qual enquanto Ricardo Teixeira estiver na presidência da CBF, ele dificilmente será o campeão brasileiro.
É mais cômodo acreditar
nessa hipótese (que pode ter
um pouquinho ou muito de
verdade, não sei; os erros do
juiz, no Pacaembu, na final
contra o Botafogo, por exemplo, são erros que qualquer
juiz poderia cometer. De qualquer maneira, se não vai prejudicar, é certo também que
Teixeira não vai ajudar o Santos de Pelé) do que analisar as
deficiências do time -na verdade, o que atrapalhou o time
foi a derrota para o Atlético,
na início da segunda fase.
Por outro lado, não deixa de
ser intrigante o número de vezes que o juiz Cláudio Vinícius
Cerdeira teve atritos com o
técnico santista Wanderley
Luxemburgo. Essa é uma questão que os responsáveis pela
mudança na arbitragem brasileira devem investigar, sob pena de seu difícil trabalho perder de vez a credibilidade.
A partida em Porto Alegre
será dificílima para o Santos,
que fica sem três importantes
jogadores (Muller, Dutra e
Marcos Assunpção), pois o Inter tentará tudo para reconquistar o direito de sonhar.
Esta coluna escreveu que
Luiz Felipe Scolari deveria
manter o Euller no ataque pela
mística de jogar no Mineirão:
não deu outra. Euller fez um
gol inusitado até para o seu
próprio padrão.
O trabalho do Palmeiras ficou mais fácil porque, psicologicamente, o Atlético está muito abatido. Leão, que se revelou um ótimo técnico, perdeu o
controle emocional, e os dirigentes atleticanos mostraram
que estão despreparados para
os tempos modernos no futebol. O Galo terá que enfrentar
o seu próprio abatimento, antes de enfrentar o Palmeiras.
O Vasco, com tudo na mão,
precisa tomar tenência. Não
andou tão bem contra o Flamengo e poderia ter perdido o
jogo contra a Lusa -que também atribui a um erro do juiz
a sua derrota.
O Palmeiras, que pegou um
grupo mais competitivo, está
com a atmosfera a seu favor e
tem tudo para sair deste
fim-de-semana como um finalista do Brasileiro de 97.
O Vasco também pode sair
finalista, mas terá que vencer
uma Lusa mais motivada do
que o Atlético e disposta a
mostrar pelo menos um bom
serviço no fim de tudo.
Matinas Suzuki Jr. escreve às terças, quintas e
sábados
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