São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997.



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JUCA KFOURI
O faroeste

O diretor da CBF Gilberto Coelho é uma peça.
Dois anos atrás, ele anunciou, solenemente: "Vamos moralizar o Campeonato Brasileiro".
Então, ele não só reconheceu que o torneio de cuja organização ele já participava há muito tempo não tinha credibilidade como, ainda por cima, falhou em sua promessa.
A final de 1995 foi o que foi, aquele show de erros no jogo entre Santos e Botafogo, e o campeonato de 1996 deu origem ao Vergonhão-97.
Ele prometera, ainda, que não veríamos mais invasões de campo, coisa que, como se sabe, continuamos a ver. E cada vez mais.
Agora, o esperto Coelho constata: "O futebol está ficando igual a um faroeste".
E por quê?
Erros de arbitragem são comuns pelo mundo afora desde que o futebol foi inventado. E assim será, sempre.
O faroeste brasileiro tem sua origem na desconfiança de que por aqui os erros não são naturais, mas armados.
É claro que razões não faltam para isso, até porque nenhum árbitro foi publicamente punido no escândalo que pegou Ivens Mendes para bode expiatório, caro e silencioso bode expiatório.
O maior problema do faroeste nacional, no entanto, nem é esse.
Originais como são os cartolas brasileiros, nosso faroeste futebolístico tem mais bandidos que mocinhos e, ainda pior, os mocinhos sempre perdem no fim.

Denílson que se cuide. Ou bota já a cabeça no lugar, e uma terapia seria mais que aconselhável para equilibrá-lo diante de tantas e tão repentinas mudanças em sua vida de menino humilde, ou logo logo estará sendo comparado a Edmundo, que tem origem muito parecida.

Quando ainda tentava uma saída conciliatória para a questão das torcidas organizadas, o promotor público Fernando Capez se reuniu com alguns de seus membros.
Com franqueza, reconheceu, por exemplo, que a punição de apenas uma pessoa no conflito que resultou em morte na decisão da Taça São Paulo de futebol júnior fôra insuficiente e, ingenuamente, disse que a prefeitura paulistana e a PM também mereciam punição, algo que, então, não foi possível.
O que Capez não sabe é que suas conversas foram gravadas por aqueles com quem buscava soluções, prova de que gente fina é outra coisa.



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