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JUCA KFOURI
O faroeste
O diretor da CBF Gilberto
Coelho é uma peça.
Dois anos atrás, ele anunciou, solenemente: "Vamos
moralizar o Campeonato Brasileiro".
Então, ele não só reconheceu
que o torneio de cuja organização ele já participava há
muito tempo não tinha credibilidade como, ainda por cima, falhou em sua promessa.
A final de 1995 foi o que foi,
aquele show de erros no jogo
entre Santos e Botafogo, e o
campeonato de 1996 deu origem ao Vergonhão-97.
Ele prometera, ainda, que
não veríamos mais invasões
de campo, coisa que, como se
sabe, continuamos a ver. E cada vez mais.
Agora, o esperto Coelho
constata: "O futebol está ficando igual a um faroeste".
E por quê?
Erros de arbitragem são comuns pelo mundo afora desde
que o futebol foi inventado. E
assim será, sempre.
O faroeste brasileiro tem sua
origem na desconfiança de
que por aqui os erros não são
naturais, mas armados.
É claro que razões não faltam para isso, até porque nenhum árbitro foi publicamente punido no escândalo que
pegou Ivens Mendes para bode expiatório, caro e silencioso bode expiatório.
O maior problema do faroeste nacional, no entanto,
nem é esse.
Originais como são os cartolas brasileiros, nosso faroeste
futebolístico tem mais bandidos que mocinhos e, ainda
pior, os mocinhos sempre perdem no fim.
Denílson que se cuide. Ou
bota já a cabeça no lugar, e
uma terapia seria mais que
aconselhável para equilibrá-lo diante de tantas e tão
repentinas mudanças em sua
vida de menino humilde, ou
logo logo estará sendo comparado a Edmundo, que tem origem muito parecida.
Quando ainda tentava uma
saída conciliatória para a
questão das torcidas organizadas, o promotor público
Fernando Capez se reuniu
com alguns de seus membros.
Com franqueza, reconheceu,
por exemplo, que a punição
de apenas uma pessoa no conflito que resultou em morte na
decisão da Taça São Paulo de
futebol júnior fôra insuficiente e, ingenuamente, disse que
a prefeitura paulistana e a
PM também mereciam punição, algo que, então, não foi
possível.
O que Capez não sabe é que
suas conversas foram gravadas por aqueles com quem
buscava soluções, prova de
que gente fina é outra coisa.
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