São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

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TOSTÃO

Estou ultrapassado


Não aprendi a comentar os melhores momentos nem sei enxergar os detalhes de duas partidas ao mesmo tempo


MUITOS DOS melhores do Brasileiro não são os melhores. Estão melhores, parafraseando o ex-ministro Eduardo Portella. Nem os melhores da última fase da competição, por serem mais lembrados, foram os melhores durante a maior parte do campeonato. Da mesma forma, o melhor jogador do mundo (Ronaldinho) talvez não tenha sido o melhor do ano.
Apesar de ser um torneio curto, a Copa tem um peso maior. Escolheria entre ele, Henry e Buffon. Cannavaro foi o melhor zagueiro do Mundial, mas o melhor zagueiro do mundo, para mim e para o Felipão, é o inglês Terry, do Chelsea.
Não dá também para ver tantos jogos nem observar todas as equipes do Brasileiro com a mesma freqüência. Ainda não aprendi a ser comentarista dos melhores momentos, não sei enxergar os detalhes técnicos e táticos de duas partidas ao mesmo tempo nem tenho o hábito de ler resumos pela internet.
Estou ultrapassado. No gol, Rogério Ceni é indiscutível. Bruno, mesmo jogando poucos jogos, é a revelação de maior potencial, como já demonstrara no Atlético-MG. Dos três laterais direitos escolhidos na votação da CBF e da TV Globo, dois (Souza e Paulo Baier) são alas, jogadores de meio-campo, e não laterais. O terceiro, Ilsinho, atuou pouco tempo.
Por isso, por exclusão, e para a surpresa da maioria, voto no Leonardo Moura, que sempre jogou bem nas partidas que vi do Flamengo, apesar de um amigo dizer que ele jogou mal em todas as outras.
Fabão e Fabiano Eller, seguidos do Luis Alberto, foram os zagueiros que mais me agradaram. Na lateral esquerda, fico na dúvida entre Kléber e Jadilson. Marcelo é a grande promessa para substituir o Roberto Carlos na seleção. Isso se ele aprender a diferença entre lateral e ala e se rebolar menos e passar menos o pé em cima da bola.
Vi bons volantes, como Mineiro, melhor jogador do campeonato, Josué e Lucas, a revelação da competição. Progressivamente, os volantes brucutus e os que passam o jogo todo correndo atrás de um adversário, sem saber se são zagueiros ou armadores, chegam geralmente atrasados e são driblados, como Marcinho, estão sendo substituídos por volantes mais leves, com bom passe, que marcam e ainda chegam ao ataque.
Apareceram bons meias, como Hugo, Zé Roberto, do Botafogo, Renato, do Flamengo, Morais, Sandro, do Paraná, Tcheco, Wagner e outros. Voto no Zé Roberto e no Hugo. Zé Roberto, o do Santos, é o melhor de todos, mas jogou pouco.
Difícil é encontrar bons atacantes, com exceção do Fernandão, o mais inteligente jogador do campeonato. Citaria ainda o artilheiro Souza e o Soares, do Figueirense.
Muricy Ramalho e Abel Braga já fazem parte dos melhores técnicos brasileiros. Por isso, voto no Mano Menezes, como representante de uma nova geração de bons treinadores. Ele, Renato Gaúcho, Caio Júnior e Waldemar Lemos tiveram bons resultados com elencos modestos.
As ausências de Luxemburgo e Leão na maioria das listas dos melhores -os dois também foram bem- reflete uma tendência de valorizar técnicos menos posudos e menos agressivos. Luxemburgo, como já percebeu isso, tem mudado seu comportamento. Falta o Leão.
Por causa da desorganização de quase todos os clubes, treinadores mais espertos e com mais conhecimentos dentro e fora de campo, como Leão e Luxemburgo, assumiram muitos poderes. Isso pode ser momentaneamente bom, porém é péssimo para o futebol a médio e longo prazo, além de ser antidemocrático.
O treinador é só um dos componentes de uma comissão técnica, mesmo sendo o mais importante.

tostao.folha@uol.com.br


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