São Paulo, domingo, 29 de novembro de 1998

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JUCA KFOURI
O jogo da Vila

Pelo regulamento antigo, é sabido, Corinthians e Santos teriam sido eliminados pelo saldo de gols nas quartas-de-final do Campeonato Brasileiro.
Pelo novo, ao menos, há, como houve, chance para reparar a injustiça.
E o Santos joga na Vila Belmiro contra o Corinthians apenas a sua melhor possibilidade de sair na frente nas semifinais.
O "apenas" se justifica porque neste campeonato mesmo, na primeira fase, o Santos derrotou o Corinthians no Morumbi, que, como o Pacaembu, tende à neutralidade quando reúne duas equipes paulistas.
Certamente, não haverá canos que vazam providencialmente na hora do jogo, como ocorreu para vergonha da administração do estádio na partida entre Corinthians e Grêmio, na quarta-feira, em prejuízo dos gaúchos ao resultar numa inundação com óbvio sentido de vingança pelo corte da refrigeração no vestiário paulista por ocasião do jogo no Olímpico -enfim, práticas típicas de um futebol de Terceiro Mundo no quesito organização.
Na primeira fase, o Santos ganhou cinco pontos a menos que o Corinthians, ambos marcaram os mesmos 46 gols, e o time de Leão sofreu um gol a menos, 29 a 30.
Nas quartas-de-final, o Corinthians pegou um adversário incomparavelmente mais tradicional que o Sport, porém com campanha inferior à do time pernambucano.
E o Santos marcou seis gols, sofreu quatro, contra dois marcados e sofridos pelo Corinthians.
O saldo santista é de 19 tentos (mesmo número da artilharia de Viola), contra 16 do Corinthians, que, no entanto, permanece com cinco pontos de vantagem, 16 vitórias contra 13.
É tudo muito equilibrado, muito parecido, até nas reclamações dos dois técnicos, Leão e Luxemburgo.
Leão, por exemplo, está feliz, enfim, com a atuação de Cláudio Cerdeira na derradeira partida contra o Sport, e Luxemburgo gostou de Márcio Rezende de Freitas contra o Grêmio.
Se a CBF, porém, ainda escalar qualquer um deles, ou ambos, o mundo virá abaixo, porque o primeiro é o desafeto particular número um do técnico corintiano, e o segundo é o inimigo público da nação santista.
Tudo para dizer que neste jogo não tem favorito, embora o Corinthians tenha mais chances de ser o finalista ao fim dos três quase inevitáveis jogos.



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