São Paulo, quarta-feira, 30 de janeiro de 2002

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Em busca de fôlego na CBF, dirigente quer se envolver mais com seleção

Teixeira agora é manager

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, 54, quer ser o "manager" da seleção brasileira do técnico Luiz Felipe Scolari.
Apesar de o ministro do Esporte e Turismo, Carlos Melles, afirmar que Teixeira renuncia no próximo sábado, o dirigente faz planos para a Copa do Mundo.
"Na Coréia e no Japão vou ficar "full time" com a seleção, me envolver diretamente, trabalhar da mesma forma que trabalhei em 1994, nos Estados Unidos", diz.
No cargo há 13 anos, o dirigente se recusa a comentar a possibilidade de renúncia: "Respeito o ministro, mas prefiro não falar nada sobre isso. Sigo trabalhando".
Investigado no ano passado por duas CPIs do Congresso, o presidente da CBF sabe que uma vitória brasileira na Copa será o seu maior trunfo para combater os adversários e permanecer no cargo até o final do mandato (2003).
Teixeira diz que em 1998 se afastou da seleção na França, quando delegou poderes para assessores e parentes. "Não foi a coisa certa."
Na atual seleção, o cargo de "manager" continua aberto.
Agora, após seis meses literalmente ausente da CBF, período no qual esteve mais preocupado com as CPIs que devassaram seus negócios e os da confederação, ele, que ganhou fama de preferir a Bolsa de Valores aos estádios, tenta se reaproximar da seleção.
O dirigente tem participado das negociações em torno da preparação dos amistosos do time.
Anteontem, costurou os últimos detalhes da partida contra a Iugoslávia, dia 27 de março, em Fortaleza. Seu maior empenho, porém, é pela volta do atacante Ronaldo à seleção. "Ele é muito importante para o time."
Em 2001, Scolari reclamou a amigos que Teixeira o havia "abandonado". Agora, os dois ensaiam uma parceria, após o dirigente ter mantido o treinador.
"Semana passada, não me lembro o dia exato, almocei com o Scolari. Ele contava com a volta do Ronaldo [atacante da Inter". Estava entusiasmado."
Teixeira não acompanhará o amistoso de amanhã, contra a Bolívia, em Goiânia, pois estará no Paraguai. Em compensação, disse que irá para a Arábia Saudita, onde o time nacional joga no dia 6.
A preparação da seleção brasileira não será o único motivo de preocupação do dirigente, que se recusa a comentar o que chama de "passado" -leia-se CPIs.
À frente, além da Copa, também estão a Justiça e o governo federal.
O relatório da CPI do Futebol do Senado foi aprovado por unanimidade e sugeriu o indiciamento do presidente da CBF ao Ministério Público por suspeita de vários crimes, negados por Teixeira.
No próximo dia 7 de março, Teixeira tem depoimento marcado na Polícia Federal, em inquérito instaurado a pedido do Ministério Público, que investiga empréstimos feitos pela entidade no Delta Bank (EUA) em 1998.
A disputa não se dá apenas no Judiciário. Até o dia 15 próximo, o Ministério do Esporte promete que o governo editará uma medida provisória que, se sair como quer o Senado, abrirá caminho para uma intervenção na CBF.


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