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"Patriotismo" ameaça Pequim
A cem dias dos Jogos, líderes encaram nacionalismo chinês crescente reativo a críticas estrangeiras
Nos Estados Unidos e na China, cientistas políticos divergem quanto a alegado "desastre das relações públicas" da Olimpíada
DA REPORTAGEM LOCAL
A cem dias da abertura dos
Jogos Olímpicos, em 8 de agosto, Pequim encara um novo desafio. Além de tentar blindar o
evento de questões políticas no
plano internacional, terá que
coibir manifestações mais exaltadas do nacionalismo chinês.
Dentro e fora do país de
maior população mundial, chineses se manifestam em reação
aos protestos que afetaram
eventos ligados aos Jogos
Olímpicos, como o revezamento da tocha, cuja fase internacional foi encerrada ontem
com a passagem pelo Vietnã.
Por exemplo: depois que uma
paraatleta chinesa foi acossada
em Paris enquanto segurava a
tocha, em uma das mais conturbadas passagens do fogo
olímpico pelo mundo, houve
protestos em frente a lojas da
rede de supermercados Carrefour em 12 cidades chinesas.
Anteontem, o "New York Times" relatou que os tradicionalmente calados universitários chineses nos EUA também
aumentaram o tom ao debater
sobre a questão do Tibete.
A publicação registrou ainda
que houve chineses nos EUA
que fizeram viagens de outros
Estados até Atlanta, na Geórgia, para protestar diante da sede da CNN contra um comentário que julgaram preconceituoso feito por um dos analistas
da rede de TV.
"A liderança chinesa tem um
grande problema de relações
públicas nas mãos", declarou
David L. Shambaugh, cientista
político e diretor do programa
de políticas chinesas da Universidade George Washington.
"O governo e os cidadãos estão envolvidos agora em travar
uma guerra de propaganda envolvendo o mundo ocidental e,
particularmente, sua mídia",
declarou ele, que foi ainda mais
enfático. "Essa postura, combinada com o hipernacionalismo
chinês, têm os ingredientes de
um desastre de relações públicas para os Jogos Olímpicos",
concluiu o analista.
Do outro lado do mundo, sua
avaliação é contestada.
"Acredito que a imagem da
Olimpíada da China ainda é
boa", declarou o cientista político Jin Yuanpu, diretor-executivo do Centro Olímpico Humanístico da Universidade
Renmin, em Pequim.
"São apenas a mídia e alguns
ocidentais que aproveitam a
oportunidade para nos atacar.
Os chineses estão se esforçando ao máximo para serem bons
anfitriões", completou ele.
"Para mim, esses Jogos permanecem como um mistério
que pode ir em várias direções",
resumiu o historiador olímpico
David Wallenchinsky, que cobriu 12 edições do evento e se
opôs à escolha de Pequim. "Não
acho que os Jogos mudarão a
China nem mesmo o controle
do Partido Comunista Chinês."
Com agências internacionais
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