São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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MEMÓRIA

Cruzamentos são seculares e ainda decidem Mundiais

DO ENVIADO A YOKOHAMA

O futebol começou mesmo para valer no século retrasado com os ingleses, o que significa dizer que ele começou pelo alto.
A opção pelo chamado ""chuveirinho" deve-se à rapidez com que se chega ao gol adversário dessa forma. A ligação direta com o ataque, setor que concentrava os jogadores nos primórdios, foi a tônica dos britânicos, que influenciaram o mundo.
Nos anos 20, o Uruguai ganhou duas medalhas de ouro olímpica praticando o que marcaria o futebol sul-americano, o toque de bola. Os passes curtos e as tabelas tiraram de moda as bolas constantes alçadas à área.
Mas a estratégia permanecia bem viva na Europa, onde os atacantes, até pelo físico, eram bons nas bola cruzadas.
A Itália ganhou as Copas de 1934 e 1938 com a defesa fechada e chutões para a frente que pegavam os rivais no contra-ataque.
Após a Segunda Guerra, a bola voltou a ficar mais no chão. A Hungria marcou época em 1954 fazendo gols com cinco ou mais atletas tocando na bola, quase sempre de forma rasteira.
Os cruzamentos à área continuavam, mas foram aperfeiçoados. Na decisão de 1958, Garrincha chegou à linha de fundo duas vezes e cruzou rasteiro para Vavá marcar. Pelé aproveitou dois cruzamentos pelo alto para marcar duas vezes também.
Curiosamente, quando a Inglaterra foi campeã mundial, as jogadas pelo meio deram o tom. Bobby Charlton trabalhava bem a bola, como no belo gol contra Portugal na semifinal de 1966, e Hurst decidiu sem usar a cabeça.
Em 1970, o Brasil explorou bem os lançamentos. Gérson mandava a bola desde o meio-campo para Pelé com maestria. Na final, mesmo desajeitado, Rivellino cruzou para ele cabecear.
Quatro anos mais tarde, a Holanda daria show com a bola no chão e muita movimentação.
Paolo Rossi, Maradona, Matthaus, Romário e Ronaldo não foram boas referências para os cruzamentos nos anos seguintes. Mas a Copa passada, apesar de ter sido técnica, foi decidida com duas cabeçadas de Zidane após escanteios. (RBU)



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