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MEMÓRIA
Cruzamentos são seculares e ainda decidem Mundiais
DO ENVIADO A YOKOHAMA
O futebol começou mesmo
para valer no século retrasado
com os ingleses, o que significa
dizer que ele começou pelo alto.
A opção pelo chamado ""chuveirinho" deve-se à rapidez com
que se chega ao gol adversário
dessa forma. A ligação direta
com o ataque, setor que concentrava os jogadores nos primórdios, foi a tônica dos britânicos,
que influenciaram o mundo.
Nos anos 20, o Uruguai ganhou duas medalhas de ouro
olímpica praticando o que marcaria o futebol sul-americano, o
toque de bola. Os passes curtos e
as tabelas tiraram de moda as
bolas constantes alçadas à área.
Mas a estratégia permanecia
bem viva na Europa, onde os
atacantes, até pelo físico, eram
bons nas bola cruzadas.
A Itália ganhou as Copas de
1934 e 1938 com a defesa fechada
e chutões para a frente que pegavam os rivais no contra-ataque.
Após a Segunda Guerra, a bola
voltou a ficar mais no chão. A
Hungria marcou época em 1954
fazendo gols com cinco ou mais
atletas tocando na bola, quase
sempre de forma rasteira.
Os cruzamentos à área continuavam, mas foram aperfeiçoados. Na decisão de 1958, Garrincha chegou à linha de fundo
duas vezes e cruzou rasteiro para Vavá marcar. Pelé aproveitou
dois cruzamentos pelo alto para
marcar duas vezes também.
Curiosamente, quando a Inglaterra foi campeã mundial, as
jogadas pelo meio deram o tom.
Bobby Charlton trabalhava bem
a bola, como no belo gol contra
Portugal na semifinal de 1966, e
Hurst decidiu sem usar a cabeça.
Em 1970, o Brasil explorou
bem os lançamentos. Gérson
mandava a bola desde o meio-campo para Pelé com maestria.
Na final, mesmo desajeitado, Rivellino cruzou para ele cabecear.
Quatro anos mais tarde, a Holanda daria show com a bola no
chão e muita movimentação.
Paolo Rossi, Maradona, Matthaus, Romário e Ronaldo não
foram boas referências para os
cruzamentos nos anos seguintes. Mas a Copa passada, apesar
de ter sido técnica, foi decidida
com duas cabeçadas de Zidane
após escanteios.
(RBU)
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