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POLÍTICA
Dirigente ganha novo mandato e diz que enxugará os gastos da Fifa nos próximos anos
Blatter se reelege e, mais forte, promete arrocho
DO ENVIADO A SEUL
Joseph Blatter ganhou ontem
mais quatro anos de mandato à
frente da Fifa e alargou sua base
de apoio dentro da entidade, como mostram os números de sua
vitória sobre Issa Hayatou.
Mas tem agora pela frente o desafio de sangrar o orçamento da
entidade sem comprometer os
programas de desenvolvimento
ao esporte que foram fundamentais para sua reeleição.
A urna não deixou dúvidas
quanto à hegemonia política do
suíço entre as federações.
Ele obteve 139 votos contra 56
do rival. Conseguiu, assim, mais
de dois terços dos votos válidos, o
necessário para chegar à vitória
no primeiro turno, algo que não
conseguira há quatro anos, quando foi eleito pela primeira vez.
"Foi triste, mas acabou", disse,
em referência à troca de ofensas
que marcou o fim da campanha.
A batalha que o espera agora é
com a calculadora. Os orçamentos aprovados ontem, pouco antes do pleito, mostram preocupação com o futuro do caixa da Fifa.
Planeja-se, por exemplo, gastar
em 2005, ano final de preparação
para a Copa, 40% a menos do que
no ano passado. Segundo estimativa apresentada no Congresso de
ontem, a economia da Fifa nos
próximos quatro anos terá de ser
superior a US$ 600 milhões.
A batalha está no começo. Momentos antes de passar pelo crivo
das urnas, Blatter recebeu da Costa Rica um pedido público de dinheiro. "Temos de controlar os
orçamentos", respondeu.
Muitas federações estão preocupadas com a manutenção dos
repasses que recebem hoje. O novo presidente da Fifa se limitou a
garantir que tem "certeza de que
2003 e 2004 está coberto".
Pelo orçamento, os projetos de
desenvolvimento do futebol serão
apresentados à nova realidade da
entidade. Em nenhum dos próximos quatro anos o programa terá
os US$ 116 milhões que lhe foram
destinados em 2001.
A discussão é sobre como a Fifa
pode continuar investindo no desenvolvimento do esporte diante
da necessidade de tirar o pé do
acelerador do caixa. E, entre o calor da campanha e o alívio da vitória, a diferença de tom foi clara.
Num dos momentos acalorados
do debate de seis horas ontem, o
americano Chuck Blazer, do Comitê Executivo da Fifa, subiu à tribuna para defender Blatter e afirmou: "Se fôssemos uma companhia, não estaríamos obrigados a gastar dinheiro no desenvolvimento do esporte".
Reeleito, o suíço disse algo que
vai quase no sentido oposto, para
pavor das federações: "Nós precisamos ser uma companhia comercial [pela lei suíça, a Fifa é hoje uma associação". E uma companhia comercial tem de ter um
mecanismo de autocontrole. É o
passo mais importante que tomaremos nos próximos meses".
Após uma campanha desgastante, seu sucesso nessa nova empreitada será fundamental para
conservar o apoio que demonstrou ter ontem -embora ele diga
que não pretende continuar no
poder. "Não é minha intenção
cumprir seis mandatos, como o
doutor João Havelange", declarou
Blatter, 66.
(ROBERTO DIAS)
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