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Para clubes, exposição de dados derrubará mito
DO PAINEL FC
E DA REPORTAGEM LOCAL
A obrigatoriedade da divulgação dos borderôs abre caminho
para que os clubes, segundo suas
palavras, desmistifiquem a noção
de que arrecadam centenas de milhares de reais com os jogos.
Com o detalhamento das despesas que têm ao entrarem em campo, os clubes mostram que muitas de suas partidas são deficitárias.
"Os borderôs provam que não é
fácil fazer futebol no Brasil. Para
obtermos R$ 25 mil de receitas,
precisamos arrecadar mais de
R$ 100 mil. Esses R$ 25 mil [de
Corinthians x Juventude] muitas
vezes não bastam nem para pagar
o bicho dos jogadores", afirma
Carlos Roberto de Mello, diretor
financeiro do clube paulista.
Mello faz referência às despesas
que consumiram R$ 80.287,86, ou
75,8%, da receita bruta, que totalizou R$ 105.895 (9.071 pagantes).
Um dos principais gastos é com
o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que leva 5% da arrecadação bruta e 20% dos pagamentos para a mão-de-obra, como arbitragem e antidoping. Outros 5% do total são retidos segundo o acordo para quitar as dívidas dos clubes com o órgão.
Os dirigentes reclamam ainda
que existem taxas indevidas. Um
clube do Sul do país que disputa a
primeira divisão e pede para não
ser identificado, com medo de retaliação, contesta os 5% que são
retidos pelas federações estaduais, a despeito de elas não terem despesas com os jogos.
Para que possam pensar em
promoções que atraiam o torcedor, alguns clubes do país, casos
de São Paulo e Vitória, têm feito
estudos para saber qual o público
necessário para que tenham retorno de bilheteria no orçamento.
O Vitória, por exemplo, diz que
para não ficar no vermelho ao jogar no Barradão tem de reunir pelo menos R$ 4.000 pagantes, com
ingresso a R$ 10. Mas a regra não é
universal, pois o Atlético-MG já
registrou prejuízo mesmo tendo
no jogo mais de 6.000 pagantes.
"Quando a renda fica em torno
de R$ 100 mil, levamos só uns
22%. Para uma receita razoável,
de R$ 100 mil, precisaríamos arrecadar R$ 300 mil. O que só viria
com 25 mil pagantes", diz João
Paulo de Jesus Lopes, diretor financeiro do São Paulo.
Jesus Lopes conta que nas cinco
partidas do clube no Morumbi,
pelo Brasileiro, o público somado
foi de 29.537 pessoas, e a renda líquida total, de R$ 107.936. "Todo
mundo ganha dinheiro com o futebol. Mas quem paga a conta é
sempre o clube", reclama.
Com as novas obrigações do Estatuto do Torcedor, há ainda
quem defenda que as despesas sejam divididas com o torcedor, via
aumento dos ingressos.
"Subir o preço é utopia. Ninguém no país pode pagar mais do
que os valores de hoje", diverge
Durval Colossi, diretor financeiro
do Palmeiras, em referência aos
R$ 10, em média, do ingresso.
Colossi acha que a divulgação
dos borderôs poderá atingir o Ministério do Esporte e convencê-lo
da necessidade de auxílio do governo aos clubes.
(FM E MSK)
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