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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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BOXE

Uma no balcão

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O cenário é um bar, ou restaurante, em Porto Rico.
Eles estão sentados à volta de uma mesa ou, como diria meu colega Ricardo Perrone, "tomando uma no balcão".
Mas o local exato não importa.
Eles têm copos nas mãos.
Ao menos um deles traz consigo seus inseparáveis charutos, uma espécie de marca registrada.
Em meio a piadas e diálogos sobre assuntos gerais, finalmente sai um "então, está fechado!".
Os personagens dessa cena eram o promotor de Popó, o americano Art Pelullo, e o advogado de Casamayor, Leon Marguiles.
E é nessas condições que seria negociada, na noite de ontem, os detalhes finais para o pagamento de um "step aside", um agrado, para que o cubano Joel Casamayor desista definitivamente da ação legal contra a OMB. Se ganhasse tal ação, o cubano impossibilitaria o desafio de Jorge Barrios a Popó no dia 9 de agosto.
"Quero que fique claro que estou negociando só o "step aside", não a revanche, como já foi cogitado. Pode até ocorrer a revanche, mas não está "95% certo". Estamos considerando, além do cubano, outros nomes, como Kostya Tszyu, Paul Spadafora, Erik Morales", afirmou Pelullo ontem.
Mas o fato é que a negociação ocorreria em um ambiente bem diferente ao de um escritório.
Estranho?
Sim.
Incomum?
Não.
"Muitos negócios são fechados em bares. O segredo é não perder a sobriedade", explicou Pelullo.
Há meios mais incomuns para conseguir combates lucrativos.
Como quando o ex-campeão dos médios-ligeiros Raul Marquez garantiu a oportunidade de enfrentar o ex-campeão dos meio-médios Shane Mosley.
Este procurava um oponente atraente para fazer sua estréia naquela nova categoria de peso.
Diversos rivais em potencial recusaram as ofertas de Mosley, até que detalhes das negociações de Mosley chegaram à internet.
"Gosto de computadores. Foi assim que soube que Mosley buscava um adversário. Sabia mais ou menos quanto valia uma luta como essa e fiz minha oferta", gabou-se Marquez. Mosley aceitou.
Outro que conseguiu uma luta por nada menos do que o título dos pesados foi Scott Frank.
Cansado de esperar por sua chance, ligou diretamente para Larri Holmes e o desafiou:
"Quero lutar, posso vencer".
"Foi a primeira vez que alguém ligou para mim pedindo para ser espancado", brincou Holmes.
Voltando ao início, eu mesmo tentei obter uma chance contra Popó. Foi quando ele só tinha vitórias por nocaute e liguei para um membro de seu time para saber quem seria o próximo rival. De pronto, brincando, perguntou:
- Quanto você pesa?
- Dou o peso, aceito, disparei.
- O quê?, espantou-se ele.
- Estou pronto. Estou invicto (nunca lutei profissionalmente). Meu estilo (ou falta de) pode confundi-lo. E minhas chances de sobreviver às suas bombas são iguais às de qualquer outro.
Nem é preciso dizer que minha oferta foi rejeitada.

Na telinha 1
O programa semanal de boxe do canal BandSports terá um combate a menos na edição de hoje, às 20h. É que a CBB detectou que o oponente de Valdemir Pereira, o Sertão, era na verdade um impostor.

Na telinha 2
A série de três programações que a rede de TV americana NBC exibiu neste ano, após período de 13 anos sem boxe na TV aberta, apresentou lutas bem casadas. Na terceira delas, do qual obtive um teipe, o superpena Nate Campbell, para quem a "The Ring" fez campanha para que pegasse Popó, empatou com Tiger Martinez. Sim, foi uma luta equilibrada, mas ao mesmo tempo fica muito claro que a época em que estrelas como Holmes, Hector Camanho, Ray Mancini, James Toney defendiam títulos regularmente na TV aberta acabaram.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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