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BOXE
Uma no balcão
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O cenário é um bar, ou restaurante, em Porto Rico.
Eles estão sentados à volta de
uma mesa ou, como diria meu colega Ricardo Perrone, "tomando
uma no balcão".
Mas o local exato não importa.
Eles têm copos nas mãos.
Ao menos um deles traz consigo
seus inseparáveis charutos, uma
espécie de marca registrada.
Em meio a piadas e diálogos sobre assuntos gerais, finalmente
sai um "então, está fechado!".
Os personagens dessa cena
eram o promotor de Popó, o americano Art Pelullo, e o advogado
de Casamayor, Leon Marguiles.
E é nessas condições que seria
negociada, na noite de ontem, os
detalhes finais para o pagamento
de um "step aside", um agrado,
para que o cubano Joel Casamayor desista definitivamente da
ação legal contra a OMB. Se ganhasse tal ação, o cubano impossibilitaria o desafio de Jorge Barrios a Popó no dia 9 de agosto.
"Quero que fique claro que estou negociando só o "step aside",
não a revanche, como já foi cogitado. Pode até ocorrer a revanche,
mas não está "95% certo". Estamos considerando, além do cubano, outros nomes, como Kostya
Tszyu, Paul Spadafora, Erik Morales", afirmou Pelullo ontem.
Mas o fato é que a negociação
ocorreria em um ambiente bem
diferente ao de um escritório.
Estranho?
Sim.
Incomum?
Não.
"Muitos negócios são fechados
em bares. O segredo é não perder
a sobriedade", explicou Pelullo.
Há meios mais incomuns para
conseguir combates lucrativos.
Como quando o ex-campeão
dos médios-ligeiros Raul Marquez garantiu a oportunidade de
enfrentar o ex-campeão dos
meio-médios Shane Mosley.
Este procurava um oponente
atraente para fazer sua estréia
naquela nova categoria de peso.
Diversos rivais em potencial recusaram as ofertas de Mosley, até
que detalhes das negociações de
Mosley chegaram à internet.
"Gosto de computadores. Foi
assim que soube que Mosley buscava um adversário. Sabia mais
ou menos quanto valia uma luta
como essa e fiz minha oferta", gabou-se Marquez. Mosley aceitou.
Outro que conseguiu uma luta
por nada menos do que o título
dos pesados foi Scott Frank.
Cansado de esperar por sua
chance, ligou diretamente para
Larri Holmes e o desafiou:
"Quero lutar, posso vencer".
"Foi a primeira vez que alguém
ligou para mim pedindo para ser
espancado", brincou Holmes.
Voltando ao início, eu mesmo
tentei obter uma chance contra
Popó. Foi quando ele só tinha vitórias por nocaute e liguei para
um membro de seu time para saber quem seria o próximo rival.
De pronto, brincando, perguntou:
- Quanto você pesa?
- Dou o peso, aceito, disparei.
- O quê?, espantou-se ele.
- Estou pronto. Estou invicto
(nunca lutei profissionalmente).
Meu estilo (ou falta de) pode confundi-lo. E minhas chances de sobreviver às suas bombas são
iguais às de qualquer outro.
Nem é preciso dizer que minha
oferta foi rejeitada.
Na telinha 1
O programa semanal de boxe do canal BandSports terá um combate
a menos na edição de hoje, às 20h. É que a CBB detectou que o oponente de Valdemir Pereira, o Sertão, era na verdade um impostor.
Na telinha 2
A série de três programações que a rede de TV americana NBC exibiu neste ano, após período de 13 anos sem boxe na TV aberta, apresentou lutas bem casadas. Na terceira delas, do qual obtive um teipe,
o superpena Nate Campbell, para quem a "The Ring" fez campanha
para que pegasse Popó, empatou com Tiger Martinez. Sim, foi uma
luta equilibrada, mas ao mesmo tempo fica muito claro que a época
em que estrelas como Holmes, Hector Camanho, Ray Mancini, James Toney defendiam títulos regularmente na TV aberta acabaram.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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