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FUTEBOL
Discutível poupança
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Santos fez mistério até o
último momento, entrou
com o time reserva e perdeu o
clássico para o Palmeiras. Com isso, deixou escapar a liderança e
ajudou o arqui-rival a se reabilitar no campeonato. Terá valido a
pena poupar seu elenco titular,
que é hoje o melhor do Brasil?
Se o Peixe vencer seu próximo
confronto na Libertadores, contra
o Atlético-PR, seus torcedores
acharão que sim. Se perder, a derrota no Palestra Itália terá sido
em vão.
Do lado do Palmeiras, a vitória
trouxe alívio na tabela e na relação com a torcida, mas não significou muita coisa em termos de
poderio da equipe. Mesmo atuando com um time reserva, o Santos
quase empatou a partida no final.
Com o olho na Copa do Brasil, o
Fluminense também adotou a estratégia de poupar titulares e acabou empatando sem gols com o
Flamengo.
Quem acabou se beneficiando
com essa poupança toda foram o
Botafogo (o novo líder) e o Juventude (o último invicto), que não
têm outras competições e, por isso, podem apostar todas as fichas
no Brasileiro.
O Corinthians também não fez
uma grande partida, mas mostrou brio e resistência contra o
Atlético-MG no Mineirão. Mesmo jogando com um atleta a menos durante a maior parte do
tempo, o alvinegro paulista conseguiu segurar o ímpeto do adversário, que dominou a partida,
pressionou em alguns momentos,
mas foi pouco objetivo.
Ficou claro também que o Corinthians depende demais de Tevez para levar perigo ao adversário. Expulso contra o Galo, o craque argentino vai desfalcar o time
na partida contra o Flamengo.
Como foi convocado para jogar
por seu país nas eliminatórias e
na Copa das Confederações, ficará um longo tempo ausente do alvinegro. Será um duro teste.
Os leitores desta coluna devem
se lembrar da sugestão feita por
dois leitores de que o fechamento
dos estádios para punir torcidas
infratoras fosse substituído pela
sua abertura a alunos de primeiro grau da rede pública.
Pois bem: Marco Aurelio Klein,
responsável pela comissão interministerial (Esporte e Justiça) pela paz no esporte, gostou tanto da
idéia que promete levá-la à comissão e à CBF. Tomara que os
dirigentes e governantes se sensibilizem e as crianças ocupem as
arquibancadas para ensinar boas
maneiras aos marmanjos.
Muitos são-paulinos e, sobretudo, santistas estão fulos da vida
com Parreira por ter convocado
jogadores de seus clubes para as
eliminatórias e a Copa das Confederações. De todas as mensagens
que recebi, a mais bacana foi a seguinte: "Meu nome é Felipe, tenho 8 anos. Por favor, Parreira, libera o Robinho. Porque senão vai
prejudicar o Santos nos jogos da
Libertadores, e eu vou ficar muito
triste com você e vou parar de torcer para a seleção".
Caixa postal
Minha "carta aberta a Scolari"
suscitou uma centena de e-mails de leitores. Pensei em responder um por um, mas logo vi
que não daria conta. A maioria
das mensagens era de apoio à
coluna. Agradeço sinceramente. Mas umas quatro ou cinco
defendiam Scolari e Pinochet,
identificando democracia com
corrupção e impunidade. A esses poucos, lembro o seguinte:
a corrupção e os desmandos
sempre vicejam sob os regimes
autoritários (de Fidel Castro a
Ceaucescu, de Baby Doc a Pinochet, de Idi Amin a Médici,
de Pol Pot a Saddam Hussein).
Só que, numa ditadura, ninguém fica sabendo, pois não
existe imprensa livre para noticiar e partidos de oposição para
denunciar. É a chamada paz
dos cemitérios. Por incrível que
pareça, tem quem goste.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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