São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 2005

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FUTEBOL

Discutível poupança

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Santos fez mistério até o último momento, entrou com o time reserva e perdeu o clássico para o Palmeiras. Com isso, deixou escapar a liderança e ajudou o arqui-rival a se reabilitar no campeonato. Terá valido a pena poupar seu elenco titular, que é hoje o melhor do Brasil?
Se o Peixe vencer seu próximo confronto na Libertadores, contra o Atlético-PR, seus torcedores acharão que sim. Se perder, a derrota no Palestra Itália terá sido em vão.
Do lado do Palmeiras, a vitória trouxe alívio na tabela e na relação com a torcida, mas não significou muita coisa em termos de poderio da equipe. Mesmo atuando com um time reserva, o Santos quase empatou a partida no final.
Com o olho na Copa do Brasil, o Fluminense também adotou a estratégia de poupar titulares e acabou empatando sem gols com o Flamengo.
Quem acabou se beneficiando com essa poupança toda foram o Botafogo (o novo líder) e o Juventude (o último invicto), que não têm outras competições e, por isso, podem apostar todas as fichas no Brasileiro.
O Corinthians também não fez uma grande partida, mas mostrou brio e resistência contra o Atlético-MG no Mineirão. Mesmo jogando com um atleta a menos durante a maior parte do tempo, o alvinegro paulista conseguiu segurar o ímpeto do adversário, que dominou a partida, pressionou em alguns momentos, mas foi pouco objetivo.
Ficou claro também que o Corinthians depende demais de Tevez para levar perigo ao adversário. Expulso contra o Galo, o craque argentino vai desfalcar o time na partida contra o Flamengo. Como foi convocado para jogar por seu país nas eliminatórias e na Copa das Confederações, ficará um longo tempo ausente do alvinegro. Será um duro teste.
Os leitores desta coluna devem se lembrar da sugestão feita por dois leitores de que o fechamento dos estádios para punir torcidas infratoras fosse substituído pela sua abertura a alunos de primeiro grau da rede pública.
Pois bem: Marco Aurelio Klein, responsável pela comissão interministerial (Esporte e Justiça) pela paz no esporte, gostou tanto da idéia que promete levá-la à comissão e à CBF. Tomara que os dirigentes e governantes se sensibilizem e as crianças ocupem as arquibancadas para ensinar boas maneiras aos marmanjos.
Muitos são-paulinos e, sobretudo, santistas estão fulos da vida com Parreira por ter convocado jogadores de seus clubes para as eliminatórias e a Copa das Confederações. De todas as mensagens que recebi, a mais bacana foi a seguinte: "Meu nome é Felipe, tenho 8 anos. Por favor, Parreira, libera o Robinho. Porque senão vai prejudicar o Santos nos jogos da Libertadores, e eu vou ficar muito triste com você e vou parar de torcer para a seleção".

Caixa postal
Minha "carta aberta a Scolari" suscitou uma centena de e-mails de leitores. Pensei em responder um por um, mas logo vi que não daria conta. A maioria das mensagens era de apoio à coluna. Agradeço sinceramente. Mas umas quatro ou cinco defendiam Scolari e Pinochet, identificando democracia com corrupção e impunidade. A esses poucos, lembro o seguinte: a corrupção e os desmandos sempre vicejam sob os regimes autoritários (de Fidel Castro a Ceaucescu, de Baby Doc a Pinochet, de Idi Amin a Médici, de Pol Pot a Saddam Hussein). Só que, numa ditadura, ninguém fica sabendo, pois não existe imprensa livre para noticiar e partidos de oposição para denunciar. É a chamada paz dos cemitérios. Por incrível que pareça, tem quem goste.

E-mail jgcouto@uol.com.br

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