São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

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TOSTÃO

Futebol feio e bonito

Mário Sérgio tem experiência de ter sido jogador, técnico, comentarista e diretor; pena gostar mais do futebol feio

JÁ LI E ESCUTEI milhares de bons argumentos para justificar a preferência em jogar a primeira de duas partidas em casa ou fora. Continuo sem saber o que é melhor.
Diferentemente do chavão de que é uma partida de 180 minutos, costumam ser dois jogos bem diferentes. O comportamento técnico e tático e as condições psicológicas dos dois times no segundo jogo dependem muito do primeiro resultado. Na Libertadores, o Grêmio tem hoje em casa uma pequena vantagem. Na Vila Belmiro, será o contrário. São dois times que utilizam muito bem o fator campo.
Pela Copa do Brasil, o Figueirense vai novamente defender, fazer faltas e contra-atacar. Porém o mesmo placar da derrota para o Botafogo (3 a 1), que eliminou o time carioca, será muito ruim para a equipe catarinense, que passará a ter a obrigação de ganhar em casa por 2 a 0. É uma situação bem diferente do jogo em que o Figueirense ganhou do Botafogo pelo mesmo resultado de 2 a 0.
Ao contrário do técnico, o jogador Mário Sérgio era um estilista, que jogava bonito e que não gostava de marcar nem de fazer faltas. Como comentarista, para quem gosta de análises técnicas e táticas, sem devaneios e outros conhecimentos, Mário Sérgio foi o melhor dos últimos tempos. Mas esse tipo de análise costuma ser muito chata.
Além de jogador, técnico e comentarista, Mário Sérgio foi diretor, empregado de uma empresa parceira do Corinthians (Hicks Muse), antes da MSI. Talvez ele tenha sido o único profissional brasileiro que exerceu quatro diferentes funções no futebol. Isso dá a ele experiência prática e conhecimentos teóricos sobre o assunto. Pena que ele goste muito mais do futebol feio e utilitário.

Jogo de azar
Recebi do amigo Ciro, que foi meu professor de clínica médica e agora cuida deste relapso paciente, um artigo publicado numa revista especializada de oftalmologia ("Experts Eye View") e escrita pelo médico Francisco Belda Maruenda, com o seguinte título: "Pode o olho humano detectar um impedimento durante um jogo de futebol?".
Após detalhar o método utilizado e dar explicações técnicas, o artigo conclui que, em lances difíceis, é impossível para o(a) auxiliar do árbitro, numa fração de segundos, no momento do passe, enxergar e observar os movimentos, no mínimo, de dois jogadores de um time, dois do outro, além da bola. No final, ele sugere que a tecnologia poderia ajudar nesses casos.
Assim, como todos já sabiam, até a Fifa, um ótimo bandeirinha, muito concentrado, tem 50% de chances de errar a marcação de impedimentos duvidosos. Fiquei ainda mais convicto de que o futebol é mais um jogo de azar, ou de sorte.

Proibição
Como médico e atleta, que sofreu com a falta de oxigênio em uma partida de futebol na Bolívia, sou a favor de proibir jogos em alguns lugares, mesmo sabendo que a decisão foi também política e que o nível definido de 2.500 metros deva ter sido para deixar o México de fora dessa proibição. Essa medida deveria também ser mais discutida pelos interessados e decidida com mais transparência.

tostao.folha@uol.com.br


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