São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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Vale duas Copas


Brasil de Scolari joga hoje em Yokohama para esquecer trauma de 1998 e manter hegemonia no futebol; Alemanha de Völler entra em campo às 8h para antecipar sonho de 2006 e dividir glória dos tetracampeões


Um penta ou mais um tetra, o trauma de 1998 ou a glória de 2006. Brasil e Alemanha entram em campo, às 8h, em Yokohama, para decidir quem é o campeão da Copa Coréia/Japão, o primeiro Mundial do século 21, o primeiro dividido, o primeiro que irá colocar frente a frente as melhores seleções da história do esporte. E que vale em dobro para as duas.
Depois de provar para a própria torcida que ainda sabe jogar futebol, o Brasil de Luiz Felipe Scolari se transformou no destaque da Copa. Tem a chance hoje de confirmar a hegemonia no futebol, ser o único time no mundo a colecionar cinco títulos e superar o fiasco de 1998, marcado pela crise nervosa de Ronaldo e pela derrota diante dos franceses na final.
Depois de calar os críticos e dirimir o descrédito em seu próprio país, a Alemanha de Rudi Völler busca hoje igualar os quatro títulos do adversário e antecipar o sonho de 2006, quando irá organizar o Mundial e será favorita.
Uma verdadeira final de Copa, que terá audiência estimada de 1,5 bilhão de pessoas e que só vai acontecer após 72 anos e 643 partidas disputadas do maior evento de um único esporte no planeta.
História, que conta a favor da seleção dos "erres", algo que nem o tempo nem os contratempos conseguiram abalar. Para começar, em torneios disputados fora do eixo Europa-América do Sul, o Brasil é imbatível. A Copa asiática é a quarta disputada fora das duas regiões que dominam o futebol. Nos 24 jogos que realizou nesses países "neutros", o Brasil venceu 21 vezes e empatou somente 3.
Foram dois títulos, no México, em 1970, e nos EUA, em 1994. Na edição de 1986, novamente em solo mexicano, o time nacional só caiu diante da França na disputa de pênaltis, após empate no tempo normal e na prorrogação.
Outro tabu para os alemães superarem: depois de perder para a Iugoslávia, em 1930, no Uruguai, o Brasil nunca mais foi derrotado nos Mundiais por um adversário europeu em um campo que não ficasse no velho continente -em 30 jogos, 23 vitórias e 7 empates.
Há ainda outro dado favorável à seleção no retrospecto: as únicas três vitórias da Alemanha sobre o Brasil aconteceram em território germânico, a última delas há quase nove anos, em Colônia.
A disputa pelo predomínio de uma região na Copa também move o confronto de hoje. Sul-americanos e europeus estão empatados em títulos, com oito para cada lado. E, em Yokohama, estarão se confrontando justamente os líderes das duas regiões, que desde 1982 protagonizam, um ou outro, a final. Exatamente as duas equipes que mais disputaram jogos e que marcaram quase um quinto de todos os gols da competição.
E que em um Mundial marcado por derrotas precoces de outros favoritos, conseguiram chegar à decisão com campanhas brilhantes. Se vencer o jogo sem a necessidade dos pênaltis, o Brasil de Scolari irá ser apenas o quarto de toda a história a conquistar o título mundial apenas com vitórias. Já a Alemanha tem nesta edição o melhor aproveitamento das 15 edições que já disputou.
Uma grande final de Copa. Pelo o que aconteceu neste Mundial. Pelo o que já aconteceu em todos.


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