São Paulo, sábado, 30 de julho de 2005

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FUTEBOL

O grande ausente

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Mais um Santos x Corinthians para reavivar a memória afetiva dos torcedores.
Os corintianos mais velhos se lembrarão, por exemplo, dos 2 a 0 de 1968, que deram fim a um tabu de 11 anos sem vitória sobre o rival. Os santistas, por sua vez, evocarão a vitória na grande final de 2002, partida que, mais que qualquer outra, lançou Robinho ao estrelato.
Robinho, aliás, será o grande ausente do clássico de amanhã, para alívio dos torcedores corintianos.
Em oito jogos contra o Timão, Robinho venceu seis e empatou dois. Marcou quatro gols. No último confronto, pelo Campeonato Paulista deste ano, teve uma atuação esplendorosa, eclipsando o astro corintiano Tevez.
Antes da novela Santos-Real Madrid, Robinho estava em vias de se tornar, para os corintianos, um fantasma tão incômodo quanto Pelé, o maior algoz do clube do Parque São Jorge.
Consta que o jovem craque pediu para jogar amanhã. Os motivos seriam os mais variados: fazer as pazes com a torcida, amolecer o coração do presidente Marcelo Teixeira na negociação com o Real, evitar um processo trabalhista por abandono de emprego.
Mas gosto de pensar que, além de todas essas razões, digamos, pragmáticas, Robinho está com fome de bola, com saudades de um clássico quente, com o estádio cheio. Quer pedalar diante de Mascherano, disputar os holofotes com Tevez, fazer gols e correr para a galera. Sente falta da bola e do carinho da torcida.
Como diz um comercial de cartão de crédito, certas coisas não têm preço.
 
Impossível haver dois jogos mais contrastantes que Corinthians 4 x 3 Cruzeiro, na quarta-feira, e Flamengo 0 x 0 Palmeiras, na quinta.
O primeiro foi uma das partidas mais empolgantes do atual campeonato, com muitos gols, reviravoltas no placar e os dois times buscando o ataque o tempo todo.
Um jogo de gols esquisitos e de péssima arbitragem. Dos quatro pênaltis ocorridos na partida, o juiz só apitou um, justamente o mais duvidoso.
Sem perceber, comecei a comparar os elencos cruzeirense e corintiano e cheguei à conclusão de que uma mescla entre os dois formaria um dos melhores times do Brasil. Eis minha seleção, na qual todo mundo está autorizado a meter o bedelho:
Fábio (o do Cruzeiro), Maurinho, Sebá, Marcelo Batatais e Gustavo Nery; Maldonado, Mascherano, Roger e Adriano; Tevez e Fred. Admito que a zaga não é das melhores, mas o time não passa vergonha.
Flamengo x Palmeiras, por sua vez, foi um festival de faltas e passes errados, uma demonstração impressionante de inépcia na arte de criar jogadas de ataque.
Irritado com o fraco rendimento dos ótimos Juninho e Pedrinho, Leão tirou-os de campo e aí sim a bola ficou quadrada. Marcinho só faltou chorar de solidão, enquanto o torcedor bocejava de tédio.

Jogo de seis pontos
Outro jogo importantíssimo da rodada é o de Campinas, onde a Ponte Preta defende a liderança contra o Internacional. O Colorado, depois da surpreendente derrota em casa para o Paraná, vai querer recuperar os pontos perdidos e se manter perto do topo. Mas não pode sair desembestado, pois se há um time que sabe se aproveitar da afoiteza do rival, é a astuta Macaca.

Clássico carioca
O Botafogo, depois de vencer o São Caetano em pleno ABC, mostrou que ainda está vivo na disputa, ao contrário do que muitos acreditavam. Nada melhor, para referendar isso, que ganhar do Flamengo no clássico de amanhã. Agora, como diria Garrincha, só falta combinar com os rubro-negros de Celso Roth.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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