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MOTOR
Desandou
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Para quem descobriu só agora que Barrichello está na frigideira da Ferrari, aí vai a explicação. Montezemolo deve ter tido
um chilique ao ver um de seus
carros se desmanchando na pista,
após apenas 19 voltas, e o outro se
arrastando para chegar a um patético oitavo posto. Fiasco.
Na segunda-feira, em Maranel-lo, fez o que todo chefe faz em momentos de crise: pito no primeiro
escalão. O primeiro escalão, então, deu um pito no segundo. A
coisa foi indo até anteontem,
quando chegou na ponta fraca da
corda, um já dourado ou malpassado Barrichello.
A explicação foi ridícula. E mais
ridículo ainda foi o assessor de
imprensa da Ferrari ligar para as
principais redações brasileiras
para dizer que o que estava escrito não estava bem escrito -nenhum inteligente por lá imaginou
que a notícia cairia como uma
bomba por cá; não lembrou também que a TV oficial já pediu no
ar explicações à Fiat brasileira
pelo tratamento dado ao piloto.
Para quem só agora chegou à
cozinha de Maranello vale lembrar que Barrichello saiu da geladeira para o fogão naquele já distante dia em que a escuderia renovou o time inteiro e simplesmente esqueceu o brasileiro.
Revoltas à parte, o capítulo desta semana deve ser traduzido
mais como uma trapalhada de
um time em desespero do que
propriamente como nova etapa
do processo culinário a que Barrichello vem sendo submetido. Em
tempo, a Ferrari depende muito
de seu segundo piloto a esta altura do campeonato. E ele está correspondendo, tanto que está se
classificando à frente do alemão.
Não seria prudente, justamente
em momento tão crítico, piorar
ainda mais a situação. Piorou.
O time corre contra o tempo.
Vai passar a próxima semana em
Monza em testes intensivos, enquanto a Bridgestone experimenta novos compostos no Japão. O
problema não é tanto o carro,
mas seu difícil relacionamento
com os pneus da fornecedora.
A coisa está tão complicada que
até a cartola foi acionada. A FIA
comunicou que vai alterar a inspeção dos pneus a partir de Monza. A largura será verificada depois dos GPs, não mais antes.
(Dizem que os Michelin estão
no limite dos 270 mm permitidos.
E que, após o esforço das corridas,
estariam gerando mais superfície
de contato. A fábrica francesa nega e pede que a regra só seja alterada para 2004. A FIA ainda não
respondeu ao apelo. Brigdestone e
Ferrari cruzam os dedos. Essa discussão pode mudar a história do
Mundial, o que seria uma pena.)
Não faltam incendiários a um
dos campeonatos mais apertados
da história, a começar pelo livro
de regras. Do recém-nascido
Alonso ao velho Barrichello, do
consistente Raikkonen ao imprevisível Montoya, todos estão com
uma lata de gasolina na mão.
Schumacher? O extintor vermelho, tão competente nos últimos
anos, teima em não funcionar.
Gil disse que pára no final do
ano. Dois sérios acidentes e a família o ajudaram na decisão, humana demais para um piloto. Gil
sempre foi um piloto diferente.
Mais pito
Mais uma de Kurt Busch, objeto da última coluna. Ganhou em Bristol, sábado, mas apenas depois de dar um "totó" em um adversário.
Pegou tão mal que o patrocinador da equipe o chamou para uma
conversa. Aliás, não é a primeira vez na Nascar que um patrocinador
tira satisfações do patrocinado. No ano passado, depois de agredir
um fotógrafo em Indianápolis, o astro Tony Stewart recebeu uma reprimenda do seu financiador e ainda levou uma multa de US$ 50 mil.
Mecenas
Roman Abramovich, o tal bilionário russo que começou a vida catando lixo em Moscou, depois de investir fortemente no futebol namora com a F-1. Melhor dizendo, vem sendo abertamente seduzido
pelos barões da categoria. Minardi e Jordan estão de joelhos.
E-mail mariante@uol.com.br
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