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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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MOTOR

Desandou

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Para quem descobriu só agora que Barrichello está na frigideira da Ferrari, aí vai a explicação. Montezemolo deve ter tido um chilique ao ver um de seus carros se desmanchando na pista, após apenas 19 voltas, e o outro se arrastando para chegar a um patético oitavo posto. Fiasco.
Na segunda-feira, em Maranel-lo, fez o que todo chefe faz em momentos de crise: pito no primeiro escalão. O primeiro escalão, então, deu um pito no segundo. A coisa foi indo até anteontem, quando chegou na ponta fraca da corda, um já dourado ou malpassado Barrichello.
A explicação foi ridícula. E mais ridículo ainda foi o assessor de imprensa da Ferrari ligar para as principais redações brasileiras para dizer que o que estava escrito não estava bem escrito -nenhum inteligente por lá imaginou que a notícia cairia como uma bomba por cá; não lembrou também que a TV oficial já pediu no ar explicações à Fiat brasileira pelo tratamento dado ao piloto.
Para quem só agora chegou à cozinha de Maranello vale lembrar que Barrichello saiu da geladeira para o fogão naquele já distante dia em que a escuderia renovou o time inteiro e simplesmente esqueceu o brasileiro.
Revoltas à parte, o capítulo desta semana deve ser traduzido mais como uma trapalhada de um time em desespero do que propriamente como nova etapa do processo culinário a que Barrichello vem sendo submetido. Em tempo, a Ferrari depende muito de seu segundo piloto a esta altura do campeonato. E ele está correspondendo, tanto que está se classificando à frente do alemão.
Não seria prudente, justamente em momento tão crítico, piorar ainda mais a situação. Piorou.
O time corre contra o tempo. Vai passar a próxima semana em Monza em testes intensivos, enquanto a Bridgestone experimenta novos compostos no Japão. O problema não é tanto o carro, mas seu difícil relacionamento com os pneus da fornecedora.
A coisa está tão complicada que até a cartola foi acionada. A FIA comunicou que vai alterar a inspeção dos pneus a partir de Monza. A largura será verificada depois dos GPs, não mais antes.
(Dizem que os Michelin estão no limite dos 270 mm permitidos. E que, após o esforço das corridas, estariam gerando mais superfície de contato. A fábrica francesa nega e pede que a regra só seja alterada para 2004. A FIA ainda não respondeu ao apelo. Brigdestone e Ferrari cruzam os dedos. Essa discussão pode mudar a história do Mundial, o que seria uma pena.)
Não faltam incendiários a um dos campeonatos mais apertados da história, a começar pelo livro de regras. Do recém-nascido Alonso ao velho Barrichello, do consistente Raikkonen ao imprevisível Montoya, todos estão com uma lata de gasolina na mão.
Schumacher? O extintor vermelho, tão competente nos últimos anos, teima em não funcionar.
 
Gil disse que pára no final do ano. Dois sérios acidentes e a família o ajudaram na decisão, humana demais para um piloto. Gil sempre foi um piloto diferente.

Mais pito
Mais uma de Kurt Busch, objeto da última coluna. Ganhou em Bristol, sábado, mas apenas depois de dar um "totó" em um adversário. Pegou tão mal que o patrocinador da equipe o chamou para uma conversa. Aliás, não é a primeira vez na Nascar que um patrocinador tira satisfações do patrocinado. No ano passado, depois de agredir um fotógrafo em Indianápolis, o astro Tony Stewart recebeu uma reprimenda do seu financiador e ainda levou uma multa de US$ 50 mil.

Mecenas
Roman Abramovich, o tal bilionário russo que começou a vida catando lixo em Moscou, depois de investir fortemente no futebol namora com a F-1. Melhor dizendo, vem sendo abertamente seduzido pelos barões da categoria. Minardi e Jordan estão de joelhos.

E-mail mariante@uol.com.br


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