DA REPORTAGEM LOCAL

Henrique ligou a TV e viu a Itália fechar o segundo set. Decidiu sair de casa. Com seu cachorro na coleira, deu umas voltas pela rua. Quando voltou, o Brasil só precisava de alguns pontos para conquistar o ouro.
Chegou a tempo de ver, no pódio, André Nascimento, seu companheiro de quarto na seleção, ostentar a camisa 5, a mesma que Henrique não pôde vestir em Atenas. Ele foi o último atleta cortado antes do Jogos.
"Fiquei muito emocionado pelos meus amigos. A homenagem fez com que eu me sentisse parte do grupo", disse ele antes do embarque para a Itália, onde jogará na próxima temporada.
A camisa ficou com André a pedido de José Salles Neto, chefe da delegação. Henrique só falou com o amigo uma vez, na semana passada, e não sabia que seria homenageado.
O jogador deixou o grupo no dia 10 de agosto, após amistosos na França. O corte o abalou.
"O que mais doeu foi ter certeza de que o grupo seria campeão e eu não estaria lá", disse ele, que tirou férias e só voltou a Belo Horizonte na quinta, véspera do jogo contra a Itália -que teve um tie-break de 33 a 31-, único que ele viu nos Jogos. "Quase morri. É quase uma tortura ver tudo de fora". (MARIANA LAJOLO)


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