São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

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Dirigentes reclamam, mas só levam prêmio de consolação

DOS ENVIADOS A ATENAS

A prova mal havia acabado, e os brasileiros já iniciavam protestos contra a invasão de Cornelius Horan, que atrapalhou Vanderlei Cordeiro de Lima.
O primeiro a chamar a atenção para o caso foi o técnico do fundista, Ricardo D'Angelo, que ligou para Martinho Nobre dos Santos, chefe da equipe de atletismo em Atenas, pedindo que fosse feita uma apelação do Brasil contra o resultado da disputa.
"Esse pódio foi um resultado histórico, mas poderia vir o ouro. Se ele não fosse atacado, venceria", declarou o técnico, que não acreditava em mudança de resultado. "Isso nunca aconteceu."
O recurso foi encaminhado ao Tribunal de Apelação da Iaaf, entidade que comanda o atletismo, pelo chefe da missão do COB, Marcus Vinícius Freire. Agitado, o presidente da confederação nacional, Roberto Gesta de Melo, corria de um lado a outro do estádio Panathinaiko, local da chegada, para agilizar o pedido.
"O Vanderlei não poderia estar correndo sozinho, sem a presença de batedores para protegê-lo. Se ele tivesse em segundo, terceiro ou quarto, tudo bem. Mas ele estava sozinho na liderança", lamentava o dirigente.
O Brasil pediu que o resultado passasse por revisão, com a possibilidade de anulação da prova. O COB também solicitou que a cerimônia de premiação fosse adiada. Como era esperado, a apelação do comitê foi negada pouco depois. No despacho, a Iaaf lamentou o ocorrido, mas apontou o problema como "questão de segurança", alheia ao esporte. Gesta soube da decisão quando ia para o estádio.
Como prêmio de consolação, o COI concedeu ao brasileiro a medalha Barão Pierre de Coubertin, pelo fair play de o fundista ter completado a prova.
"Agora vamos entrar na Corte de Arbitragem do Esporte. Iremos formalizar isso juridicamente", disse o dirigente, referindo-se ao tribunal que é a última instância para demandas esportivas.
Não há registro, na história olímpica, de fato semelhante na maratona. "Não me lembro de algo assim nem em outras competições", diz Thomaz Mattos de Paiva, diretor jurídico da CBAt.
A CAS, que montou uma estrutura na Grécia, soltou comunicado, às 15h, anunciando o último julgamento do escritório provisório de Atenas -a corte tem sede em Lausanne. Sua decisão dá uma pista das chances de o brasileiro ficar com o ouro.
A corte decidiu não conceder o ouro do individual geral ao ginasta Yang Tae Young, e manteve o norte-americano Paul Hamm como campeão olímpico. O sul-coreano teve uma nota mais baixa por erro da arbitragem, que acabou sendo punida pela FIG. (ALF E FSX)


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