São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

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AUTOMOBILISMO

Segundo lugar no GP da Bélgica coroa trajetória do maior recordista dos 54 anos de história da categoria

Hepta, Schumacher dita novo padrão na F-1

TATIANA CUNHA
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Michael Schumacher escreveu ontem mais um capítulo na história da F-1. O segundo lugar no GP da Bélgica foi o suficiente para que ele conquistasse seu sétimo Mundial com quatro provas de antecedência e estabelecesse um novo parâmetro para a categoria.
E o mítico título aconteceu de uma maneira quase mágica.
Na corrida de número 700 da Ferrari. No mesmo circuito de Spa-Francorchamps, onde há exatos 13 anos e 4 dias o alemão fazia sua estréia na categoria. Na mesma Bélgica onde ele conseguiu sua primeira vitória na F-1, triunfo que completa 12 anos hoje. Na mesma pista em que ele já venceu em seis oportunidades.
"Cada título que conquistei me proporcionou uma emoção diferente. Este foi muito especial porque foi aqui em Spa, que significa muito para mim", declarou, referindo-se ao circuito que fica a pouco mais de 100 km de sua cidade natal, Hürth-Hermülheim.
E de fato este campeonato foi especial. Nunca nos 54 anos de história da F-1 um piloto dominou de forma tão acachapante o Mundial. Schumacher venceu 12 das 14 provas da temporada. Subiu no pódio em 13 -apenas em Mônaco, quando bateu e teve que abandonar a corrida, ele falhou.
Com o título conquistado ontem, o alemão, 35, tornou-se o único piloto a vencer cinco campeonatos consecutivos -apenas o argentino Juan Manuel Fangio conquistou cinco Mundiais, mas não de maneira ininterrupta.
E a conquista também veio coroar o homem que detém os números mais impressionantes da F-1. Schumacher é o recordista de vitórias: tem 82, exatamente o dobro dos triunfos de outro mito do automobilismo, Ayrton Senna.
O alemão também é o piloto que mais fez voltas rápidas na categoria (65, contra 41 do francês Alain Prost), que mais vezes subiu no pódio (135, 29 a mais que Prost), que mais vezes largou na primeira fila (102 contra 87 de Senna) e que mais corridas liderou (124, 38 a mais que Senna).
Para completar o cenário épico, a corrida de ontem fez jus aos grandiosos números do alemão.
Foi a melhor prova do ano. Teve ultrapassagens, acidentes, safety car por três vezes na pista e apenas onze pilotos chegaram ao fim.
Não por coincidência, num campeonato marcado por GPs entediantes, o de ontem começou bem diferente dos 13 anteriores.
Largando da segunda colocação, atrás de Jarno Trulli, da Renault, Schumacher perdeu posições na largada e, no fim da primeira volta, tinha caído para a quarta posição. Algo raro de se ver na F-1 nos últimos tempos.
Mas as surpresas ainda não tinham acabado. Correndo pelo campeonato, o alemão chegou a abrir exceções ao novo padrão por ele estabelecido. Na quarta volta, foi ultrapassado por Kimi Raikkonen, da McLaren. Na seguinte, por Juan Pablo Montoya. Schumacher era o sexto.
Mas foi na primeira rodada de pit stops que tudo começou a voltar ao normal. Ou pelo menos ao novo parâmetro da categoria.
O líder Trulli foi o primeiro a parar nos boxes. Uma volta depois, Fernando Alonso, seu companheiro de equipe e que vinha em segundo, rodou duas vezes e abandonou. Logo depois o pneu traseiro direito do McLaren de David Coulthard, que estava em terceiro, estourar -outros dois Michelin tiveram o mesmo fim.
O ferrarista chegou a assumir a liderança, mas parou para reabastecer. Acabada a primeira rodada de pits, Raikkonen era o primeiro, Jenson Button, o segundo, seguido por Trulli e Schumacher.
E novamente a F-1 viu uma demonstração de que tinha voltado à realidade. Com problemas, Trulli foi obrigado a parar nos boxes, dando ao alemão o terceiro posto.
Após duas voltas, Button parou, e Schumacher assumiu a vice-liderança, de onde não saiu mais.
Rubens Barrichello, o único piloto que ainda tinha condições matemáticas de adiar o hepta, completou o pódio na Bélgica. Pronto, a festa já podia começar.
"Obviamente nos acostumamos ao sabor da vitória nesta temporada. Mas preciso dizer que os pontos que conquistamos hoje [ontem] foram particularmente gratificantes", resumiu Jean Todt, diretor esportivo da Ferrari.
A festa começou ontem, mas continua pelo menos até o próximo dia 12, em Monza. A Itália, berço da Ferrari, é o país que recebe a próxima etapa da categoria.
"Claro que eu preferiria ter ganhado o título com uma vitória, mas hoje não foi possível", admitiu Schumacher. E foi assim que a F-1 voltou ao seu novo padrão.


Com agências internacionais

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