|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO
Segundo lugar no GP da Bélgica coroa trajetória do maior recordista dos 54 anos de história da categoria
Hepta, Schumacher dita novo padrão na F-1
TATIANA CUNHA
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Michael Schumacher escreveu
ontem mais um capítulo na história da F-1. O segundo lugar no GP
da Bélgica foi o suficiente para
que ele conquistasse seu sétimo
Mundial com quatro provas de
antecedência e estabelecesse um
novo parâmetro para a categoria.
E o mítico título aconteceu de
uma maneira quase mágica.
Na corrida de número 700 da
Ferrari. No mesmo circuito de
Spa-Francorchamps, onde há
exatos 13 anos e 4 dias o alemão
fazia sua estréia na categoria. Na
mesma Bélgica onde ele conseguiu sua primeira vitória na F-1,
triunfo que completa 12 anos hoje. Na mesma pista em que ele já
venceu em seis oportunidades.
"Cada título que conquistei me
proporcionou uma emoção diferente. Este foi muito especial porque foi aqui em Spa, que significa
muito para mim", declarou, referindo-se ao circuito que fica a
pouco mais de 100 km de sua cidade natal, Hürth-Hermülheim.
E de fato este campeonato foi
especial. Nunca nos 54 anos de
história da F-1 um piloto dominou de forma tão acachapante o
Mundial. Schumacher venceu 12
das 14 provas da temporada. Subiu no pódio em 13 -apenas em
Mônaco, quando bateu e teve que
abandonar a corrida, ele falhou.
Com o título conquistado ontem, o alemão, 35, tornou-se o
único piloto a vencer cinco campeonatos consecutivos -apenas
o argentino Juan Manuel Fangio
conquistou cinco Mundiais, mas
não de maneira ininterrupta.
E a conquista também veio coroar o homem que detém os números mais impressionantes da
F-1. Schumacher é o recordista de
vitórias: tem 82, exatamente o dobro dos triunfos de outro mito do
automobilismo, Ayrton Senna.
O alemão também é o piloto
que mais fez voltas rápidas na categoria (65, contra 41 do francês
Alain Prost), que mais vezes subiu
no pódio (135, 29 a mais que
Prost), que mais vezes largou na
primeira fila (102 contra 87 de
Senna) e que mais corridas liderou (124, 38 a mais que Senna).
Para completar o cenário épico,
a corrida de ontem fez jus aos
grandiosos números do alemão.
Foi a melhor prova do ano. Teve
ultrapassagens, acidentes, safety
car por três vezes na pista e apenas onze pilotos chegaram ao fim.
Não por coincidência, num
campeonato marcado por GPs
entediantes, o de ontem começou
bem diferente dos 13 anteriores.
Largando da segunda colocação, atrás de Jarno Trulli, da Renault, Schumacher perdeu posições na largada e, no fim da primeira volta, tinha caído para a
quarta posição. Algo raro de se
ver na F-1 nos últimos tempos.
Mas as surpresas ainda não tinham acabado. Correndo pelo
campeonato, o alemão chegou a
abrir exceções ao novo padrão
por ele estabelecido. Na quarta
volta, foi ultrapassado por Kimi
Raikkonen, da McLaren. Na seguinte, por Juan Pablo Montoya.
Schumacher era o sexto.
Mas foi na primeira rodada de
pit stops que tudo começou a voltar ao normal. Ou pelo menos ao
novo parâmetro da categoria.
O líder Trulli foi o primeiro a
parar nos boxes. Uma volta depois, Fernando Alonso, seu companheiro de equipe e que vinha
em segundo, rodou duas vezes e
abandonou. Logo depois o pneu
traseiro direito do McLaren de
David Coulthard, que estava em
terceiro, estourar -outros dois
Michelin tiveram o mesmo fim.
O ferrarista chegou a assumir a
liderança, mas parou para reabastecer. Acabada a primeira rodada
de pits, Raikkonen era o primeiro,
Jenson Button, o segundo, seguido por Trulli e Schumacher.
E novamente a F-1 viu uma demonstração de que tinha voltado
à realidade. Com problemas, Trulli foi obrigado a parar nos boxes,
dando ao alemão o terceiro posto.
Após duas voltas, Button parou,
e Schumacher assumiu a vice-liderança, de onde não saiu mais.
Rubens Barrichello, o único piloto que ainda tinha condições
matemáticas de adiar o hepta,
completou o pódio na Bélgica.
Pronto, a festa já podia começar.
"Obviamente nos acostumamos ao sabor da vitória nesta
temporada. Mas preciso dizer que
os pontos que conquistamos hoje
[ontem] foram particularmente
gratificantes", resumiu Jean Todt,
diretor esportivo da Ferrari.
A festa começou ontem, mas
continua pelo menos até o próximo dia 12, em Monza. A Itália,
berço da Ferrari, é o país que recebe a próxima etapa da categoria.
"Claro que eu preferiria ter ganhado o título com uma vitória,
mas hoje não foi possível", admitiu Schumacher. E foi assim que a
F-1 voltou ao seu novo padrão.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Cuca já teme queda no ritmo do São Paulo Próximo Texto: Mais uma vez estratégia ajuda os ferraristas Índice
|