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FUTEBOL
"Fominha Zero"
MARCO BIANCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Escrevo hoje sobre uma desagradável figura que insiste
em marcar presença nos campos
de futebol. Normalmente, é filho
único, do tipo que ganha tudo
que pede de presente, mas nem
sempre. Às vezes é justamente o
contrário, aquele filho do meio
que na infância não recebeu tanta atenção quanto achava que deveria ter recebido e agora quer tudo pra ele.
Escrevo sobre uma figura que,
definitivamente, não sai de moda: o fominha. Afinal, eles resistem ao tempo e sobrevivem mesmo com a chegada (ou não) do
Fome Zero. Se aplicado ao futebol, o Fome Zero poderia, quem
sabe, atender às urgentes necessidades desta desnutrida figura cujo estômago ronca incessantemente.
Se não fossem os fominhas, o
Brasil já teria ganho 12 vezes a
Copa do Mundo. Porque é incrível como, em algumas jogadas,
certos jogadores têm a capacidade de não enxergar um companheiro colocado em melhores
condições de fazer o gol. Acontece
em todos os jogos, o tempo todo, a
ponto de os narradores e os comentaristas (aqueles que não são
tão atentos, perspicazes e modestos quanto eu) nem darem mais
bola. Resta saber se o fominha sofre de falta de visão periférica ou
se é mais uma questão de egoísmo, vaidade, inveja, enfim, alguma viadagem.
Jornalistas esportivos... Aliás,
até quando eles vão fazer matérias tratando de assuntos inúteis
ao mesmo tempo em que desprezam fatos mais essenciais, como
quem vai jogar, quando, como,
onde e por quê?! É absolutamente
desagradável abrir o jornal para
ler fatos relevantes sobre seu time
e descobrir que eles preferiram
elaborar uma matéria "especial"
sobre o desempenho da equipe em
1962. E por que, em certos jogos
narrados pela TV, alguns narradores não informam ao telespectador o que a torcida está gritando?! Porque, se for para não informar nada e só falar bobagem, o
narrador pode ser o Bozo.
Voltando ao fominha, o pior é
que ele não existe apenas no futebol. O fominha é onipresente. Ou
oniausente, no aspecto solidariedade. É aquele mala que fura a fila do banco. Aquele Gérson que
rouba tua vaga na garagem. O
animal do cambista que parasita
o futebol feito um verme. O chacal
imprestável que canta sua namorada quando você vai ao banheiro. Ou o cara que faz tudo isso ao
mesmo tempo, deixa você plantado na pequena área, sozinho, e
ainda perde o gol!
É por tudo isso que faço, neste
momento, um apelo ao Excelentíssimo Presidente da "Repúbrica" Luiz Inácio Lula da Selva, ele
que adora dar palpites futebolísticos inconvenientes ao Pé-de-uva
(Parreira para os íntimos): Fome
Zero no futebol já! E sem o José
Graziano na coordenação! E nem
o Patrus Ananias, do Bolsa-Esmola!
Marco Bianchi, 32, é apresentador do
"RockGol" de domingo, na MTV, e criador do humorístico "Filhos do Egídio",
veiculado na 89FM de São Paulo e em
outras praças
Excepcionalmente hoje não é publicada
a coluna de Soninha
Recado da Dona Benta
O Palmeiras sem Pedrinho é
que nem os Beatles sem John
Lennon, a Al Qaeda sem Bin
Laden ou o "RockGol" de domingo sem os deliciosos amendoins João Ponês.
Paraolímpicos
Eis aí pessoas que conhecem o
verdadeiro sentido do esporte,
da superação e da competição
saudável. Bem diferente dos
microcéfalos que confundem
esporte com violência e formação de quadrilha.
Maravilha!!!
Para preservar os craques, a Fifa vai recomendar aos clubes
fortalecimento muscular dos
atletas. Genial! Após a estafante
decisão, os dirigentes fazem
por merecer férias prolongadas, pois devem estar exaustos.
E-mail
marcobianchi@uol.com.br
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