São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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PARAOLIMPÍADA

Criado em 1995, comitê que controla esporte no Brasil pode ver pela primeira vez disputa pela presidência

Término dos Jogos abre processo eleitoral

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Encerrada a Paraolimpíada de Atenas, o Comitê Paraolímpico Brasileiro se prepara agora para organizar seu processo eleitoral.
Embora ainda não haja nenhum candidato oficial, é quase certo que esta será a primeira vez que haverá disputa pelo comando da entidade que dirige o esporte paraolímpico no país.
O pleito deve ser realizado em fevereiro. E o colégio eleitoral está baseado em quatro entidades filiadas: Abradecar (Associação Brasileira de Desportos em Cadeiras de Rodas), Abdem (Associação de Desportos de Deficientes Mentais), ABDC (Associação Brasileira de Desportos para Cegos) e Ande (Associação Nacional de Desporto para Deficientes).
Para a assembléia geral, cada entidade indica um delegado. Além disso, cada filiada tem direito a nomear novos delegados -no máximo cinco- de acordo com o número de suas modalidades esportivas que estiveram no programa dos Jogos de Atenas.
A disputa eleitoral é importante para os atletas. Os 98 membros da delegação brasileira que competiu em Atenas devem receber a bolsa paraolímpica (de R$ 700) só até dezembro. Depois disso, ainda não há definição sobre o assunto.
O presidente do CPB, Vital Severino Neto, disse que o assunto não o preocupa porque "em novembro ou dezembro já deve ser sabido quem será o presidente".
O dirigente afirmou que estaria sendo "hipócrita" se dissesse que não gostaria de continuar no cargo -o estatuto do CPB permite uma única reeleição.
Apesar de admitir sua intenção, Severino não quis se alongar sobre o assunto em Atenas. Disse que isso poderia atrapalhar o desempenho dos competidores. No último dia da Paraolimpíada, quando faltava só a final do futebol de 5, ele disse que era uma questão a ser debatida no Brasil.
Postura parecida é adotada por Ciraldo de Oliveira Reis, presidente da Abradecar e apontado como um dos nomes fortes da oposição. "Não há discussão em torno disso agora", disse. "Isso vai acontecer de maneira natural."
O dirigente, por enquanto, nega qualquer pretensão de substituir Severino. "Eu apóio o movimento paraolímpico", afirmou ele. "Não sou candidato e, se for, você pode me chamar de moleque."
Das quatro entidades filiadas ao CPB, a Abradecar é a única que aparece no site do comitê com a situação cadastral irregular.
Criado em fevereiro de 1995, em Niterói, o CPB teve apenas dois presidentes até hoje. O primeiro foi João Batista de Carvalho, nomeado para ocupar o cargo.
No ano seguinte, foi reeleito nas primeiras eleições. Após Sydney-2000, Severino participou do pleito como candidato único.
Desde 2001, o comitê recebe verba da Lei Piva. No ano passado, foram cerca de R$ 10 milhões.


O jornalista Fernando Itokazu viaja a convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro

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