São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Mudanças também no esporte

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

São Paulo, Corinthians, São Caetano e Juventude estão praticamente certos na próxima fase. Estou em dúvida se coloco o Santos na lista. O time da Vila tem 35 pontos, como o Corinthians, mas já fez 21 partidas, duas a mais que o Timão.
O São Paulo tem o melhor ataque e o maior número de excelentes jogadores. São três pentacampeões do mundo. Com a entrada do Gustavo Nery, facilitou para o Ricardinho, e o time melhora pela esquerda. Nesta fase final, o São Paulo está atingindo o tão sonhado equilíbrio, num nível mais alto que os outros. Porém o volante chileno Maldonado, contundido, poderá fazer muita falta.
Se o Corinthians ainda tivesse Ricardinho e Dida, seria o principal favorito ao título. A equipe continua com a mesma organização tática, eficiência e equilíbrio. O problema é que ainda sofre muitos gols.
Depois que assisti ao Juventude perder para o Cruzeiro no Mineirão, tive a convicção de que a equipe gaúcha estaria entre os oito primeiros. É um time bastante organizado taticamente e que usa muito bem o contra-ataque.
O São Caetano não agrada como nos tempos do Jair Picerni, mas vence. É um time disciplinado taticamente e muito faltoso. Se fizerem uma pesquisa entre os jogadores do campeonato para saber qual é a equipe mais chata de se enfrentar, provavelmente ganharia o time do ABC.
Entre as equipes que lutam pela classificação, Grêmio e Fluminense são as que mais cresceram nas últimas rodadas. O Grêmio é time de chegada.
Contra o Botafogo, o Fluminense melhorou muito após a entrada do Magno Alves. Ele fez novamente um belo e importante gol. Como já escreveu Fernando Calazans, Magno Alves não dá bons passes para o Romário porque não quer, mas sim porque não sabe. Magno Alves tem suas limitações, porém é imprescindível à equipe.
Renato Gaúcho deveria assistir aos teipes do Corinthians para aprender como se joga com dois atacantes pelos lados e outro pelo centro. Os velozes Deivid e Gil, recuam, marcam e aparecem rapidamente na frente. Magno Alves e Roni podem fazer o mesmo.
Palmeiras e Botafogo farão o clássico dos desesperados. É quase certo que um grande clube ficará entre os quatro últimos. Terá de ser rebaixado.
Nos próximos anos, o Brasil viverá um tempo de mudanças, não somente na política econômica e social mas também no comportamento diário das pessoas. O clientelismo, o favorecimento dos mais poderosos, o exibicionismo, o culto à imagem e o individualismo cederão espaços para o conteúdo, a simplicidade, a espontaneidade, a solidariedade, a transparência e a ética. Não haverá lugar para viradas de mesa.
Antes disso, já aproveitando a nova onda, o Congresso deveria aprovar a medida provisória de moralização do esporte, que terá de ser votada até o dia 15 de novembro. Será o início de grandes mudanças também no futebol.

Felipão procura emprego
Felipão continua procurando um bom emprego. Ele pretende comandar um grande time ou, melhor ainda, uma seleção de ponta. O treinador evoluiu muito na seleção brasileira, mudou alguns conceitos e hoje tem condições de realizar um bom trabalho na Europa.
Os técnicos estrangeiros cometem erros mais graves que os brasileiros, como a frequente escalação de um jogador medíocre no lugar de um excelente, só para satisfazer seus delírios e caprichos táticos.
Na Copa-2002, a Itália repetiu a postura de priorizar excessivamente a defesa e esperar por um erro do adversário ou fazer um gol de bola espirrada. É tática de time medroso e pequeno.
O então técnico de Portugal, Antônio Oliveira, em vez de dar as melhores condições para que seu principal atleta (Figo) jogasse tudo o que sabe, acabou colocando o craque do time pelo meio, fora de sua posição.
No segundo tempo da partida contra o Brasil, a seleção da Inglaterra, mesmo perdendo e atuando com um jogador a mais, não mudou o esquema tático. Só treinaram de um jeito.
Coletivamente, a Argentina era a melhor equipe do Mundial, porém o técnico Bielsa cometeu erros individuais ao trocar Verón por Aimar, Crespo por Batistuta e González por Claudio López.
Os técnicos brasileiros não são nenhuma maravilha, mas estão, no mínimo, no mesmo nível dos outros. Todos são mais valorizados do que deveriam ser.

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