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TÊNIS
Que dureza!
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Além de estrela das quadras,
número um do ranking
mundial, três vezes campeão em
Wimbledon, duas na Austrália e
uma nos Estados Unidos, 49 títulos, o alemão Boris Becker era
considerado um dos mais divertidos tenistas fora delas.
Passava grande parte de seu
tempo não só jogando, dominando, ganhando, eliminando rivais
e avançando às finais das competições: aproveitava as noites e madrugadas para também conhecer
bares, restaurantes, boates, as festas nas cidades que recebiam os
eventos do circuito profissional.
Mais de US$ 25 milhões embolsados com suas conquistas, mais
outros tantos milhões de dólares
em patrocínio e publicidade, Becker não economizava nas suas
roupas novíssimas, na comida fina, na gorjeta polpuda, nas ditas
baladas, nas viagens fantásticas
que fazia, nas festinhas privadas.
Não limitava em nenhum momento os seus gastos, nem os de
seus amigos, que ele fazia questão
de pagar, aliás.
Carrões (Mercedes, geralmente), mansões (com muitos e muitos quartos), ternos (italianos,
preferencialmente), presentes
(para suas "namoradinhas"),
poucos tenistas tiveram tantos,
tão bonitos, tão modernos e tão
caros quanto os que ele teve.
Mulheres, outra paixão do tenista, ele as conseguia com a mesma facilidade com que chegava
ao match point.
Casado, bem casado, feliz, Becker caiu, porém. Viu uma bela
modelo russa alegar ter um filho
seu. O campeão refutou: a relação
entre eles teria durado, no máximo, seis segundos (!). Mas nem isso abalou Becker: a taça de champagne continuava sempre cheia.
Viu, em seguida, sua própria
mulher pedir o divórcio, trombetear aos quatro ventos seus defeitos como homem, marido, pai.
Nem assim a vida do ex-tenista
mudou: continuava usando seus
carros possantes para ir a festas
badaladas.
De repente, foi pego pelo fisco de
seu país: multas pesadíssimas,
evasão fiscal, suspeita de operações para lá de ilícitas. E Becker...
Ainda baladado, convidado para
jogos de exibição mundo afora,
simplesmente doava os cachês,
generosos, a instituições de caridade, como se ele mesmo não precisasse de caridade.
Agora, recentemente, viu a Justiça alemã alcançar definitivamente seus calcanhares. A promotoria pedia três anos e meio de
prisão, Becker chegou a ser condenado a dois anos. A pena foi suspensa com o pagamento de 500
mil por ter deixado de recolher
impostos em dois anos.
Becker não recolheu impostos
porque afirma que morava em
Montecarlo, onde estaria livres
dessas taxas. Cidadão de todas as
festas do mundo, é possível que
nem ele mesmo soubesse onde
morava de verdade.
O pior é que vem mais por aí,
anuncia a imprensa alemã. Outros casos de sonegação fiscal,
mais multas, novas irregularidades tributárias. Dessa vez, pode
ser pior ainda, já que a suspeita é
de novos impostos burlados, mas
por nada menos que seis anos.
É por isso fala-se, à boca pequena, que Becker está fazendo empréstimos de amigos ricos. É por
isso que Becker agora processa
um provedor de internet, exigindo US$ 5,6 milhões.
Dinheiro para ajudar a pagar
as contas? Talvez. A verdade é
que, na suíte presidencial do hotel
cinco estrelas em que está morando, não pode faltar champagne.
Probleminha
O americano Roscoe Tanner, campeão na Austrália em 1977, também pode ser preso. Ele teria comprado um iate, mas não teria feito
o pagamento. Tanner está na Alemanha.
Problemão
Magnus Norman, mal recuperado da cirurgia no quadril, vai passar por operação no joelho, para remover um pedaço do menisco.
Programa
O Paineiras recebe até domingo o Visa Tennis Open. Os jogos começam às 12h. Até sexta, o ingresso custa R$ 10; nas finais, R$ 15.
Mais um programa
Para Brasil x Argentina, na semana que vem, o ingresso custa de R$
15 a R$ 35. Quem comprar bilhetes para terça e quinta ganha o de
quarta. Ingressos no Ibirapuera ou no telefone 0/xx/11/6846-6000.
E-mail reandaku@uol.com.br
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