São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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TÊNIS

Que dureza!

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Além de estrela das quadras, número um do ranking mundial, três vezes campeão em Wimbledon, duas na Austrália e uma nos Estados Unidos, 49 títulos, o alemão Boris Becker era considerado um dos mais divertidos tenistas fora delas.
Passava grande parte de seu tempo não só jogando, dominando, ganhando, eliminando rivais e avançando às finais das competições: aproveitava as noites e madrugadas para também conhecer bares, restaurantes, boates, as festas nas cidades que recebiam os eventos do circuito profissional.
Mais de US$ 25 milhões embolsados com suas conquistas, mais outros tantos milhões de dólares em patrocínio e publicidade, Becker não economizava nas suas roupas novíssimas, na comida fina, na gorjeta polpuda, nas ditas baladas, nas viagens fantásticas que fazia, nas festinhas privadas.
Não limitava em nenhum momento os seus gastos, nem os de seus amigos, que ele fazia questão de pagar, aliás.
Carrões (Mercedes, geralmente), mansões (com muitos e muitos quartos), ternos (italianos, preferencialmente), presentes (para suas "namoradinhas"), poucos tenistas tiveram tantos, tão bonitos, tão modernos e tão caros quanto os que ele teve.
Mulheres, outra paixão do tenista, ele as conseguia com a mesma facilidade com que chegava ao match point.
Casado, bem casado, feliz, Becker caiu, porém. Viu uma bela modelo russa alegar ter um filho seu. O campeão refutou: a relação entre eles teria durado, no máximo, seis segundos (!). Mas nem isso abalou Becker: a taça de champagne continuava sempre cheia.
Viu, em seguida, sua própria mulher pedir o divórcio, trombetear aos quatro ventos seus defeitos como homem, marido, pai.
Nem assim a vida do ex-tenista mudou: continuava usando seus carros possantes para ir a festas badaladas.
De repente, foi pego pelo fisco de seu país: multas pesadíssimas, evasão fiscal, suspeita de operações para lá de ilícitas. E Becker... Ainda baladado, convidado para jogos de exibição mundo afora, simplesmente doava os cachês, generosos, a instituições de caridade, como se ele mesmo não precisasse de caridade.
Agora, recentemente, viu a Justiça alemã alcançar definitivamente seus calcanhares. A promotoria pedia três anos e meio de prisão, Becker chegou a ser condenado a dois anos. A pena foi suspensa com o pagamento de 500 mil por ter deixado de recolher impostos em dois anos.
Becker não recolheu impostos porque afirma que morava em Montecarlo, onde estaria livres dessas taxas. Cidadão de todas as festas do mundo, é possível que nem ele mesmo soubesse onde morava de verdade.
O pior é que vem mais por aí, anuncia a imprensa alemã. Outros casos de sonegação fiscal, mais multas, novas irregularidades tributárias. Dessa vez, pode ser pior ainda, já que a suspeita é de novos impostos burlados, mas por nada menos que seis anos.
É por isso fala-se, à boca pequena, que Becker está fazendo empréstimos de amigos ricos. É por isso que Becker agora processa um provedor de internet, exigindo US$ 5,6 milhões.
Dinheiro para ajudar a pagar as contas? Talvez. A verdade é que, na suíte presidencial do hotel cinco estrelas em que está morando, não pode faltar champagne.

Probleminha
O americano Roscoe Tanner, campeão na Austrália em 1977, também pode ser preso. Ele teria comprado um iate, mas não teria feito o pagamento. Tanner está na Alemanha.

Problemão
Magnus Norman, mal recuperado da cirurgia no quadril, vai passar por operação no joelho, para remover um pedaço do menisco.

Programa
O Paineiras recebe até domingo o Visa Tennis Open. Os jogos começam às 12h. Até sexta, o ingresso custa R$ 10; nas finais, R$ 15.

Mais um programa
Para Brasil x Argentina, na semana que vem, o ingresso custa de R$ 15 a R$ 35. Quem comprar bilhetes para terça e quinta ganha o de quarta. Ingressos no Ibirapuera ou no telefone 0/xx/11/6846-6000.

E-mail reandaku@uol.com.br



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