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São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2003

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POLÍTICA

Em ato de desagravo organizado por deputados ligados ao esporte, Queiroz se defende no caso das diárias no Pan-03

Ministro vai ao Congresso e admite falha

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, atribuiu ontem a uma "falha administrativa" a duplicidade de pagamento de diárias e hospedagens em sua viagem a Santo Domingo para acompanhar os Jogos Pan-Americanos.
Apesar de ter recebido R$ 11.112,00 do ministério para pagar as diárias, Queiroz teve a hospedagem bancada pelo Comitê Olímpico Brasileiro e só se manifestou a respeito 65 dias depois do episódio, quando a ex-secretária Paula tornou pública a duplicidade de pagamento.
Convidado pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, o ministro, que em Santo Domingo acertou convênio com o COB no valor de R$ 815 mil, ouviu manifestações de solidariedade e elogios dos deputados.
"Isso que está sendo divulgado tem um objetivo: transformar uma falha administrativa em um motivo de exploração, para questionar a honestidade do ministro, do ministério e do governo Lula", afirmou Queiroz.
O ministro tomou a iniciativa na comissão. Convidado para falar sobre emendas parlamentares, iniciou sua fala de 20 minutos dizendo que não poderia abordar o tema proposto antes de "prestar um depoimento nesta Casa" sobre a viagem. Nenhum deputado o questionou sobre o assunto.
"Ao tomar conhecimento, corrigi imediatamente, mandando devolver esse pagamento para o COB e fazendo a reposição das diárias correspondentes", disse.
Por lei, como apenas 50% das diárias têm de ser devolvidas quando a hospedagem é paga por terceiros, a União teve um ônus extra de R$ 4.282,34 com a operação -o COB receberá restituição do governo pelo pagamento a Queiroz e Paula.
Aos deputados, o político disse que celebrou convênios com outros países e visitou as instalações dos atletas. "Estava lá a trabalho, e isso é muito importante."
Em vários momentos, defendeu sua honestidade e lisura com o dinheiro público. "Uma vida completamente limpa, séria e honesta. Por onde passei, sempre tive zelo especial com a coisa pública."
Os deputados da comissão e representantes da base aliada elogiaram a trajetória política do ministro e se solidarizaram com ele.
"Não se impressione. Como dizem, não jogam pedras em árvore que não tem fruto", disse Eduardo Campos (PE), líder do PSB.
Líder do governo na Câmara e colega de partido de Queiroz, Aldo Rebelo (PC do B-SP) afirmou que o ministro conta com apoio até da oposição.
"A melhor resposta que o Congresso poderá dar à tentativa ignóbil de manchar sua biografia é colocar dinheiro no Orçamento de vossa excelência", disse Mariângela Duarte (PT-SP), vice-presidente da comissão.
Ex-jogador de futebol, Deley (PV-RJ) exagerou na defesa do ministro. "Sou solidário ao senhor e deixo uma pergunta: o ministro do Esporte não pode se relacionar com o COB? Vai se relacionar com quem? Com o MST? Conte conosco", afirmou, provocando risos na platéia.


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