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Serginho fez cateterismo; Incor sugeriu que parasse
Segunda bateria de exames, realizada em junho no hospital, levou a diagnóstico que apontava riscos na continuidade da carreira do zagueiro do São Caetano
FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC
Quatro meses depois de realizar
uma série de exames com o elenco do São Caetano, em fevereiro,
o zagueiro Serginho voltou ao Incor (Instituto do Coração) do
Hospital das Clínicas da USP e se
submeteu a investigações mais
detalhadas, entre as quais um cateterismo. E foi aconselhado pelos
médicos a parar de jogar.
Empregado para diagnosticar a
situação das artérias coronárias,
por meio de imagens obtidas com
processamento digital, o cateterismo foi feito em junho porque
os resultados dos exames anteriores já apontavam um problema
cardíaco no atleta de 30 anos.
Um pouco antes disso, Serginho
havia usado, por 24 horas, um
holter, aparelho que serve como
um eletrocardiograma contínuo,
cuja função é detectar arritmias.
Numa linguagem simplificada,
o cateterismo mostra os aspectos
hemodinâmicos do coração, e o
holter revela os aspectos elétricos.
Com o laudo dos exames, uma
equipe do Incor informou ao médico do São Caetano, Paulo Forte,
que a situação clínica do zagueiro
era incompatível com sua atividade profissional.
Passaram-se outros quatro meses, e Serginho morreu após parada cardíaca no gramado do Morumbi, na última quarta à noite.
Embora vários médicos do Incor tenham analisado os exames,
a Folha apurou que um núcleo
composto por três profissionais
se debruçou mais atentamente
sobre o caso: os cardiologistas
Antônio Esteves Filho, que realizou o cateterismo, Edimar Bocchi
e Eduardo Argentino Sosa.
A reportagem falou com os três
ontem, mas nenhum quis dar entrevista. Sosa foi o único que negou ter composto a equipe, mas
admitiu que pode ter analisado os
exames de Serginho.
Segundo a reportagem apurou,
os médicos que examinaram o
atleta estão irritados com a série
de especulações sobre as causas
de sua morte. Avaliam que muitos oportunistas têm dado pitaco
sem conhecer o caso, e pretendem
esclarecer a situação durante o
processo aberto pelo Conselho
Regional de Medicina de SP.
De acordo com o laudo do SVO
(Serviço de Verificação de Óbito),
ao qual a Folha teve acesso, Serginho morreu de edema pulmonar
e hipertrofia miocárdica (engrossamento das fibras do músculo do
coração). O seu problema possivelmente tinha origem congênita.
Paulo Forte, médico do São
Caetano, não foi localizado ontem. A interlocutores, ele afirmou
que o Incor não entregou ao clube
nenhum documento atestando a
impossibilidade de Serginho jogar futebol.
Segundo a versão do médico, o
hospital informou que o atleta
corria riscos semelhantes aos que
correm a maioria dos jogadores,
mas em nenhum momento alertou que a situação fosse grave ou
que ele devesse parar.
Ainda segundo interlocutores,
Forte está com a mulher e dois filhos em São Caetano do Sul.
Colaborou Kleber Tomaz,
da Reportagem Local
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