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FUTEBOL
CPI pode investigar Jimmy Martins após fraude descoberta na Itália
Empresário é suspeito em caso de passaporte falso
SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Testemunhas que serão ouvidas
na próxima semana pela CPI da
CBF/Nike, aberta na Câmara, afirmam que o agente Jimmy Martins, que tem um escritório no
bairro de Moema, em São Paulo,
participou do esquema de falsificação do passaporte usado pelo
atacante Jeda para atuar na Itália.
O passaporte falsificado dava a
Jeda cidadania portuguesa. Com
isso, o clube italiano não preencheria com o jogador uma de suas
vagas para atletas de fora da CEE
(Comunidade Econômica Européia) e poderia contratar mais um
estrangeiro.
Vendido no início de maio pelo
União São João, de Araras, para o
Vicenza, Jeda chegou a usar o passaporte na Itália, mas a fraude foi
descoberta pelas autoridades daquele país, e o documento acabou
sendo apreendido.
O italianos se interessaram por
Jeda em fevereiro, quando o atacante e outros quatro atletas do
União São João foram emprestados para um time montado pelos
ex-jogadores e empresários Careca e Edmar Bernardes, sócios da
Careca Sport Center, para disputar um torneio na Itália.
Em maio, Edmar e Jeda foram
até a Itália acompanhados por Eliseu de Oliveira, o Tiroga, empresário do jogador, e pelo presidente do União São João, José Mário
Pavan, para acertar a venda do
atleta por US$ 1 milhão.
Segundo o relato de Tiroga, ele,
Jeda e Pavan só souberam na reunião com dirigentes do Vicenza
que o jogador estava sendo negociado como um atleta que tivesse
passaporte da CEE.
"Fomos para lá negociar um jogador extracomunitário", lembra
Tiroga. Ele disse que na Itália soube que um agente chamado
Jimmy Martins estava participando da operação para conseguir
um passaporte para Jeda.
Pavan conta que foi da Itália a
Portugal e, orientado por Edmar,
procurou Martins em Lisboa.
"Foi ele quem me entregou o passaporte no aeroporto", diz Pavan.
Edmar afirma que sabia da participação do agente na obtenção
do passaporte antes mesmo da
viagem à Europa.
"Os documentos (de Jeda) estavam sendo passados para Jimmy
Martins", revela Edmar. De acordo com o empresário, a explicação que ele ouvia era de que Martins tinha contatos em Portugal e
tentaria buscar a cidadania naquele país para Jeda com base na
suposta descendência de portugueses que o jogador teria.
"Ele (Martins) era o despachante e pegou os papéis para fazer (o
documento)", afirma. Segundo
Edmar, quem conversava sobre o
assunto com Martins era Careca.
Tiroga também responsabiliza
Careca pelos contatos. De acordo
com o procurador de Jeda, fotos e
documentos que serviram para a
confecção do passaporte falso foram entregues a Careca.
O empresário não nega nem
confirma suas relações com Martins. "Foi contratado um pessoal
em São Paulo (para conseguir o
passaporte). Não posso adiantar
nada", afirma Careca, dizendo
que vai esperar sua convocação
para depor na CPI da CBF/Nike e
contar a história.
Como as demais testemunhas,
Careca vai depor sob juramento e
poderá ser processado por perjúrio se mentir na CPI.
Jeda voltou ao Brasil depois de
o passaporte falso ter sido
apreendido, mas já retornou ao
Vicenza para jogar como atleta de
fora da CEE.
A falsificação do passaporte gerou, além dos problemas legais,
alguns econômicos.
Pelo contrato assinado entre o
Vicenza e o União São João, o clube italiano pagou 30% do passe
do jogador como entrada. O restante do pagamento estava condicionado à apresentação de um
passaporte "idôneo".
A falsificação está sendo usada
como motivo para o clube não
pagar os US$ 700 mil restantes.
Repetição
Jeda não é o primeiro nem o
mais famoso jogador brasileiro a
ser flagrado com passaporte falso.
Em julho, o volante Edu, do Corinthians, foi negociado com o
Arsenal, mas não conseguiu entrar na Inglaterra pois seu passaporte português também era falsificado. Depois, outros, como o
atacante Warley, o lateral-esquerdo Jorginho e o goleiro Dida também enfrentaram o problema.
A CPI da CBF/Nike mandou
dois deputados à Europa para
buscar informações sobre o caso
de Jeda e de outros jogadores brasileiros que usam e utilizaram
passaportes falsificados.
A falsificação já vem sendo investigada por autoridades italianas e portuguesas. Se a CPI comprovar a participação de brasileiros na fraude, o caso será encaminhado também ao Ministério Público no Brasil.
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