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Empresa de Pelé ajudou Santos a contratar Giovanni
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
O Santos obteve no final de 1994
um empréstimo da Pelé Sports &
Marketing Ltda. de metade do valor que necessitava para comprar
o passe do meia-atacante Giovanni, segundo o então presidente do
clube, Samir Jorge Abdul-Hak.
Na ocasião, Giovanni estava
emprestado ao Santos pelo Tuna
Luso, do Pará, com o passe fixado
em R$ 300 mil. Segundo Abdul-Hak, como o prazo do empréstimo se encerrava em 31 de dezembro de 1994 e o clube não tinha dinheiro para a compra, a empresa
de Pelé emprestou R$ 150 mil.
Os outros R$ 150 mil teriam vindo de um empréstimo do então
diretor do departamento amador,
Vincenzo di Gregorio, empresário do ramo da pesca, que cedeu
R$ 50 mil, e de um empréstimo
bancário de R$ 100 mil.
Segundo o vice-presidente à
época, Clodoaldo Tavares Santana, Abdul-Hak e o ex-presidente
do clube Antonio Aguiar foram os
avalistas do empréstimo.
Abdul-Hak diz não poder afirmar se o dinheiro emprestado por
Pelé seja parte dos US$ 700 mil
que a PS&M Inc. (Pelé Sports &
Marketing Inc), empresa ligada a
Pelé, ganhou na organização de
um evento -nunca realizado-
do Unicef (Fundo das Nações
Unidas para a Infância).
""Quem emprestou foi a empresa do Pelé. Quem pode garantir
que aquele dinheiro era esse, que
serviu para esse fim?", indagou
Abdul-Hak, advogado e grande
amigo de Pelé.
No fim de 1994, a diretoria santista era apoiada por Pelé, que informalmente era o homem-forte
do clube. Abdul-Hak, que já era
advogado de Pelé, era o vice-presidente do clube e assumiu o Santos em outubro daquele ano, após
a renúncia do então presidente
Miguel Kodja. Implantou a chamada ""política pés no chão", sob
orientação do ""Atleta do Século".
Abdul-Hak diz que, embora tenha emprestado por meio de sua
empresa dinheiro para a compra
de Giovanni, Pelé não se beneficiou, em 1996, da venda do atleta,
oficialmente por US$ 8 milhões,
para o Barcelona, maior transação do futebol brasileiro à época.
""O dinheiro do Pelé foi devolvido dois meses depois [do empréstimo" por meio de cheque nominal à empresa [PS&M Ltda.". Essa documentação está toda no
clube", disse Abdul-Hak, que
contou que contratou Giovanni
inicialmente por empréstimo
após vê-lo atuando pelo Sãocarlense, equipe do interior paulista.
Para Clodoaldo Santana, Pelé
""prestou um grande serviço" ao
vislumbrar que Giovanni viria a
ser um atleta de destaque e ao ajudar o Santos a comprar o passe.
A PS&M Ltda. tem como sócios
Pelé (dono de 60% das cotas) e
Hélio Viana (40%), que estão
rompidos. Pelé disse que, após a
conclusão de uma auditoria interna em curso, fechará a empresa.
Juntos, Pelé e Viana participaram de uma operação em que a
PS&M Inc. se comprometeu com
a seção argentina do Unicef, em
1995, a realizar de graça um evento beneficente.
Num contrato paralelo com
uma empresa dos EUA, também
assinado por Pelé e Viana, a
PS&M Inc. passou ter direito a receber US$ 3 milhões, originários
de um banco argentino, pelo trabalho que antes seria gratuito.
O banco quebrou, não houve
evento, e a PS&M Inc. ficou com
os US$ 700 mil que chegou a receber para organizar a festa. Não entregou nenhum tostão ao Unicef.
Os advogados de Pelé dizem
que o dinheiro saiu de contas bancárias de Nova York para contas
pessoais de Viana, que nega.
Hélio Viana afirma que Pelé ficou com o dinheiro e o empregou
para comprar Giovanni para o
Santos. Pelé nega. Giovanni hoje
atua no futebol grego.
A informação sobre o uso de dinheiro da PS&M Ltda. para comprar o passe de Giovanni não permite conclusões sobre a afirmação de Hélio Viana.
Sem documentos, não é possível saber se os R$ 150 mil -equivalentes a cerca de US$ 150 mil à
época- tiveram origem no faturamento com o evento não realizado para o Unicef ou se saíram
de outras fontes de receita da
PS&M Ltda.
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