São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2001

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Cúpula da CPI acusa para suborno

CBF tenta comprar votos, diz senador

DO ENVIADO A BRASÍLIA

O presidente da CPI do Futebol, Álvaro Dias (PDT-PR), afirmou ontem, em discurso no plenário do Senado, que a CBF e outros dirigentes do futebol ofereceram dinheiro para campanhas eleitorais de parlamentares em troca de apoio contra o relatório de Geraldo Althoff (PFL-SC).
"Alguns cartolas imaginaram que ainda podem corromper senadores. É uma coação desonesta", afirmou Dias, para quem a integridade e a dignidade do Senado estão em jogo na reta final da CPI do Futebol. Mais tarde, em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, Althoff declarou ter ele mesmo sofrido uma "tentativa de suborno", no último domingo.
Segundo o senador, a Polícia Federal foi acionada. Mas ele não revelou quem teria feito a oferta.
As declarações de Dias no plenário parecem ter surtido efeito imediato. No momento em que a disputa pelos votos na comissão se encontra equilibrada, o presidente e o relator da CPI ganharam o apoio de líderes partidários e até do presidente da Casa, senador Ramez Tebet (PMDB-MS).
"Há métodos legais e métodos ilegais de pressão. Nós não vamos permitir isso. O senador que se sentir pressionado deve procurar a Polícia Federal", disse Tebet.
De acordo com ele, a votação do relatório, que está marcada para começar na próxima terça-feira, será acompanhada com atenção pela presidência do Senado.
"Esta Casa sangrou nos últimos meses e muito. Neste momento, o dever dos 81 membros é restaurar o Senado", disse Geraldo Melo, parlamentar pelo Rio Grande do Norte e líder do PSDB.
Segundo Dias, "interlocutores" dos principais dirigentes procuraram membros da comissão para oferecer "ajuda". "Eles chegam para o senador e dizem: "Temos recursos para ajudá-lo em campanhas eleitorais'", afirmou Dias.
O senador não cita nomes, mas as denúncias tem endereço certo: Ricardo Teixeira, presidente da CBF, Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista, e Eurico Miranda, deputado federal (PPB-RJ) e presidente do Vasco.
O presidente da CPI, no entanto, afirma não acreditar que algum senador tenha aceitado as propostas feitas pela CBF e outros dirigentes. Em contrapartida, membros da comissão se sentiram pressionados pela revelação, que poderia estigmatizar os que votarem contra o relatório.
Por meio de assessores, a CBF negou a acusação e disse que apenas está, dentro da lei, defendendo seus direitos no Congresso.
Conforme mostrou investigação feita pela CPI da CBF/Nike, que funcionou na Câmara, a entidade doou recursos para campanhas de deputados e senadores em anos anteriores. As doações foram declaradas à Justiça.
Apesar do apoio de líderes da oposição ao governo e do PSDB, Dias e Althoff ainda não ganharam o apoio definitivo dos dois principais partidos que formam a CPI, PMDB e PFL. (JAB)

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