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BOXE
Golpe baixo
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A história do pugilismo está repleta de acontecimentos
surpreendentes ou bizarros.
Uma hora é a mãe de um pugilista que vai ao ringue e agride o
rival do filho com o salto do sapato. Em outra, um pára-quedista
aterrissa no ringue e interrompe a
disputa do título dos pesados.
Também há o caso das mordidas de Mike Tyson nas orelhas de
Evander Holyfield. Ou de Andrew
Golota, que perdeu por desqualificação dois combates seguidos
que vinha dominando.
Pois bem, um novo capítulo pode ser adicionado a essa série.
Na última semana, em Nova
York, uma programação beneficente (""Fighting for America, A
Night of Thanksgiving"), em que
parte da renda e até mesmo a bolsa de alguns boxeadores que abriram mão destas serão revertidas
em favor de parentes das vítimas
dos atentados ao World Trade
Center, resultou em um dos mais
inusitados episódios do esporte.
Na luta de fundo, decidida por
pontos, enfrentaram-se os médios
James Butler e Richard Grant.
A vitória de Grant foi unânime
e após o anúncio da decisão, dentro do espírito solidário do evento, ambos se dirigiram ao centro
do ringue para se cumprimentar.
Mas, enquanto Grant, com um
sorriso, abriu sua guarda para
abraçar o adversário, Butler, bastante irritado com a decisão dos
jurados (por causa da derrota
perderia sua posição no ranking
da FIB), aproveitou a situação
para enfiar potente golpe no rival
(já descalço das luvas, o que causa muito mais dor), que foi à lona.
Quando se levantou, Grant sangrava e havia a suspeita de ter sofrido uma fratura na mandíbula.
Resultado, Butler, o agressor, foi
escoltado para fora da arena não
por seus torcedores, mas por policiais. Também teve a licença de
pugilista cassada pela Comissão
Atlética de Nova York por tempo
indeterminado e deve ser boicotado por promotores (Lou di Bella,
que organizou a programação de
sexta passada, já disse que não
usará Butler em nenhuma de
suas futuras programações).
Um caso semelhante ao de Butler x Grant ocorreu em 1908,
quando Billy Papke tornou-se o
campeão dos médios ao surpreender Stanley Ketchel com um potente soco quando este estendeu a
mão para cumprimentá-lo antes
do início do primeiro assalto.
Por causa disso, os pugilistas
passaram a se cumprimentar, a
partir do início da luta, apenas
antes do início do último assalto.
Mas, mesmo nesse caso, Papke
poderia justificar que uma das
obrigações do pugilista é, como
instrui o juiz, ""se proteger sempre
durante uma luta". Não foi o caso
de Butler x Grant, cujo VT da programação a ESPN International
exibe hoje, a partir das 23h30.
Em outro episódio relacionado
aos atentados terroristas, o supermédio australiano Anthony
Mundine, que ganhou notoriedade por ter feito declarações supostamente favoráveis aos terroristas
que atacaram os EUA, disputa
amanhã o cinturão dos supermédios da FIB, contra Sven Ottke.
Logo após ter afirmado que "foram os EUA que provocaram o
que aconteceu a eles" (frase não
necessariamente favorável aos
terroristas), Mundine foi retirado
do ranking do Conselho Mundial
de Boxe e, se não ganhar o título
da FIB, pode enfrentar dificuldades em disputar outro cinturão.
E, mesmo que vença, não deve
ter a oportunidade de unificar.
Brasil 1
O Cox Pavilion, em Las Vegas (EUA), será o local da unificação envolvendo o brasileiro Acelino Freitas, o Popó, e Joel Casamayor,
confirmaram ontem a esta coluna os organizadores do combate.
Brasil 2
Os vencedores do Torneio dos Campeões, que terminou terça-feira: Edilson L. Lima (mosca-ligeiro), Hélio O. Rocha (mosca), Jefferson Loiola (galo), Jefferson Cruz (pena), Weber Mendonça (leve), Everton Silva (meio-médio-ligeiro), Roberto Borges (meio-médio), Antonio Tintiliano (médio-ligeiro), Rodrigo Francisco
(médio), Alexsandro Cardoso (meio-pesado), José D. Souza (pesado) e Adalberto Silva (superpesado). Academia: São Caetano.
Brasil 3
Na terça, acontece um desafio entre brasileiros e chilenos, no Baby
Barione (r. Germaine Burchard, 451, Água Branca), em São Paulo.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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