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Princesa desafia tabus no hipismo
Filha do rei da Jordânia, Haya Bint Al-Hussein, 32, assume federação e faz planos para popularizar esporte no mundo
Aos 13, ela se tornou a 1ª mulher a representar seu país no exterior na prova de
saltos; seu auge foi disputar os Jogos de Sydney-2000
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela é uma das poucas mulheres a ocupar a presidência de
uma federação internacional
de esporte olímpico. Aos 32, é a
mais nova entre os cartolas
com cargos equivalentes ao
seu. Não bastasse isso, vem de
um país islâmico, que não figura na elite de sua modalidade.
Nada disso impediu que Haya Bint Al-Hussein, princesa da
Jordânia, assumisse a presidência da Federação Eqüestre
Internacional. A ex-amazona
venceu acirrada disputa com o
grego Freddy Serpieri, então vice da federação, e outra linhagem de sangue azul, a princesa
Benedikte, da Dinamarca.
"Acredito que, com minha
eleição, as federações de todo o
mundo reconheceram a importância de o esporte eqüestre
ampliar seu público", afirmou
Haya, em entrevista à Folha.
A princesa é filha do rei Hussein bin Talal, que esteve à
frente da Jordânia de 1952 a
1999. Abdullah bin Al-Hussein,
o atual rei, é seu meio-irmão.
Em 2000, ela se casou com Mohammed bin Rashid, sheik de
Dubai (Emirados Árabes).
Na FEI, Haya já traça planos
para popularizar a modalidade,
que ligou o sinal de alerta com a
ameaça velada do Comitê
Olímpico Internacional de excluir dos Jogos os esportes que
despertem pouca atenção.
"Vamos implementar estratégias de desenvolvimento em
nível nacional e internacional.
Devemos fazer nosso esporte
mais popular fora de seus locais tradicionais", comentou.
Como atleta, Haya desbravou o masculinizado mundo
árabe. Em 1986, aos 12, desbancou os marmanjos no Campeonato Nacional -ganharia de
novo em 1987, 89, 90 e 92. Com
13 anos se tornou a primeira
mulher a representar seu país
no exterior na prova de saltos.
Em 2000 se profissionalizou
como atleta com a assinatura
de contrato publicitário, algo
inédito na Jordânia. Naquele
ano, foi a porta-bandeira da
Jordânia nos Jogos de Sydney.
"Sempre sonhei em disputar
a Olimpíada. Dediquei meus
esforços para cumprir esse objetivo. Considero a participação na Austrália o ápice de minha carreira esportiva", disse
Haya, que não passou das eliminatórias da prova de saltos.
Em 2002, ela foi a primeira
árabe a se classificar para os
Jogos Eqüestres Mundiais, disputados em Jerez (Espanha).
Dois anos depois, causou temor a Rodrigo Pessoa. Porém
fora da pista. Haya ofereceu
US$ 5 milhões por Baloubet,
principal montaria de Pessoa.
Para alívio do brasileiro, Diogo Coutinho, dono do garanhão, disse que o animal não
estava à venda. Foi um acerto.
Meses depois, Pessoa, com Baloubet levou o ouro olímpico
na prova individual de Atenas.
Longe de dar novo susto no
mundo eqüestre nacional, a
princesa aponta o Brasil como
peça-chave para popularizar o
esporte. "É um dos mais importantes países para a estratégia de desenvolvimento da FEI.
Seu país tem cavalos e cavaleiros que entraram para a história. Já possui ingredientes para
vencer. Precisamos só fornecer
os instrumentos para isso."
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