São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 2006

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Princesa desafia tabus no hipismo

Filha do rei da Jordânia, Haya Bint Al-Hussein, 32, assume federação e faz planos para popularizar esporte no mundo

Aos 13, ela se tornou a 1ª mulher a representar seu país no exterior na prova de saltos; seu auge foi disputar os Jogos de Sydney-2000


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ela é uma das poucas mulheres a ocupar a presidência de uma federação internacional de esporte olímpico. Aos 32, é a mais nova entre os cartolas com cargos equivalentes ao seu. Não bastasse isso, vem de um país islâmico, que não figura na elite de sua modalidade.
Nada disso impediu que Haya Bint Al-Hussein, princesa da Jordânia, assumisse a presidência da Federação Eqüestre Internacional. A ex-amazona venceu acirrada disputa com o grego Freddy Serpieri, então vice da federação, e outra linhagem de sangue azul, a princesa Benedikte, da Dinamarca.
"Acredito que, com minha eleição, as federações de todo o mundo reconheceram a importância de o esporte eqüestre ampliar seu público", afirmou Haya, em entrevista à Folha.
A princesa é filha do rei Hussein bin Talal, que esteve à frente da Jordânia de 1952 a 1999. Abdullah bin Al-Hussein, o atual rei, é seu meio-irmão. Em 2000, ela se casou com Mohammed bin Rashid, sheik de Dubai (Emirados Árabes).
Na FEI, Haya já traça planos para popularizar a modalidade, que ligou o sinal de alerta com a ameaça velada do Comitê Olímpico Internacional de excluir dos Jogos os esportes que despertem pouca atenção.
"Vamos implementar estratégias de desenvolvimento em nível nacional e internacional. Devemos fazer nosso esporte mais popular fora de seus locais tradicionais", comentou.
Como atleta, Haya desbravou o masculinizado mundo árabe. Em 1986, aos 12, desbancou os marmanjos no Campeonato Nacional -ganharia de novo em 1987, 89, 90 e 92. Com 13 anos se tornou a primeira mulher a representar seu país no exterior na prova de saltos.
Em 2000 se profissionalizou como atleta com a assinatura de contrato publicitário, algo inédito na Jordânia. Naquele ano, foi a porta-bandeira da Jordânia nos Jogos de Sydney.
"Sempre sonhei em disputar a Olimpíada. Dediquei meus esforços para cumprir esse objetivo. Considero a participação na Austrália o ápice de minha carreira esportiva", disse Haya, que não passou das eliminatórias da prova de saltos.
Em 2002, ela foi a primeira árabe a se classificar para os Jogos Eqüestres Mundiais, disputados em Jerez (Espanha).
Dois anos depois, causou temor a Rodrigo Pessoa. Porém fora da pista. Haya ofereceu US$ 5 milhões por Baloubet, principal montaria de Pessoa.
Para alívio do brasileiro, Diogo Coutinho, dono do garanhão, disse que o animal não estava à venda. Foi um acerto. Meses depois, Pessoa, com Baloubet levou o ouro olímpico na prova individual de Atenas.
Longe de dar novo susto no mundo eqüestre nacional, a princesa aponta o Brasil como peça-chave para popularizar o esporte. "É um dos mais importantes países para a estratégia de desenvolvimento da FEI. Seu país tem cavalos e cavaleiros que entraram para a história. Já possui ingredientes para vencer. Precisamos só fornecer os instrumentos para isso."


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