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Ainda falta uma solução para o Brasileiro
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Até mesmo os mais ferrenhos
defensores do sistema de pontos
corridos se curvaram diante do
êxito que foi o último Campeonato Brasileiro. Principalmente, porque a fórmula de melhor-
de-três adotada para a fase final do torneio não só serviu para avaliar o melhor, com justeza, como empolgou o torcedor,
que acorreu aos estádios mesmo
nas horas mais impróprias estabelecidas pela TV, a dona da
bola.
É bem verdade que tudo acabou bem porque tudo acabou
bem. Isto é: venceu o Corinthians, que, ao longo de todo o
certame, foi o que deteve a liderança por mais tempo, quase de
cabo a rabo. Como, aliás, quase
sempre acontece, qualquer que
seja o sistema adotado.
Além do mais, o vice, o Cruzeiro -embora tenha entrado pelo funil, na última vaga-, era o
outro time que praticava o melhor futebol. Assim, conjuminou, como diz o caipira.
Mas, pergunto: e se o campeão
tivesse sido, digamos, o Grêmio,
que se classificou ali, na fita,
mas, ao contrário do Cruzeiro,
exibia um futebol opaco, ainda
que aguerrido? Os aplausos ao
sistema adotado seriam os mesmos?
Digo isso na cômoda condição
de quem não defende a fórmula
de pontos corridos para o futebol brasileiro, por razões aqui
expostas já à exaustão. Entre
elas, talvez a mais poderosa é a
de que somos presas atávicas da
cultura do campeão, para a
qual o vice é menos que nada.
Por isso mesmo, se achamos
neste ano a fórmula mágica para as disputas finais, carecemos
ainda de uma solução, nessa
mesma direção, para a fase
classificatória.
Como? Simples. Basta dividir
a primeira fase em grupos, dos
quais sairão os campeões que
irão disputar o título na segunda fase, no jeitinho que foi neste
ano.
Assim, incrementa-se a disputa da primeira fase e valoriza-se
ainda mais a decisão.
Está aqui, entre nós, o velho
Lobo dos campos, que, no outono de sua carreira, dá mais uma
demonstração de vigor e destemor. Pela primeira vez, desde
que começou a correr atrás de
uma bola, há meio século, Zagallo vem trabalhar em São
Paulo. E logo na Lusa, onde
nem mesmo Candinho, que os
fados talharam para o Canindé,
consegue resistir por muito tempo.
Chega com o coração dividido
entre a esperança de acrescentar em sua galeria de títulos
aquele que talvez venha a ser, se
não o mais precioso, o mais improvável de todos, e a dor da
perda do amigo Admildo Chirol.
Boa sorte, Zagallo.
Línguas ferinas espalham que
a diretoria tricolor se ufana
tanto do museu montado no
Morumbi que resolveu levar
suas peças para o campo.
Mas, cá entre nós, se o time for
esse mesmo que corre à boca pequena, que os ilustres adversários se cuidem. Olhem só: Rogério; Jorginho, Aloísio, Márcio
Santos e Serginho; Alexandre,
Carlos Miguel, Valdo e Raí;
Muller e França.
Tudo bem, é um time centenário. Mas, para jogar aí uns seis
meses, em busca do bi paulista,
está de bom tamanho.
Mesmo porque, neste futebol
de alta rotatividade de hoje em
dia, quem consegue manter um
time por mais de seis meses,
hein?
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas
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